A JBS, gigante global de alimentos, está construindo fábricas no Brasil e na Espanha que, em vez de usar o boi abatido, produzirão hambúrgueres, salsichas e, no futuro, até um filé a partir de uma carne obtida através da multiplicação celular, insumo conhecido como proteína cultivada.
A JBS, uma das maiores produtoras de alimentos do mundo, está construindo fábricas no Brasil e na Espanha que, em vez de usar o boi abatido, produzirão hambúrgueres, salsichas e, no futuro, até um filé a partir de uma carne obtida por multiplicação celular, insumo conhecido como proteína cultivada. O executivo Eduardo Noronha, da JBS , confirmou em entrevista ao jornalista Julio Wiziack da coluna Painel S.A., da Folha de São Paulo, neste domingo (23), o investimento milionário, em Florianópolis, em uma fábrica e centro de pesquisa e produção de “filé mignon” sem matar boi.
Pecuaristas já reclamam que isso pode ser um tiro no pé, enquanto a empresa acredita que, com essa inovação, poderá até vender “carne” para quem deixou de comer em defesa dos animais. No Brasil, segundo as informações divulgadas, a unidade ficará no Sapiens Parque, em Canasvieiras, capital catarinense. A JBS está investindo nestas unidades, que produzirão carne sem matar boi, no Brasil e na Espanha.
“Foram US$ 100 milhões, 60% no Brasil e 40% na Espanha. Em 2021, a JBS investiu na Biotech Foods e hoje é dona de 51%, uma startup espanhola de proteína cultivada. Lá, a planta em escala industrial está quase pronta e terá capacidade de mil toneladas por ano. No Brasil, é um investimento de cinco anos na fábrica em Florianópolis e de um centro de pesquisa e desenvolvimento em alimentos“, afirmou o executivo para a Folha de SP.
Será possível produzir hambúrgueres, salsichas e, no futuro, filé mignon. Em 2022, a colega Estela Benetti, já havia antecipado o investimento de US$ 60 milhões, o equivalente a R$ 308 milhões, no JBS Biotech Innovation Center, no Norte da Ilha.
Além do empreendimento na Espanha, JBS vai construir um centro de última geração para pesquisa e desenvolvimento de biotecnologia e proteína cultivada em Florianópolis, Santa Catarina. O complexo, chamado de JBS Biotech Innovation Center, receberá um investimento de estimado US$ 60 milhões. O objetivo é desenvolver tecnologia de ponta 100% brasileira para produzir proteínas alternativas.
Investimento na Espanha
Fábrica da BioTech Foods na Espanha tornará a JBS, acionista majoritária da companhia, uma das líderes globais no negócio de proteína cultivada. A previsão de inauguração é em 2024.
A JBS, uma das maiores empresas de alimentos do mundo, iniciou a construção da maior fábrica de proteína bovina cultivada do mundo em San Sebastián, na Espanha. Com investimento de US$ 41 milhões, valor equivalente a mais de R$ 200 milhões, a primeira planta industrial em escala comercial da BioTech Foods está prevista para ser concluída em meados de 2024. A JBS é a acionista majoritária da empresa espanhola, líder europeia no setor de proteína cultivada, com uma participação de 51%.
O investimento é um marco nesse setor, já que a planta, quando finalizada, poderá produzir mais de mil toneladas de proteína cultivada por ano, podendo ampliar sua capacidade para 4 mil toneladas anuais a médio prazo, movimento este que contribui para diversificar ainda mais o portifólio de produtos da JBS. Espera-se que a proteína cultivada ajude a suprir o aumento de 135% na demanda global por proteína até 2050, segundo uma estimativa da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO, na sigla em inglês).
“Como o maior produtor mundial de proteína, é nossa responsabilidade estarmos na vanguarda das iniciativas na intersecção dos alimentos com a tecnologia. A nova planta da BioTech coloca a JBS numa posição única para liderar o segmento e surfar esta onda de inovação. O novo hub em San Sebastián permitirá à BioTech Foods oferecer proteína cultivada como um produto inovador, que atenderá à demanda do consumidor por produtos alimentícios saudáveis, saborosos e sustentáveis”, afirma Eduardo Noronha, diretor da Unidade de Negócios de Valor Agregado da JBS USA e um dos responsáveis pela estratégia de proteína cultivada da JBS.
Confira abaixo os principais pontos da entrevista sobre a JBS carne cultivada, à coluna Painel S.A., da Folha de São Paulo
Pecuaristas criticam a proteína cultivada alegando que acabará com o negócio. É exagero?
São coisas complementares. O primeiro hambúrguer de proteína cultivada, produzido há uns dez anos, custou US$ 85 mil. Hoje, em escala piloto, a gente chegou a US$ 800 por quilo da proteína. Temos a confiança que chegaremos ao custo da proteína produzida de forma tradicional rapidamente.
Para quanto deve cair para ter escala comercial?
Cerca de US$ 20. Lembrando que não é 100% de proteína para um processado como hambúrguer, almôndega, salsichas e linguiças, que terão outros componentes.
Quanto foi investido?
Foram US$ 100 milhões, 60% no Brasil e 40% na Espanha. Em 2021, a JBS investiu na Biotech Foods e hoje é dona de 51%, uma startup espanhola de proteína cultivada. Lá, a planta em escala industrial está quase pronta e terá capacidade de mil toneladas por ano.
E no Brasil?
É um investimento de cinco anos na fábrica em Florianópolis e de um centro de pesquisa e desenvolvimento em alimentos.
Quem deixou de comer porque é contra o abate vai poder comprar JBS?
Esse consumidor pode ter a oportunidade de voltar a consumir proteína sem que um animal tenha sido abatido. Vamos acessar esse consumidor, mas não só ele. Será global, para todos.
É seguro comer uma “carne” de laboratório?
Na Espanha, a gente já fez vários testes, porque faz parte do processo de aprovação, e eles não mostraram nível de risco. A gente faz uma biópsia no boi, seleciona as melhores células e elas ficam se reproduzindo em um ambiente de cultura mergulhada em insumos conhecidos na indústria farmacêutica. São açúcares, aminoácidos, que estimulam a reprodução celular.
Por que investir nisso?
As projeções da ONU indicam que, em, 2050, haverá 10 bilhões de pessoas no mundo. Será um crescimento de 70% na demanda por proteína. Então, para fazer frente, a gente entende que precisa de proteínas alternativas. Pela maneira tradicional, é possível ser sustentável, mas ter foco numa coisa só talvez não seja a melhor estratégia em termos de segurança alimentar.
Quais são as metas?
Não há ainda. Mas se você imaginar que seja somente 1% do negócio global de proteína, que movimenta US$ 1 trilhão no mundo, já será gigante.
Compre Rural com informações da Folha de São Paulo, JBS e Assessoria
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