Novas variedades de forrageiras tem ajudado a desenvolver a pecuária no país, aumentando o valor proteico das pastagens e possibilitando maior ganho de peso para os animais, aumento da taxa de lotação e incremento de produtividade.
R$ 15.873.880. Esse é o valor que a Embrapa Gado de Corte investiu para desenvolver o capim BRS Quênia, que foi lançado em 2017. A criação de novas cultivares de forrageiras, como essa, que melhoram o valor proteico de pastagens, além de oferecerem mais resistências as pragas e doenças e ainda uma melhor adaptação a diferentes tipos de solos e climas, vem sendo um dos fatores fundamentais para o desenvolvimento da própria pecuária de corte no Brasil, possibilitando maior ganho de peso dos animais, aumento da taxa de lotação por hectare e incremento de produtividade.
Para calcular o investimento feito pela instituição para criar novas cultivares, como a BRS Quênia, um grupo de profissionais da Embrapa Gado de Corte desenvolveu um método específico.
O trabalho, que começou em 2014 e que foi coordenado pelo analista Edson Espíndola Cardoso e os pesquisadores da área de economia rural, Fernando Paim Costya e Mariana de Aragão Pereira, levantou os custos para a criação de 16 cultivares na instituição, sendo 6 de brachiaria, 7 de panicum e 3 de stylosanthes.
Das cultivares de brachiaria, a Ipyporã, lançada em 2017, demandou o maior investimento, R$ 11.016.170. Depois aparecem a Paiaguás (apresentada em 2013), com R$ 7.868.468; B-4 (que teve estudos concluídos em 2018 e ainda não tem previsão de lançamento), com R$ 7.861.956; Tupi (2012) , com R$ 7.054.959; Piatã (2007), com R$ 6.601.233 e Xaraés (2003), com R$ 5.592.927.
Já o maior custo do gênero Panicum Maximum ficou com a cultivar BRS Quênia, com R$ 15.873.880. Na sequência, demandaram maiores investimentos para o desenvolvimento: BRS Tamani (lançada em 2015), com R$ 14.346.332; BRS Zuri (2014), com R$ 8.445.239; Massai (2001), com R$ 3.923.865; Milênio (ainda não lançada), com R$ 3.761.560; Tanzânia (1990), com R$ 3.623.349 e Mombaça (1993), com R$ 3.582.340.
Das plantas do gênero stylosanthes, o maior custo para criação de uma nova cultivar foi o da Bela 1 (lançada em 2019), com R$ 8.686.164. Depois aparecem a Mineirão (1993), com R$ 4.295.826 e a Campo Grande (2000), com R$ 3.227.827.
Segundo a Embrapa, o desenvolvimento de uma nova cultivar é um processo demorado, que envolve uma equipe multidisciplinar e um conjunto de instituições, para que o produto final contenha recomendações de uso e possa ser adotado em larga escala.
De acordo com a entidade, considerando em média dois anos por etapa de pesquisa e a necessidade da multiplicação de sementes entre cada fase, o prazo de avaliação de uma nova cultivar dura dez anos ou mais.
A Embrapa destaca que o desenvolvimento de novas forrageiras tem causando enorme impacto no setor, já que as pastagens cultivadas são recursos básicos da bovinocultura de corte no país, com exceção de alguns biomas, como o do Pantanal, o Pampa gaúcho e a ilha de Marajó, que têm expressiva área de pastagens nativas.
Exemplo da importância é o da cultivar Marandu, que foi lançada pela Embrapa Gado de Corte em 1984, e que está presente em pelo menos 50% das pastagens introduzidas no Cerrado brasileiro. A estimativa da instituição é que os impactos econômicos, sociais e ambientais com seu uso tenham gerado a ela um benefício de aproximadamente R$ 2,7 bilhões.
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A instituição diz, entretanto, que não foi possível calcular o investimento para o desenvolvimento do Marandu. A forrageira foi introduzido no Brasil em 1967, mas começou a ser estudada somente em 1977 e além da Gado de Corte, outras unidades da Embrapa também receberam amostras da planta para estudos.
Em razão disso, os pesquisadores disseram que se fosse calculado esse investimento, a informação poderia não retratar com fidelidade os recursos aplicados no trabalho.
Fonte: G1