Em 2015, cerca de 800 mil cabeças foram engordadas no cocho
Em reportagem recente do Globo Rural (publicada em maio desse ano), o Superintendente de Marketing e Comercial da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), Juan Lebron, havia estimado que o confinamento de gado em 2016 deveria crescer 2% a 4%. O incremento, segundo ele, poderia acontecer entre os pecuaristas que adotaram a prática como estratégia para fluxo de caixa. Já entre os que têm no confinamento sua principal atividade, a tendência, acrescentou, é de estabilidade.
“Dá para pensar em um aumento geral do confinamento entre 2% e 4%”, estimou Lebron durante a Expozebu. No fim de março, a Associação Nacional dos Confinadores (Assocon) evitou fazer projeções, alegando que a disparada dos preços do milho no mercado interno dificultava o cálculo antecipado. Em 2015, cerca de 800 mil cabeças foram engordadas no cocho. O dirigente da ABCZ também comentou a divulgação do Plano Safra 2016/2017. Segundo ele, a antecipação do anúncio das diretrizes para a temporada que começa em 1º de julho “desorganiza o fluxo natural dos investimentos em agropecuária”. Segundo ele, a elaboração do plano demanda tempo e não pode ser apressada, para que todos os detalhes das linhas de crédito e custeio sejam acertados. Lebron confirmou ainda que a ABCZ foi consultada pelo Ministério da Agricultura sobre o plano e deu sugestões.
Um especial recentemente publicado pelo Jornal Folha de S. Paulo faz considerações exatas sobre a atividade. O artigo pondera que o posto do Brasil é de maior exportador de carne bovina do mundo, com 1,25 milhão de toneladas embarcadas em 2014. São 198 milhões de cabeças de gado em uma área de pastagem de 167 milhões de hectares. Assim como a agricultura, a pecuária brasileira exibe números importantes que fortalecem a imagem de fornecedor de alimentos do mundo. No entanto, para continuar atendendo à crescente demanda mundial por proteínas, a produção ainda precisa buscar ganhos de produtividade e previsibilidade, dizem especialistas do setor. E a chave da transformação deve passar por uma diminuição da imagem que temos do boi no campo, comendo exclusivamente capim.
O futuro, avalia o jornal, aponta para o crescimento do confinamento, ambiente controlado no qual os animais são alimentados exclusivamente com ração, recebem água em abundância, não sofrem com o risco climático que pode afetar o pasto e a engorda do gado, e ganham peso para abate mais rapidamente. Em relatório, o Rabobank ressalta que a disputa de área de pecuária com a agricultura deve estimular o crescimento do confinamento no país.
No último ano, 10% do rebanho brasileiro passou pelo confinamento. Segundo a Assocon (entidade que reúne os confinadores), o percentual deve saltar para 20% em dez anos. No Estados Unidos, quase 100% dos animais vão para o confinamento. “O confinamento auxilia no ganho de produtividade e limita o desmatamento, mas a produção a pasto vai ser sempre fundamental para o país”, diz Bruno Andrade, gerente executivo da Assocon. O jornal ainda explica que o diretor técnico da consultoria Informa Economics FNP, José Vicente Ferraz, lembra que o confinamento teve impulso no país para manejo de pastagens.
“O Brasil tem vantagens competitivas na engorda a pasto”, observa. No inverno, o frio e a seca diminuem o capim, e o produtor tinha duas alternativas: armazenar alimentos ou vender o animal mesmo antes de ele estar no melhor peso. Com a alternativa do confinamento terceirizado, o pecuarista tira uma parte do rebanho do pasto e coloca no cocho parar aliviar a pastagem. Porém, o custo elevado limita expansão. Segundo a Assocon, um animal criado a pasto custa entre R$ 45 e R$ 50 por mês, enquanto o boi que vai para o confinamento demanda de R$ 150 a R$ 160 mensais, na região de Goiás.
Fonte: Jornal Folha de S. Paulo (Especial “O Brasil que dá certo: Agronegócios”, publicado em 30/06/16), Globo Rural (03/05/16) e ABCZ.