Japão suspende exportações de carne Wagyu após surto de doença viral

A medida foi adotada após a primeira detecção da Doença de Pele Nodosa (Lumpy Skin Disease – LSD) em um rebanho leiteiro localizado na província de Fukuoka. Com isso, o Japão suspende exportações de carne Wagyu.

Em um movimento preventivo, o Japão decidiu suspender voluntariamente as exportações de carne bovina Wagyu para vários países, incluindo a Austrália. A medida foi adotada após a primeira detecção da Doença de Pele Nodosa (Lumpy Skin Disease – LSD) em um rebanho leiteiro localizado na província de Fukuoka. As informações são do site de notícias australiano www.beefcentral.com.

Esta é a primeira vez que a enfermidade viral, que se espalha por picadas de insetos sugadores de sangue, como mosquitos e moscas de estábulo, é detectada no Japão, apesar de já estar presente em outros países do norte da Ásia, como a Coreia do Sul, onde foram registrados mais de 150 surtos nos últimos 12 meses.

“As autoridades japonesas suspenderam temporariamente a emissão de certificados de quarentena para animais que são abatidos e têm como destino o mercado da Austrália”, ressalta o site de notícias. Além disso, completa o site: “Embora negociações estejam sendo realizadas para retomar as exportações, havia pouca esperança de que o comércio fosse reaberto em breve, disse um contato comercial”.

Contexto e Impacto no Comércio da Carne Wagyu

As autoridades japonesas suspenderam temporariamente a emissão de certificados de quarentena animal, essenciais para a exportação de carne bovina para mercados internacionais. Embora já existam negociações em andamento para a retomada das exportações, não há previsões de que o comércio seja reaberto em breve, conforme afirmado por fontes do setor.

Em termos de impacto econômico, em 2023, o Japão exportou aproximadamente 57,8 bilhões de ienes em carne bovina, equivalente a cerca de 566 milhões de dólares australianos. As exportações para a Austrália, embora representassem uma parcela menor, alcançaram o valor de 700 milhões de ienes (6,8 milhões de dólares australianos), destacando-se como um símbolo importante da retomada das relações comerciais entre os dois países após uma proibição que durou 17 anos devido à detecção da Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), ou “mal da vaca louca”, em 2001. O comércio foi reaberto em 2018, marcando o retorno da carne Wagyu japonesa ao mercado australiano.

Medidas de Contenção e Orientações de Quarentena

O Ministério da Agricultura, Silvicultura e Pesca do Japão (MAFF), ao lado das autoridades sanitárias locais, reagiu prontamente ao surto, impondo uma série de medidas rigorosas para conter a disseminação do vírus. As diretrizes incluem a suspensão temporária dos procedimentos de exportação e a implementação de um protocolo de quarentena completo para o monitoramento de rebanhos.

A recomendação do MAFF enfatiza a necessidade de:

  • Detecção precoce de animais infectados e isolamento imediato.
  • Autocontrole de movimento dos animais e a adoção de práticas de vacinação em regiões afetadas.
  • Atenção a sintomas como nódulos na pele, febre e redução na produção de leite, com a orientação de isolar imediatamente os animais com suspeita de infecção e contatar um veterinário.

As autoridades também alertam para a importância da higienização no uso de agulhas e outros equipamentos veterinários que possam entrar em contato com fluidos corporais, para evitar a transmissão do vírus entre os animais.

Expansão da Doença de Pele Nodosa na Ásia

A Doença de Pele Nodosa era anteriormente restrita a regiões da África e Israel, mas, desde 2012, o vírus se espalhou para diversas áreas do Oriente Médio, Europa e Ásia. A Coreia do Sul, por exemplo, reportou seu primeiro caso em setembro de 2023 e já realizou uma campanha nacional para vacinar seu rebanho, embora novos casos continuem a ser registrados.

Para o Japão, que se esforça para proteger o status de excelência da carne Wagyu em mercados internacionais, a contenção da doença é crucial. A suspensão das exportações é uma medida estratégica para assegurar que o surto seja controlado e não comprometa o prestígio e a qualidade do produto no mercado global.

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