
Ludy de Garça: “Fatalmente, estatisticamente e realmente foi o melhor Touro da História do Nelore”; afirmação é de selecionador e grande nome do Nelore brasileiro
Eu tenho quase certeza que você já ouviu falar de dois touros: Gim e Ludy de Garça, touros expoentes da pecuária de corte na década de 1980. Essa dupla merece destaque na galeria de touros que praticamente moldaram a moderna pecuária brasileira, ambos da criação de Jaime Nogueira Miranda, do município de Garça, no interior paulista.
Ambos podem ser considerados genearcas da raça Nelore no Brasil. Gim produziu cerca de 220 mil doses de sêmen, enquanto 250 mil doses de sêmen de Ludy foram comercializadas, segundo Jayme Santos Miranda, ou chamado carinhosamente de Jayminho, ele herdou o rebanho do seu pai
“Ludy foi um divisor na Pecuária Nacional. Antes dele, os neloristas davam ênfase à beleza da raça. Foi o sangue de Ludy que permitiu o avanço em termos de ganho de peso e acabamento de carcaça”, segundo Jayminho.
Filho do Gim (1976), Ludy de Garça nasceu em 18 de dezembro de 1980, e, assim como o pai, tornou-se progenitor de uma remessa de touros que apadrinharam rebanhos pelo país, como Panagpur Al da Pauliceia, Bitelo da SS e Taju de Garça. Segundo os mais experientes, Ludy gerou 150 mil filhos, superando o pai, que produziu 100 mil filhos por inseminação artificial e morreu em 1996. Para muitos criadores a dupla foi a primeira geração moderna do Nelore, os touros “melhoradores de média”.

Para o juiz, criador e selecionador Carlos Marino, Ludy de Garça foi fatalmente, estatisticamente e realmente o melhor Touro da História do Nelore.
Marino é um dos maiores entendedores de Nelore, o engenheiro agrônomo Carlos Marino, também escreveu recentemente um livro sobre a história dos “Puxadores de Pedra” que nunca foi contada no Brasil. O livro “Gado de Ongole” ao “Nelore do Brasil” – Edição “Puxadores de Pedra” está disponível na internet.
“Produziu e vendeu 250 mil doses em uma época onde a tecnologia era obsoleta frente aos recursos que hoje temos. Tanto que a maioria dos animais expoentes da atualidade tem sua genética e ele continua atual, porque realmente faz gado espetacular e com média. LUDY de Garça, foi o único touro na História da raça que produziu 4 grandes campeões nacionais em 4 diferentes países” – revelou Marino.
Ludy era completo, tinha ótima expressão racial, ossatura forte, carcaça ímpar na raça, comprimento e altura excelentes e um invejável posterior. Foi recorde de peso de todos os tempos na Expo Nacional de Uberaba 1985, onde pesou 1.129 kg, tido seguramente como uma das melhores opções à disposição do mercado. Ludy morreu dia 11 de abril de 1997, aos 16 anos de idade, em Uberaba, no Triângulo Mineiro (MG).
Para Marino o Nelore sempre será grato ao criatório de Jaime Miranda, pois Ludy mudou o patamar de seleção no Brasil, e também a pecuária comercial. O selecionador também se lembrou do Sr. Benedito Ferreira, o “Seu Bê”, funcionário dedicado que durante de 40 anos foi o olho clínico da Estância JM, que ajudou o saudoso Jaime Nogueira Miranda a descobrir o Gim de Garça.
“Estância JM, berço do touro Gim de Garça! Um dos principais berços do Nelore no país, a Estância JM fez história na raça e emprestou sua qualidade para o aprimoramento genético dos animais por todo o Brasil”, celebrou Marino.
Importante ressaltar a importância das linhas baianas do Nelore, pois Jaime foi até a Bahia buscar alguns animais para a formação do seu plantel. Inclusive Ludy de Garça tem prepotência da genética baiana de Rigone (Nelore da Fazenda Soraya do saudoso criador e selecionador Dr. Miguel José Vita), e, sangue Dahi, em Gim de Garça (Fazenda Água Branca) de Carlos Tourinho de Abreu.
Para comprovar isso, Jayminho disse, em entrevista ao programa Fala Carlão, que um dos segredos do criatório foi buscar a genética baiana. “Uma das grandes atitudes do meu pai, para mim o pulo do gato, foi ir para a Bahia e trazer o gado baiano [para São Paulo] para acasalar com o sangue do gado do Seu Torres Homem, da marca VR, que eram filhos e filhas do CHUMMAK. Tivemos a sorte grande de trazer nesse gado, uma novilha chamada Dahi, que viera tornar-se mãe do Gim”, confessou Jayminho.

Jaime Nogueira Miranda: selecionador do Ludy de Garça
A história da família Miranda começa com Jaime Miranda, um entusiasta da cafeicultura e do cooperativismo, fundador da GARCAFÉ e ex-presidente do Instituto Brasileiro do Café (IBC), contribuindo significativamente para o crescimento da cafeicultura nacional. Nos anos 70, Jaime expandiu seus negócios para a pecuária de elite, criando a Estância JM e desenvolvendo um plantel de gado Nelore que revolucionou a genética da raça no Brasil. Animais como Gim de Garça e Ludy de Garça se tornaram ícones da pecuária, consagrando a marca JM como referência nacional.
Localizado na região Centro-Oeste do Estado de São Paulo e distante 415 km da Capital, o município de Garça situa-se ao longo de espigão onde nascem duas importantes microbacias hidrográficas: Peixe e Aguapeí. Garça possui mais de 43 mil habitantes, ideal para a realização de Ecoturismo, devido aos 20 hectares de Mata Atlântica presentes em seu território. Um dos principais parques da cidade leva o nome do Nelorista, Jaime Nogueira Miranda
Jaime foi considerado uma das 25 personalidades que mudaram o rumo da agropecuária no Brasil. O título foi concedido pela Revista Globo Rural, na edição 300, de outubro de 2010. A lista reunia 25 figuras ilustres, divididas em cinco grupos (Os pioneiros, Os revolucionários, Os criadores, Os empreendedores e Os visionários), com cinco nomes cada.
Em 2008, seu filho Jayme Santos Miranda deu continuidade ao legado, investindo em um projeto de irrigação de café no Cerrado Mineiro, região conhecida por produzir os cafés mais finos do país. Na pecuária, Jayme seguiu os passos do pai, presidindo a Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB) e mantendo o plantel de gado Nelore na Fazenda Santa Emília, em Garça. A família Miranda consolidou-se como referência tanto na cafeicultura quanto na pecuária de elite, unindo tradição e inovação.
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