Intenso descarte de vacas resulta no menor nível de matrizes no total do rebanho de fêmeas

O cenário é consequência direta do intenso descarte de vacas nos últimos anos. Segundo os dados do Imea/MT, as matrizes totalizaram apenas 13,03 milhões de animais, o menor volume desde 2019.

O rebanho bovino de Mato Grosso sofreu uma queda significativa na participação de matrizes (fêmeas em idade reprodutiva) no total do rebanho de fêmeas, atingindo o menor nível já registrado na história. O cenário é consequência direta do intenso descarte de vacas nos últimos anos, um movimento impulsionado pela desvalorização da arroba do boi gordo e pela necessidade de fluxo de caixa por parte dos pecuaristas.

Redução histórica no número de matrizes

De acordo com dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA), em 2024, o rebanho bovino total do estado foi de 32,83 milhões de cabeças, representando uma redução de 3,73% em relação a 2023. Especificamente no segmento de fêmeas, o impacto foi ainda maior: as matrizes totalizaram apenas 13,03 milhões de animais, o menor volume desde 2019.

Essa queda resultou na diminuição da participação das matrizes no total de fêmeas para 61,31%, um patamar inédito. Essa retração é preocupante porque afeta diretamente a produção de bezerros no estado, comprometendo a reposição do plantel e a sustentabilidade da pecuária a longo prazo.

Preços em queda e descarte acelerado

A pressão sobre os preços da arroba bovina e a oferta elevada de fêmeas no mercado levaram ao descarte acelerado de vacas nos últimos meses. Em fevereiro de 2025, os números do IMEA mostraram que:

  • Boi gordo a prazo: R$ 307,20/@, uma redução de 3,16% na comparação semanal.
  • Vaca gorda a prazo: R$ 282,23/@, com uma queda de 3,80% em relação à semana anterior.
  • Bezerro de 7 arrobas: cotado a R$ 13,02/kg, com retração de 0,69% na semana.

Além disso, os preços da carne bovina no atacado caíram 2,45% no comparativo mensal, o que reflete uma demanda enfraquecida e dificulta a recuperação do mercado.

Impacto na produção e no futuro da pecuária

O reflexo da redução das matrizes no plantel se dará, principalmente, nos próximos ciclos de produção. Com menos fêmeas em idade reprodutiva, a produção de bezerros será afetada, limitando a oferta futura de animais para engorda e, consequentemente, podendo pressionar os preços para cima no médio prazo.

Outro ponto crítico é a diminuição no número de machos entre 24 e 36 meses, que caiu 16,65% em relação a 2023, totalizando 1,73 milhão de cabeças – o menor número já registrado na série histórica do estado.

A pecuária de Mato Grosso, que tradicionalmente lidera a produção nacional, terá que lidar com os desafios de um cenário de baixa retenção de fêmeas, reposição reduzida e instabilidade nos preços do mercado.

Perspectivas para os próximos meses

Os próximos meses serão decisivos para o mercado pecuário, dependendo de fatores como recuperação dos preços da arroba, exportações e demanda do consumidor final. O varejo já opera com os preços mais altos da história, o que pode dificultar um ajuste de oferta e demanda no curto prazo.

Se os pecuaristas não retomarem a retenção de matrizes, o setor pode enfrentar uma redução na oferta de animais para abate nos próximos anos, resultando em novas oscilações de preços e mudanças estratégicas na cadeia produtiva da carne bovina.

O mercado segue atento à recuperação da economia e à possível valorização da arroba, fatores essenciais para determinar se a tendência de descarte se reverterá ou se a redução do plantel de matrizes se tornará um problema estrutural para a pecuária mato-grossense.

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