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Nesta quinta-feira, a Marfrig — maior fabricante de hambúrguer do mundo –, soltou um comunicado para dizer que comprou mais ações da BRF.
A empresa já havia pedido autorização do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para comprar quase um quarto das ações circulantes da BRF e, agora, vai aumentar sua participação para 31,6%. Até então, os maiores acionistas da BRF tinham no máximo 6% do capital da empresa.
Para alguns analistas de mercado e especialistas na parte de gestão de empresas, as manobras realizadas pela Marfrig e BRF migram para uma possível fusão das grandes marcas. Este cenário, se concretizado, deverá ser muito bem elaborado e pode trazer uma nova pressão no mercado de carnes do mundo!
Se as opções são integralmente exercidas pela Marfrig, a empresa passará a deter até 257.267.671 de papéis da produtora de alimentos. Isso colocaria a empresa perto dos limites definidos no estatuto da BRF para acionistas minoritários.
Outra informação importante desse comunicado da Marfrig de quinta-feira é que ela não quer interferir na gestão da BRF. Não quer nem cadeira no conselho. A BRF, oficialmente, segue calada. Esse clima seria uma estratégia do negócio?
Com os últimos anúncios, as ações da BRF dispararam 14% em dois dias. O movimento com os papéis da Marfrig foi mais contido, com a alta girando em torno de 2% na última quarta-feira.
O estatuto social da BRF prevê que qualquer acionista que se torne titular de 33,33% das ações da empresa terá de divulgar este fato e lançar, em até 30 dias contados a partir da aquisição mais recente, uma oferta pública de aquisição (OPA) para todos os demais acionistas.
O preço da OPA embutiria um prêmio de 40% sobre a média de preço das ações da BRF nos 120 dias anteriores e também nos 30 dias anteriores. Entretanto, a Marfrig informou que as compras têm o objetivo de diversificar seus investimentos no setor de proteína, e que não pretende alterar o controle ou estrutura administrativa da BRF.
Além disso, a empresa controlada por Marcos Molina disse que não busca membros eleger para a administração da empresa ou conduz em suas atividades. Em comunicado, a BRF ressaltou que continua sendo uma empresa sem controlador definido, com ações dispersas no mercado.
Marfrig e BRF podem virar uma empresa só?
A compra da participação da BRF pela Marfrig pode ser o primeiro passo para uma fusão entre as duas empresas, segundo informações que constam em relatório do BTG Pactual divulgado hoje. Na sexta-feira, a empresa controlada por Marcos Molina adquiriu 24,23% do capital social da BRF por cerca de US$ 830 milhões (R$ 4,4 bilhões).
Thiago Duarte e Henrique Brustolin, analistas do BTG que assinam o relatório, lembraram que o estatuto da BRF estabelece que qualquer acionista que adquirir uma participação maior que 33,3% deve lançar uma oferta pública para a compra de todas as ações remanescentes com um ágio de 40% sobre a média de preço das ações dos 30 ou 120 dias anteriores.
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Sendo assim, um acordo de acionistas que leva a uma posição consolidada acima desse limite também acionaria uma nova oferta pública, o que provavelmente limita qualquer associação entre a Marfrig e outros grandes acionistas da BRF.
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“O raciocínio que vemos é que a Marfrig coloque um pé na BRF e comece a trabalhar para uma integração mais profunda que eventualmente resultaria em uma fusão”, escreveram os analistas.