Na pecuária leiteira, a ingestão diária de água por vacas pode variar entre 40 e 120 litros, dependendo de diversos fatores, como temperatura ambiente, volume de leite produzido, composição da dieta, ingestão de sal, teor de proteína na alimentação, raça e porte do animal.
No entanto, garantir uma oferta contínua de água de qualidade é um grande desafio em várias regiões do Brasil, especialmente nos períodos de seca. Para suprir essa necessidade, muitos produtores recorrem à captação de água em mananciais, um processo que exige atenção redobrada em todas as etapas, desde a coleta até a distribuição, passando pelo armazenamento e tratamento adequado.
Os mananciais utilizados para o abastecimento podem ser classificados em três categorias: águas superficiais (rios, córregos, lagoas e represas), águas subterrâneas (nascentes, lençóis freáticos e aquíferos artesianos ou semiartesianos) e captação de água da chuva. A escolha do melhor recurso hídrico deve levar em conta tanto a qualidade quanto a disponibilidade da água ao longo do ano. Entre os critérios de qualidade, destacam-se a turbidez, coloração, odor, sabor, pH, concentração de minerais como ferro e manganês, presença de compostos orgânicos, níveis de oxigênio dissolvido e a contaminação por microrganismos, incluindo coliformes fecais. Avaliar esses aspectos é fundamental para assegurar o fornecimento de água segura e adequada ao rebanho, contribuindo diretamente para a saúde e produtividade dos animais.
Uso sustentável das Águas de Nascentes
As nascentes são fontes naturais de água subterrânea e desempenham um papel essencial no abastecimento hídrico de propriedades rurais. Para garantir a conservação e a qualidade desse recurso, é fundamental realizar a captação por meio de um sistema fechado. No entanto, em regiões montanhosas, onde o acesso às nascentes é mais difícil, a captação direta pode ser inviável. Nesses casos, é comum a construção de pequenos reservatórios abertos, que armazenam a água temporariamente e facilitam sua condução até o ponto de uso, por meio de tubulações plásticas enterradas no solo.
Existem dois métodos principais para aproveitar a água das nascentes. Quando a vazão da nascente de encosta é significativa, uma opção eficiente é instalar uma tubulação de PVC diretamente no ponto de surgência, captando a água diretamente do lençol freático. Outra alternativa envolve a construção de uma caixa coletora próxima à nascente, permitindo um armazenamento seguro antes da distribuição.
Independentemente da técnica utilizada ou da localização da captação, algumas medidas preventivas são indispensáveis para evitar a contaminação da água e manter sua qualidade. A proteção adequada da nascente, a vedação de estruturas e o monitoramento da pureza da água são ações essenciais para garantir um abastecimento seguro e sustentável para o consumo animal e humano.
Captação e uso de Águas Subterrâneas
A água subterrânea pode ser extraída de dois tipos de reservatórios naturais: o lençol freático e o lençol confinado. O lençol freático, também chamado de “livre”, encontra-se logo acima da primeira camada impermeável do solo. Quando essa água aflora à superfície, dá origem a nascentes, que precisam ser captadas de forma fechada para manter sua qualidade. Caso contrário, ao entrar em contato com o ambiente externo, a água assume características de fonte superficial e exige cuidados adicionais para garantir sua potabilidade.
Uma alternativa para acessar o lençol freático é a escavação manual de poços, com profundidade entre 5 e 15 metros e diâmetro aproximado de um metro. Esses poços, conhecidos tecnicamente como poços rasos ou freáticos, recebem denominações populares como cisternas ou cacimbas, sendo amplamente utilizados no meio rural.
Uso de Águas superficiais
As águas superficiais incluem recursos hídricos de fácil acesso, como rios, córregos e represas. No Brasil, grande parte do abastecimento de água para consumo humano e animal provém desses mananciais, pois costumam oferecer maior disponibilidade ao longo do ano, atendendo melhor às demandas de quantidade. Captar água dessas fontes é, na maioria dos casos, mais simples e econômico do que recorrer à perfuração de poços subterrâneos.
Entretanto, esses mananciais estão mais expostos a poluentes e contaminantes ambientais, representando riscos à saúde humana e animal. Por isso, a proteção das áreas no entorno das fontes de água e o monitoramento contínuo de sua qualidade são medidas indispensáveis para evitar problemas sanitários e garantir a segurança hídrica.
Coleta e armazenamento de Água da Chuva
Em regiões com baixa disponibilidade hídrica, como partes do Nordeste brasileiro, a captação de água da chuva é uma solução essencial para suprir a escassez, especialmente nos períodos secos. Para isso, diferentes superfícies são utilizadas para recolher e direcionar a água pluvial até reservatórios apropriados.
A principal estrutura para esse armazenamento é a cisterna, um tanque de alvenaria projetado para estocar água durante a estação chuvosa. Esse sistema permite que a água acumulada seja utilizada posteriormente, garantindo o abastecimento do rebanho e reduzindo os impactos da seca sobre a produção agropecuária.
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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