Presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), o deputado Pedro Lupion (PP-PR) afirma que o governo precisa “controlar seus aliados” e entregar mais resultados ao setor; ‘Não adianta fazer jantarzinho com o agro se o MST estiver mandando no governo’, disse ele
A preocupação dos ruralistas quanto à intenção do governo de se alinhar com o agronegócio intensificou-se com a ocorrência do “Abril Vermelho“, período em que o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) realiza várias ocupações. O deputado Pedro Lupion (PP-PR), líder da influente bancada agrícola, alerta que as ações nas próximas semanas podem ser decisivas para as intenções do Palácio do Planalto.
— Não basta apenas discursar sobre a proximidade desejada ou organizar pequenos encontros com o setor agrícola, se o MST parece dominar as decisões do governo — declarou o deputado, que preside a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA).
— É essencial que cada parte gerencie seus respectivos aliados.
O parlamentar mencionou os recentes esforços do governo em estreitar laços com segmentos do setor. O presidente Lula promoveu eventos na Granja do Torto com figuras do agronegócio. Paralelamente, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, tem trabalhado para fortalecer o diálogo com líderes da bancada e explorar formas de apoiar produtores afetados por catástrofes naturais. Recentemente, o governo procurou beneficiar o setor com a iniciativa de aprovar o projeto de lei do “Combustível do Futuro”, favorecendo os produtores de biocombustíveis.
Lupion reconhece essas ações como positivas, mas pondera que elas não refletem uma real mudança de atitude em relação aos ruralistas. Ele criticou decisões de Lula, como o veto à Lei dos Agrotóxicos, que tinha sido previamente negociada com líderes governamentais.
— O relator era do PT, e havia um acordo. Mas então o presidente opta pelo veto. Qual é a estratégia aqui? Ele parece se posicionar contra o agronegócio. Assim, de pouco vale organizar almoços ou churrascos — comentou.
De acordo com Lupion, o governo falha em estabelecer uma base sólida de apoio por não definir claramente suas posições em diversos temas, incluindo o agronegócio. Para ele, Lula se comporta como se ainda estivesse em campanha eleitoral.
— Independentemente das ideologias ou posições políticas predominantes entre os produtores, eles representam um segmento crucial da economia e devem ser valorizados — afirmou. Ele observa que o ministro Fávaro, que também é produtor, possui profundo entendimento do setor. Porém, enfrenta obstáculos internos no governo.
— Ele está alinhado com as demandas agrícolas, mesmo nos temas que foram vetados por Lula. Agora, como ministro do governo do PT, ele deve focar no setor, não apenas em agradar aos demais ministérios — concluiu.
Todas as falas do deputado foram divulgadas pelo jornal O Globo.
MST invade áreas do CE, DF, GO, SP, PA e RJ; total sobe para 9
O MST anunciou, por meio de nota, que invadiu nesta segunda-feira (15) áreas nos estados do Ceará, Goiás, São Paulo, Pará, Rio de Janeiro e Distrito Federal. A ação se soma a outras duas áreas invadidas no domingo (14) em Petrolina (PE) e uma área invadida na semana passada em Itabela, no extremo sul da Bahia. No total, há nove áreas invadidas pelo movimento.
O MST reivindica as áreas ocupadas para assentamento e reforma agrária. A maior ação ocorre no Pará, onde cerca de 5 mil famílias invadiram a fazenda Aquidoana, no município de Parauapebas, a qual o movimento reivindica a aquisição do imóvel para estabelecer acampamento. No Distrito Federal, mil famílias do MST ocupam uma área de 8 mil hectares da usina falida CBB, em Vila Boa de Goiás.
Em São Paulo, 200 famílias do movimento invadiram a Fazenda Mariana, em Campinas (SP) – área de 200 hectares, considerada improdutiva pelo movimento. Em Goiás, 400 famílias invadiram a propriedade Sítio Novo, em Itaberaí.
No Ceará, cerca de 200 famílias do movimento invadiram uma área de 800 hectares da Fazenda Curralinhos, no município de Crateús. A fazenda está localizada no perímetro da Barragem Lago de Fronteiras, uma obra em construção pelo Departamento Nacional de Obra Contra as Secas (DNOCS). No Rio de Janeiro, cerca de 300 famílias estão acampadas às margens da BR-101, em Campos dos Goytacazes.
Após nova ofensiva, Lula lança programa para a reforma agrária
As invasões do MST ocorrem justamente às vésperas do lançamento pelo governo federal do Programa Terra da Gente, para acelerar o assentamento de famílias no país que será anunciado na tarde desta segunda-feira pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, no Palácio do Planalto.
O programa é uma promessa feita no ano passado pelo presidente Lula, que quer uma “prateleira de terras” improdutivas e devolutas para destinar à reforma agrária e à demarcação para quilombolas. A tentativa do governo era frear a onda de invasões do movimento prevista para este mês.
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