Francisco Beltrão dá um salto na inovação e sustentabilidade ao receber unidade pioneira da BNI, com foco na valorização de resíduos da piscicultura, mais precisamente produção de colágeno hidrolisado a partir da pele e escamas da tilápia
Francisco Beltrão, no Sudoeste do Paraná, será palco de uma transformação histórica na indústria de ingredientes funcionais. A cidade foi escolhida para sediar a primeira planta industrial das Américas dedicada exclusivamente à produção de colágeno hidrolisado a partir da pele e escamas da tilápia. A iniciativa é da empresa Bons Negócios Ingredientes S.A. (BNI), que anunciou um investimento de mais de R$ 60 milhões para a construção da unidade.
O colágeno hidrolisado é obtido por meio de um processo de extração e hidrólise de proteínas presentes na pele e nas escamas da tilápia, matérias-primas que antes eram descartadas como resíduos.
Com tecnologia própria, a BNI irá transformar esse subproduto da cadeia aquícola em peptídeos bioativos com alto valor nutricional e funcional, amplamente utilizados pelas indústrias de alimentos, cosméticos e suplementos. Trata-se de uma aplicação de biotecnologia que não só aproveita integralmente os recursos da piscicultura, como também atende à crescente demanda global por ingredientes naturais voltados ao bem-estar e à saúde.
Um marco na agregação de valor ao peixe
A nova planta será construída em um terreno de 57 mil m² às margens da PR-483, com 4 mil m² de área construída. A estimativa de produção anual é de 900 toneladas de peptídeos de colágeno de peixe, insumo cada vez mais valorizado pelas indústrias de alimentos funcionais, cosméticos e nutrição saudável.
A iniciativa promete posicionar Francisco Beltrão como referência nacional e continental em tecnologia e inovação na cadeia da piscicultura, agregando valor a resíduos que antes eram descartados. Segundo a empresa, cerca de 60% dos rejeitos da produção estadual de tilápia serão utilizados como matéria-prima, consolidando um modelo de negócio sustentável e de alta eficiência.
Geração de empregos e desenvolvimento regional
A unidade deve gerar 72 empregos diretos já na primeira etapa. Além do impacto econômico, o projeto fortalece a visão de desenvolvimento regional baseada na transformação local da produção. Para o prefeito Antônio Pedron, responsável por liderar as articulações desde 2019, trata-se de uma conquista construída com visão estratégica:
“Teremos uma indústria que une tecnologia, sustentabilidade e geração de empregos. É fruto de um trabalho de paciência e planejamento. A empresa foi recebida com agilidade e apoio, e isso fez a diferença”, afirmou.
A prefeitura também investiu na terraplanagem do terreno e ofereceu incentivos fiscais e estruturais para viabilizar a instalação.
Início das obras e projeções
As obras devem começar nos próximos dias, com prazo estimado de 12 meses para que a unidade entre em operação. O produto final será totalmente destinado à exportação, com foco em atender grandes formuladores internacionais nos setores de saúde e alimentação.
Segundo o CEO da BNI, Fernando Cantelle, a empresa nasce com DNA científico e espírito inovador:
“Vamos transformar resíduos em produtos de alto valor agregado, com tecnologia nacional. Esta será a primeira planta do tipo nas Américas, e escolhemos Beltrão por sua logística, apoio do poder público e proximidade com a matéria-prima.”
Um projeto com impacto além da economia
O projeto também representa um impulso ao ecossistema de pesquisa e inovação regional, aproximando a indústria de universidades, startups e iniciativas de desenvolvimento tecnológico. Para o secretário municipal de Indústria e Comércio, Lucas Gomes, o modelo é exemplo de como a valorização de resíduos pode ser uma estratégia econômica e ambiental inteligente:
“Estamos mudando o modo de pensar o desenvolvimento. Em vez de exportar matéria-prima bruta, vamos processar aqui o que é produzido aqui. Isso gera riqueza local e oportunidade para o futuro.”
Presenças e apoio institucional para 1ª fábrica de colágeno de tilápia nas Américas
O evento de anúncio contou com a presença de diversas autoridades e lideranças locais. Participaram representantes da BNI, como Marcelo Cantele, Alcir Valandro, Everton Zanella, Marlon Zanella, Luis Fernando Cantele e Marines Mazur, além de políticos e empresários como a vice-prefeita Lurdinha Bertani, vereadores e o presidente da Associação Empresarial, Rafael Menegotto.
Com a chegada da BNI, Francisco Beltrão se consolida como um novo polo de biotecnologia aplicada à aquicultura, abrindo caminho para outros investimentos sustentáveis e de alto impacto.
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