A doença vem se tornando uma ameaça cada vez maior à soja, impulsionada pela maior vulnerabilidade das cultivares e pela resistência dos fungos aos tratamentos químicos
A mancha-alvo, causada pelo fungo Corynespora cassiicola, emergiu como uma das doenças foliares mais preocupantes na cultura da soja. Esse patógeno, que afeta diversas culturas, tem causado prejuízos significativos, espe cialmente em plantações de soja e algodão, devido ao aumento de sua incidência e severidade nos últimos anos.
Fatores de Disseminação
A expansão da mancha-alvo está associada a práticas agrícolas que favorecem a disseminação do fungo. O cultivo de variedades suscetíveis, a utilização de culturas em rotação que também são hospedeiras (como a crotalária) e a crescente resistência do fungo aos fungicidas são fatores determinantes para o avanço da doença. Essa combinação tem resultado em perdas expressivas de produtividade.
Sintomas e Consequências
Os primeiros sinais da mancha-alvo incluem lesões foliares caracterizadas por manchas escuras cercadas por bordas amareladas, criando um padrão que lembra um alvo. De acordo com Maurício Meyer, pesquisador da Embrapa Soja, a severidade das lesões tem aumentado ao longo dos anos, com manchas mais escuras e frequentes, mas com menos área amarelada ao redor. Essa progressão resulta em impactos diretos na produtividade, reduzindo o peso das vagens e o número de grãos. Em cultivares mais suscetíveis, as perdas podem variar de 15% a 19%, chegando a até 40% em situações mais graves.
Condições Favoráveis ao Desenvolvimento
O fungo prospera em condições de alta umidade, chuvas frequentes e temperaturas elevadas, especialmente entre 20°C e 30°C. Regiões como o Mato Grosso, onde as variações de temperatura são mínimas, oferecem um ambiente ideal para o desenvolvimento da doença, tornando-a ainda mais agressiva.
Estratégias de Manejo
Para conter os danos da mancha-alvo, é essencial adotar uma abordagem integrada de manejo que combine práticas culturais e controle químico:
- Rotação de Culturas: Alternar o cultivo com espécies não hospedeiras ajuda a reduzir a presença do fungo no solo.
- Cobertura de Solo: A utilização de palhada favorece os inimigos naturais do fungo, contribuindo para o controle biológico.
- Escolha de Cultivares: Priorizar variedades mais resistentes ou menos suscetíveis minimiza as perdas.
- Uso de Fungicidas: Aplicar fungicidas foliares de maneira racional é crucial. Para evitar resistência, recomenda-se a rotação de produtos com diferentes mecanismos de ação e o uso de fungicidas multissítios em conjunto com fungicidas de sítio-específico.
- Monitoramento Contínuo: Inspecionar regularmente as lavouras permite identificar os sintomas iniciais e determinar o momento ideal para aplicação dos fungicidas, aumentando a eficiência do controle.
A mancha-alvo representa um desafio crescente para os produtores de soja, exigindo uma combinação de estratégias preventivas e corretivas para mitigar seus impactos. A adoção de técnicas sustentáveis e um manejo integrado são fundamentais para preservar a produtividade e a saúde das lavouras.
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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