Lobo-terrível volta à vida: empresa recria espécie extinta há mais de 10 mil anos

Animais foram trazidos de volta à vida em laboratório por uma startup que planeja ressuscitar outras espécies extintas, como o dodô e o mamute

Uma das mais imponentes criaturas que já dominaram o continente americano, o lobo-terrível — conhecido internacionalmente como dire wolf — está de volta. Desaparecido há mais de 10 mil anos, esse predador de 80 kg, famoso por caçar em bandos grandes presas como mastodontes e bisões-antigos, foi trazido de volta à vida por meio de técnicas avançadas de engenharia genética.

A façanha foi realizada pela startup americana Colossal Biosciences, que vem se destacando por seu ambicioso projeto de “desextinção”. Os primeiros exemplares nasceram em outubro do ano passado, mas a revelação pública aconteceu apenas agora, em abril. Três filhotes já fazem parte desse marco científico: os irmãos Romulus e Remus, que têm cerca de seis meses de vida, e a caçula Khaleesi — nomes que homenageiam figuras mitológicas e da cultura pop.

Esses animais estão sob cuidados rigorosos em um centro de preservação da fauna selvagem nos Estados Unidos, cuja localização permanece em sigilo por motivos de segurança. A equipe da revista Time, uma das poucas autorizadas a visitar o local, descreveu os lobos como ariscos e com instintos ainda intactos: mesmo filhotes, evitam contato com humanos e mostram um comportamento nitidamente selvagem.

Embora à primeira vista lembrem lobos cinzentos ou chacais, os lobos-terríveis pertencem a uma linhagem genética completamente distinta. Estudos mostram que, diferente de muitas espécies de canídeos modernos que conseguem cruzar entre si, os lobos-terríveis não apresentavam capacidade de hibridização com outros cães selvagens ou domésticos.

O processo de recriação dessa espécie envolveu a análise de material genético preservado em fósseis milenares. A Colossal utilizou fragmentos de DNA retirados de dentes fossilizados com aproximadamente 13 mil anos e de um crânio de 72 mil anos para mapear o genoma da espécie. Com base nesse mapeamento, os cientistas editaram o DNA de lobos cinzentos utilizando a ferramenta CRISPR-Cas9 — tecnologia também usada na agricultura para tornar culturas como a soja mais resistentes a condições extremas.

Depois disso, o material genético modificado foi implantado em cadelas domésticas, que atuaram como mães de aluguel para gerar os filhotes em laboratório.

A Colossal não pretende parar por aí. A empresa já anunciou planos para aplicar a mesma metodologia em outras espécies extintas, como o dodô, o mamute-lanoso e o tilacino, o famoso tigre-da-Tasmânia. Segundo os idealizadores, ressuscitar essas criaturas pode trazer benefícios importantes para o equilíbrio ambiental e para o avanço da conservação de espécies ameaçadas.

O argumento é que, ao dominar a tecnologia de clonagem e edição genética em espécies extintas, os cientistas ganham ferramentas valiosas para proteger animais que estão à beira da extinção, como é o caso do lobo-vermelho.

Em março deste ano, a Colossal também revelou que conseguiu sequenciar com sucesso o DNA do mamute, um passo considerado crucial para desenvolver elefantes mais adaptados às mudanças provocadas pelo aquecimento global.

Apesar do entusiasmo, a iniciativa não escapa de críticas. Especialistas levantam preocupações éticas e ecológicas, como o bem-estar das fêmeas usadas nas gestações e os impactos da reintrodução de espécies extintas em ecossistemas modernos, que podem estar desequilibrados por tais intervenções.

Mesmo assim, os líderes da Colossal, como o CEO Ben Lamm e a diretora científica Beth Shapiro, acreditam que a biotecnologia é a chave para frear a perda acelerada da biodiversidade. Para eles, restaurar o passado pode ser a forma mais promissora de proteger o futuro.

Escrito por Compre Rural

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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