
Milho irrigado é gasto ou investimento? Veja a diferença de produtividade em área com e sem irrigação artificial. Atraídos pelo preço, os produtores aumentaram a área de plantio.
No inverno, o milho safrinha ocupa a maior extensão de áreas disponíveis para a agricultura no Paraná. Atraídos pelo preço, que começou o ano valorizado e chegou a quase R$ 100 no segundo trimestre, os produtores aumentaram em 8% a área de plantio.
Contudo, a estimativa de produtividade despencou com a estiagem prolongada em abril e maio. A queda foi de 33%, segundo o Departamento de Economia Rural do Estado (Deral). Uma das características de uma lavoura que sofreu com a falta de chuva é o porte baixo. Porém, esse não é o caso de uma propriedade em Santa Mariana, no Norte Pioneiro do estado.
Os pés de milho passam de dois metros de altura, e a espiga está bem granada. A boa produção é efeito da chuva fabricada que cai de gigantes braços de ferro no meio da plantação.
Antes de falar no investimento, é preciso se garantir com um bom ribeirão por perto, com certa fartura de água. A captação não pode ser feita diretamente no rio.
O agricultor Jaime Silva Teles construiu uma represa que recebe água do rio por gravidade. A água passa por um corredor de captação e daí vai por bombeamento por meio de um cano bem grosso debaixo da terra até o centro do pivô. A linha é de alta tensão.
“Fazenda é uma indústria a céu aberto com nada para nos proteger. A irrigação fica vulnerável ao vento, as geadas e ao frio, mas grande parte das perdas são devido a falta de água. E esse problema é bastante minimizado com a irrigação”, conta o agricultor.
Tendo disponibilidade de água, o próximo passo é conseguir as licenças ambientais. Os pivôs devem ser instalados em terrenos com pouca declividade. Eles não servem para áreas muito íngremes.

Já o funcionamento deste modelo é pouco complexo. A torre central, com motor, fica fixa sobre uma base de concreto no centro da área a ser irrigada. A barra gira de forma circular sobre a plantação a ser aspergida. Essa barra, quando dá uma volta inteira, molha 130 hectares.
A quantidade de água é sempre a mesma, mas é possível regular a velocidade do equipamento. Na velocidade máxima, o pivô demora 13 horas para dar uma volta completa e despeja cinco milímetros de água por metro quadrado.
Teles prefere utilizá-lo em velocidade bem baixa. Ele leva quatro noites para dar uma única volta, mas despeja algo em torno de 20 milímetros de água nas plantas.
Na área ao lado, que não recebe a irrigação pelos pivôs, a diferença é muito grande. O milharal não passa de um metro de altura e a espiga está pequena e mal granada.

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Nesta área que sofreu os efeitos da estiagem ele não deve colher nem 50 sacas por hectare – aproximadamente um terço do que espera colher na parte com irrigação.
Mesmo em um bom ano para a lavoura, quando não falta chuva, o produtor utiliza os quatro pivôs instalados na fazenda.
O investimento é de R$ 15 mil para cada hectare com pivô, mais uns 30% em infraestrutura, mas, o retorno não demora a vir, de acordo com o agricultor.
O que é seca e o que são veranicos?
Seca é característica de um período prolongado de ausência de precipitação, podendo ocorrer em qualquer lugar no planeta2.
Veranicos são períodos de falta de precipitações pluviais dentro do período chuvoso3, normalmente acompanhados de alta incidência de radiação4, elevando a demanda evaporativa da atmosfera, fato que acelera o esgotamento das reservas de água no solo, causando o déficit hídrico.
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A frequência de ocorrência, assim como a duração e a intensidade das secas ou veranicos, são as grandes responsáveis pela variabilidade na produção de milho5.
Isso faz com que seja cada vez mais necessário que se entenda, tanto a resiliência como a sensibilidade ao déficit, dos atuais sistemas de produção e dos materiais genéticos, para que se possa melhorar os sistemas de produção dos híbridos modernos de milho.