
A Bracell confirma investimento de US$ 4,5 bi em Bataguassu após desistir de Água Clara, priorizando o Vale da Celulose por logística e base florestal.
A multinacional Bracell, controlada pelo grupo asiático Royal Golden Eagle (RGE), alterou os planos de expansão no Brasil e escolheu o município de Bataguassu, no Mato Grosso do Sul, como novo destino de um megainvestimento na indústria de celulose. Antes planejada para outro município do estado, a fábrica agora será implantada em uma região estratégica, próxima à divisa com o Estado de São Paulo, reforçando o protagonismo sul-mato-grossense no setor florestal e industrial.
Durante reunião realizada em Brasília com a senadora Soraya Thronicke, representantes da Bracell confirmaram a priorização de Bataguassu para a instalação da nova unidade. Inicialmente, a empresa havia anunciado a construção da nova fábrica em Água Clara, mas decidiu mudar os planos e direcionar os US$ 4,5 bilhões para o município que integra o chamado Vale da Celulose, região estratégica onde a companhia já possui ampla base florestal e melhores condições logísticas.
O investimento previsto é de US$ 4,5 bilhões (cerca de R$ 25 bilhões), com geração de até 12 mil empregos durante a fase de obras e 7 mil postos permanentes — sendo 3 mil diretos na indústria e 4 mil na operação florestal associada.
A escolha por Bataguassu tem como um dos fatores decisivos o fato de a Bracell já possuir cerca de 100 mil hectares de plantações de eucalipto na região. Além disso, o município passa a integrar de forma efetiva o chamado Vale da Celulose, um cinturão de alta produção que já conta com fábricas em Três Lagoas, Ribas do Rio Pardo e Inocência.
Logística e infraestrutura sob pressão
Com a instalação da nova unidade, a estimativa é de um acréscimo de mais de 80 mil caminhões por ano nas rodovias BR-158 e MS-395, o que representa mais de 200 veículos pesados por dia. O trajeto entre Bataguassu e o ponto de escoamento ferroviário em Aparecida do Taboado é de aproximadamente 270 km, passando por municípios como Brasilândia, Três Lagoas e Selvíria.
Diante disso, os executivos da Bracell solicitaram melhorias urgentes nas rodovias federais e estaduais da região, como:
- Recuperação do asfalto
- Inclusão de acostamentos
- Construção de terceiras faixas em trechos de aclive
Além da BR-158 e MS-395, outras rodovias impactadas, como a BR-267 e a MS-040, já estão no radar de investimentos via programas de concessão e privatização conduzidos pelo Governo do Estado.
Reviravolta no projeto de Água Clara
Inicialmente, a Bracell havia anunciado, durante o Fórum Empresarial Brasil-Indonésia em 2024, a construção da nova unidade em Água Clara, com projeção de 2,8 milhões de toneladas de celulose por ano. Inclusive, estudos ambientais chegaram a ser iniciados para essa localidade. Contudo, poucas semanas depois, a empresa também solicitou estudos para Bataguassu — o que acabou sinalizando uma reavaliação da estratégia.
Agora, os executivos da Bracell confirmaram o engavetamento do projeto de Água Clara, consolidando Bataguassu como foco principal do investimento.
Nova potência do setor e no vale da celulose
Se concretizado, o empreendimento da Bracell consolidará Mato Grosso do Sul como o maior polo produtor de celulose do Brasil. A nova fábrica será a quinta do estado, que já abriga grandes plantas da Suzano, Eldorado Celulose e, em breve, da Arauco, cuja pedra fundamental será lançada neste mês em Inocência.
A expectativa da Bracell é repetir o sucesso da unidade de Lençóis Paulista (SP), considerada modelo em sustentabilidade, inovação e impacto positivo nas comunidades locais. A senadora Soraya destacou que o Estado vive uma transformação industrial e logística, e reforçou o apoio ao projeto.
“Esse será um dos maiores investimentos da história do estado”, declarou Manoel Browne, executivo da Bracell.
O avanço da Bracell em Bataguassu simboliza mais do que um investimento bilionário: representa um novo capítulo no desenvolvimento econômico e social de Mato Grosso do Sul. Com geração massiva de empregos, impacto logístico relevante e foco em sustentabilidade, o projeto coloca o município no mapa global da indústria de base florestal.
Agora, os olhos estão voltados para a infraestrutura — fator decisivo para o sucesso da operação e para o futuro do Vale da Celulose.
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