A Justiça Federal suspendeu a reintegração de posse de fazenda de soja invadida por indígenas; Lembramos que a invasão da fazenda aconteceu no fim de setembro, apenas uma semana após a decisão do STF de derrubar a tese do marco temporal
A decisão da Justiça Federal do Paraná suspendeu, temporariamente, a reintegração de posse da fazenda de soja que fica localizada em Tamarana (PR), no Norte do estado e fez aumentar o clima da insegurança jurídica. A propriedade, que foi invadida por cerca de 200 indígenas Kaingang, agora segue com grandes temores quanto ao futuro. A decisão é do juiz substituto da 3ª Vara Federal de Londrina, Bruno Henrique Silva Santos.
A justificativa se baseou nas dificuldades na realização de operação policial para a desocupação da área no final do ano. A ocupação se estabeleceu em setembro. Na fazenda estão cerca de 200 indígenas kaingangs. Na decisão, o juíz Bruno Henrique Silva Santos aponta que, por conta do final de ano, a operação para a desocupação da área ficaria comprometida, e afirma que é preciso trabalhar para que tudo aconteça sem o uso de força policial.
O magistrado destaca que os indígenas se comprometeram com a Funai em liberar o plantio de verão na propriedade rural. No despacho o juiz estabelece algumas regras: Que o grupo se mantenha longe dos barracões, silos e da “estrutura edificada” usados pelos produtores nos trabalhos. O grupo também deverá manter uma distância de, no mínimo, cem metros dos funcionários e proprietários da fazenda durante o plantio de soja, trigo e milho.
A decisão ressalta que, caso os indígenas não cumpram o acordo, a ordem de despejo poderá ser retomada.
Os proprietários destacam que há documentação comprovando a legalidade da propriedade, que as terras estão na família há décadas e pediram na Justiça a reintegração de posse. Lembrando que a propriedade já foi alvo de disputadas anteriores, com parte da área sendo desapropriada a favor dos povos originários.
Embora a reintegração de posse esteja suspensa, a ordem de despejo poderá ser retomada caso o grupo desacate as ordens. Os indígenas estão dispostos em manter a ocupação até a conclusão do novo estudo de demarcação dos limites da propriedade. O grupo afirma que parte da fazenda, cerca de 725 hectares, pertence à Reserva Apucaraninha, informação contestada pelo dono da área.
“Eles estão querendo aumentar a área deles. Provavelmente, em função dessa história do Marco Temporal, que não está nada decidido. Eles já se anteciparam e foram invadir uma sede e nos prejudicar, porque estamos prestes a plantar.” O proprietário afirma que em um barracão da fazenda estão maquinários agrícolas, tratores, ferramentas, implementos e adubo.
A invasão indígena na fazenda de soja
A invasão ocorreu no final de setembro, apenas uma semana após o Supremo Tribunal Federal (STF) tomar a decisão de derrubar a tese do marco temporal para a demarcação de terras indígenas. O conflito entre os proprietários da fazenda e os indígenas Kaingang tem uma história que remonta a 1988. Naquele ano, a Funai estabeleceu os limites da Terra Indígena Apucaraninha em aproximadamente 5,6 mil hectares.
A gente avisou @fpagropecuaria : não reconhecer o Marco Temporal é um atentado ao direito de propriedade e causará insegurança jurídica no campo.
Índios invadiram uma fazenda em Tamarana, e alegam que, como o Supremo derrubou o Marco Temporal, eles teriam direito àquela terra. pic.twitter.com/RDsIA5cGr0— Pedro Lupion (@pedro_lupion) September 29, 2023
No entanto, documentos oficiais do estado do Paraná contradizem essa determinação, estipulando uma área de 6,3 mil hectares para a terra indígena. Os indígenas desejam permanecer na fazenda até que um novo estudo de demarcação dos limites da propriedade seja concluído. Eles alegam que uma parcela significativa da fazenda, cerca de 725 hectares, pertence à Reserva Apucaraninha.
O fazendeiro contesta essa afirmação e apresentou documentos à Justiça que comprovam a posse da área por mais de 50 anos. A Funai anunciou a realização de um novo estudo de demarcação, que deverá ser concluído no início do próximo ano.
O Ministério Público Federal (MPF) tem como objetivo garantir a conclusão do processo de demarcação para resolver definitivamente os conflitos e promover a pacificação. O procurador da República Raphael Otávio Bueno Santos destaca a necessidade de resolver o conflito territorial que persiste por trinta anos, mantendo um ambiente de insegurança e confronto entre os indígenas e os proprietários vizinhos da Terra Indígena Apucaraninha.
Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias
Não é permitida a cópia integral do conteúdo acima. A reprodução parcial é autorizada apenas na forma de citação e com link para o conteúdo na íntegra. Plágio é crime de acordo com a Lei 9610/98.
Vaca Nelore Carina FIV do Kado bate recorde mundial de valorização
Tri Grande Campeã da raça Nelore, com os títulos da Expoinel em 2023 e 2024 e da Expozebu 2024 Carina FIV do Kado acaba de entrar para a história como a vaca mais valorizada do mundo, quebrando o recorde anterior de Viatina-19
Continue Reading Vaca Nelore Carina FIV do Kado bate recorde mundial de valorização
‘Boicote ao boicote’: cadeia produtiva de bovinos quer deixar o Carrefour sem carne
A resposta brasileira foi rápida e coordenada. Cadeia produtiva de bovinos, incluindo frigoríficos como JBS, Marfrig e Masterboi interromperam o abastecimento às lojas do grupo deixando o Carrefour sem carne, e já faltam alguns cortes.
Continue Reading ‘Boicote ao boicote’: cadeia produtiva de bovinos quer deixar o Carrefour sem carne
Jonh Deere enfrenta possíveis tarifas com sólida estratégia, diz CEO
Segundo o CEO da companhia, a Jonh Deere possui uma estratégia robusta para minimizar os impactos das tarifas, com forte presença de fabricação nos Estados Unidos.
Continue Reading Jonh Deere enfrenta possíveis tarifas com sólida estratégia, diz CEO
Maior refinaria de açúcar do mundo terá fábrica no Brasil para processar 14 milhões de t/ano
Al Khaleej Sugar investe na Bahia e projeta transformar o estado em um dos maiores polos de exportação de açúcar e produção de bioenergia do mundo, com geração de 50 mil empregos e foco em inovação sustentável.
Pecuarista é condenado a 3 anos de prisão por matar mais de 100 pinguins na Argentina
Segundo a acusação, homem esmagou ninhos e atropelou animais ao abrir uma via rural ao lado de uma reserva. Apesar da pena, pecuarista deve ficar em liberdade.
Nova CNH em 2025 só para carros automáticos? Entenda
Projeto de lei que visa autorizar aula de direção em carros com câmbio automatizado gera polêmica nas redes sociais.
Continue Reading Nova CNH em 2025 só para carros automáticos? Entenda