“A margem continuará se movendo em direção à normalização por mais alguns trimestres, mas ainda é cedo para dizer qual será o novo patamar”, CEO da companhia para a América do Norte.
As margens da JBS Beef, responsável pela maior fatia dos negócios da companhia global de proteínas animais, pode não ter encontrado um piso, sinalizou o CEO da companhia para a América do Norte, André Nogueira, em teleconferência com analistas nesta sexta-feira Nos últimos dois anos, a margem permaneceu acima de 20%, patamar elevado em relação à média histórica nos EUA.
“A margem continuará se movendo em direção à normalização por mais alguns trimestres, mas ainda é cedo para dizer qual será o novo patamar”, afirmou Nogueira. Executivos da JBS e analistas de mercado acreditam que a indústria americana está em outro patamar, e que as margens dificilmente retornarão aos níveis pré-pandemia.
Segundo Nogueira, a demanda por carne bovina americana, para o mercado interno e para exportação, continua forte, o que ajuda a amenizar a oferta de gado mais enxuta — e com tendência de redução daqui para frente, na visão do mercado.
A receita da JBS Beef alcançou US$ 5,5 bilhões entre abril e junho, um aumento de 2,7% em relação a igual período do ano passado, mas o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebtida) ajustado caiu 53,4%, para US$ 624 milhões. A margem Ebtida recuou para 11,3%.
Diversificação
O forte desempenho dos demais negócios da companhia da família Batista ajudou a reduzir o impacto do desempenho da operação americana no resultado geral, segundo o CEO global Gilberto Tomazoni. “A queda de margens de bovinos nos EUA foi, quase que na totalidade compensada pelos nossos outros negócios”, disse, salientando que o mix de produtos e de geografias é um trunfo para lidar com a volatilidade intrínseca dos mercados de commodities.
A JBS reportou ointem uma receita líquida de R$ 92,2 bilhões no segundo trimestre, um aumento de 7,7% em relação a igual período do ano passado. O lucro líquido diminuiu quase 10%, para R$ 3,9 bilhões.
O diretor financeiro Guilherme Cavalcanti disse que, passado esse período em que a carga de impostos é normalmente maior, e com o retorno do valor investido na compra extra de gado no Brasil — a JBS aproveitou um recuo dos preços da arroba para adquirir 50 mil cabeças —, o lucro deve voltar a crescer.
“Esse custo é questão de calendário, mas não um problema. Nós temos liquidez e crédito suficiente hoje para investir em capital de giro para aproveitar oportunidades quando elas surgem. Isso gera valor de longo prazo”, frisou.
Cavalcanti realçou que a companhia encerrou o segundo trimestre com disponibilidade total de R$ 33 bilhões — somando valor em caixa e linhas de crédito rotativas e garantidas —, cerca de 2,6 vezes mais do que a dívida de curto prazo.
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Brasil
Enquanto a redução de oferta de gado nos EUA pressiona as margens, no Brasil a companhia de alimentos já se beneficia dos reflexos do aumento da disponibilidade. O Ebitda ajustado no país subiu 82,8% (R$ 803 milhões), enquanto a receita da operação brasileira de bovinos avançou 10,8% (R$ 14,1 bilhões).
Olhando para frente, a companhia vê a demanda da China apoiando o crescimento dos negócios, à medida em que o poder de compra da população chinesa cresce e estimula o consumo de carne bovina. “Nós queremos tanto ampliar nossas habilitações como também aumentar as vendas pelas plantas já habilitadas”, disse Wesley Batista Filho, CEO para a América Latina, Oceania e negócios de plant-based – que se tornará presidente global de operações em novembro, com a saída já anunciada de Nogueira.
Os negócios da JBS e da Seara no mercado brasileiro também têm crescido, a partir de uma estratégia para penetração dos produtos de maior valor agregado. “A Seara entregou um resultado forte para as aves e teve uma melhora importante em suínos”, afirmou. Segundo a companhia, a Seara registrou R$ 10,7 bilhões em receita, um aumento de 19,5%, e o Ebitda ajustado alcançou R$ 1,5 bilhão, 86,2% a mais do que o observado em igual período de 2021.