Gigante da soja investe mais de R$ 100 milhões para cultivar algodão no Ceará

O gigante da soja de Mato Grosso, Gianni Brunetta, afirma ter investido mais de R$ 100 milhões para cultivar algodão no Ceará. O valor inclui maquinário, preparo do solo e um terreno de 3 mil hectares comprado em Araripe, no Cariri cearense.

“Fazer do Ceará, de novo, um grande produtor de algodão”, esse é o plano que está se consolidando. Um grande passo está sendo dado para revitalizar o cultivo de algodão no estado, com um investimento significativo de mais de R$ 100 milhões por um produtor de Mato Grosso, a família Brunetta. O projeto marca o retorno da cotonicultura no estado, uma vez que o Ceará já foi um importante produtor de algodão até a década de 1980, quando a praga do bicudo comprometeu a cadeia produtiva local.

Segundo as informações divulgadas pelo Governo do Estado, a iniciativa faz parte do “Projeto Algodão do Ceará”, lançado pelo governo estadual em parceria com a Federação da Agricultura e Pecuária (Faec), Federação das Indústrias (Fiec), Sebrae e Embrapa. Segundo os organizadores, é mais um grande desafio no desenvolvimento do setor qualificar o algodão cearense, ampliando e desenvolvendo a cultura do produto.

Família Brunetta, que há 40 anos produz muita soja no Centro Oeste, decide investir no projeto Algodão do Ceará. Durante o lançamento do “Projeto Algodão do Ceará”, foi anunciada a aquisição de três mil hectares de terras no município de Araripe, na Chapada do Araripe, por parte da família Brunetta, renomada produtora de soja do MT. A área será destinada ao plantio de algodão, soja e outras culturas. A notícia foi recebida com entusiasmo pelos participantes, que aplaudiram Eloi Brunetta e seu filho Gianni, os quais expressaram seu compromisso com investimentos significativos no Ceará.

Durante o evento de lançamento, realizado em um café da manhã no Centro de Eventos do Ceará, foi destacada a aquisição das terras no município de Araripe, na Chapada do Araripe, onde a família Brunetta cultivará algodão e soja. Segundo Salmito Filho, secretário do Desenvolvimento Econômico (SDE), o projeto visa impulsionar o setor agrícola, aproveitando áreas propícias ao cultivo, como as Chapadas do Apodi e Ibiapaba. Essas regiões possuem solos e climas adequados para uma grande produção de algodão, o que pode posicionar o Ceará como um importante produtor e exportador no cenário nacional e internacional.

A produção da fibra vegetal está prevista para iniciar em até três anos. 

Grupo Itaquerê
Salmito Filho, Eloi Brunetta, Elmano de Freitas e Gianni Brunetta durante o 14° Congresso Brasileiro do Algodão

Gianni Brunetta, filho do produtor Eloi Brunetta, que participou com o pai do 14° Congresso Brasileiro do Algodão realizado em Fortaleza, destacou que, depois de ter iniciado a produção de algodão no Cariri, mais dois amigos já compraram terras por lá, e outros quatro amigos também já estão interessados em investir na região.

Gigante da soja, Grupo Itaquerê, investe mais de R$ 100 milhões para cultivar algodão no Ceará

Gianni Brunetta, diretor do Grupo Itaquerê, conhecido pela produção de algodão e outras culturas no Centro-Oeste, comentou durante o 14º Congresso Brasileiro do Algodão sobre os novos planos da família no Ceará. “Estamos explorando a região da Chapada do Araripe há dois anos e agora adquirimos uma área para iniciar o plantio”, disse ele na terça-feira (3), durante o evento em Fortaleza.

Segundo Gianni, os testes de solo realizados na região indicam um ambiente promissor para a agricultura. “A expectativa é de alcançar uma produtividade que esteja à altura da média nacional, cerca de 350 arrobas por hectare”, afirmou, o que representa aproximadamente 5.250 quilos de algodão por hectare.

A primeira fase do projeto incluirá o cultivo de grãos e outras culturas, com o plantio de algodão sendo implementado conforme os produtores adquiram mais familiaridade com as especificidades do terreno e do clima local.

Impacto no estado do Ceará

Além do impacto direto na agricultura, o projeto está alinhado com o Complexo Industrial e Portuário do Pecém e a Transnordestina, que conectará o Ceará às regiões produtoras de grãos do Matopiba. Essa infraestrutura será crucial para o escoamento da produção de algodão, fortalecendo o parque têxtil do estado, o quarto maior do Brasil. Amílcar Silveira, presidente da Faec, e Ricardo Cavalcante, presidente da Fiec, ressaltaram que essa integração entre agricultura, indústria e governo representa uma oportunidade única de gerar emprego e renda para a população local.

O projeto também vem atraindo novos investidores. Gianni Brunetta, filho de Eloi Brunetta, revelou que mais dois amigos já adquiriram terras na região do Cariri, e outros quatro estão em negociações, indicando um crescente interesse pela produção agrícola no Ceará. Esse movimento reflete o potencial de crescimento da cotonicultura na região, com o Ceará buscando retomar o protagonismo que teve no passado.

A Embrapa e outros parceiros técnicos estão fornecendo suporte crucial para garantir que o algodão cearense seja competitivo, tanto no mercado interno quanto no externo. O projeto busca aplicar inovações tecnológicas e práticas agrícolas sustentáveis, ampliando a qualidade do algodão produzido no estado. Segundo Sílvio Carlos Ribeiro, secretário-executivo do Agronegócio da SDE, a meta é resgatar o legado da produção algodoeira, aproveitando a força que a indústria têxtil já tem no estado e conectando-a à produção agrícola.

Esse movimento de revitalização do algodão no Ceará, impulsionado por um grande investimento e forte articulação entre o setor público e privado, promete trazer um futuro promissor para a agricultura cearense e fortalecer ainda mais a economia local.

Sobre o evento “Projeto Algodão do Ceará”

Participaram do evento, realizado em um café da manhã no Centro de Eventos, o secretário do Desenvolvimento Econômico (SDE), Salmito Filho; o presidente da Faec, Amílcar Silveira; o presidente da Fiec, Ricardo Cavalcante; o secretário-executivo do Agronegócio da SDE, Sílvio Carlos Ribeiro; o diretor do Sebrae, Alci Porto; o representante da Embrapa, Fábio Aquino; além de 150 convidados, a maioria empresários do setor agropecuário de outros estados. A mobilização para o evento recebeu o apoio da Fertsan e do Instituto Centec.

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