Família do agro com R$ 241 milhões em dívidas entra em recuperação judicial

Grupo Manso aponta clima, inadimplência e crédito caro como causas da crise; credores têm 30 dias para objeções ao plano de recuperação judicial

A crise financeira que tem atingido diversos empreendimentos do agronegócio em Mato Grosso ganhou mais um capítulo relevante. O Grupo Manso, com atuação na produção de grãos e insumos na região norte do estado, entrou oficialmente em recuperação judicial após acumular uma dívida de R$ 241.740.069,62. A decisão foi publicada pela Justiça de Mato Grosso e já conta com edital de credores.

Formado por cinco sócios e pelas empresas Agropecuária Manso Comércio de Insumos EPP (em Nova Ubiratã) e Manso Administração, Participações e Compra e Venda (em Sorriso), o grupo mantém suas atividades produtivas em uma área de 9,5 mil hectares no município de Peixoto de Azevedo.

De cada 10 produtores rurais brasileiros que entraram com processo de recuperação judicial em 2024, aproximadamente 4 tinham atuação em Mato Grosso ou Mato Grosso do Sul. É o que demonstra o mais novo levantamento produzido pela Serasa Experian e divulgado no início de abril. Os dois estados somaram, de acordo com a instituição, 357 dos 975 pedidos formulados à Justiça, incluindo produtores que atuam como pessoa física e jurídica.

Produção expressiva, dívidas maiores

A operação do grupo é robusta. Somente na safra de verão, são cultivados 9,5 mil hectares de soja. Na safrinha, a área é diversificada: 3 mil hectares de milho, 3 mil hectares de algodão e 1,5 mil hectares de feijão, além de outras culturas.

Apesar do porte, os problemas começaram a se intensificar em 2022, com a combinação de eventos climáticos adversos, queda no preço das commodities, elevação dos custos de produção e, principalmente, alta dos juros bancários. O grupo também relatou aumento na inadimplência de clientes, o que pressionou ainda mais o caixa.

Principais credores

A lista de credores divulgada no edital inclui instituições financeiras, revendas de insumos agrícolas e fornecedores, além de uma longa relação de passivos trabalhistas. Entre os maiores credores:

  • Banco do Brasil – R$ 93,23 milhões
  • Edenilo Moreira Lemos – R$ 29 milhões
  • Sicoob – R$ 13,5 milhões
  • Ricardo Felicíssimo Silva – R$ 12,5 milhões
  • Syngenta – R$ 8,3 milhões

Há ainda outros credores relevantes como Caixa Econômica Federal, além de revendas e fornecedores do setor agrícola.

Dívidas extraconcursais em mediação

Além da recuperação judicial, o Grupo Manso busca resolver passivos extraconcursais por meio de procedimento de mediação com grandes players do agronegócio e do sistema financeiro. Entre os principais credores desse bloco estão:

  • BTG Pactual Commodities – R$ 20,5 milhões
  • Banco John Deere – R$ 18,8 milhões
  • Louis Dreyfus Company – R$ 10,6 milhões
  • Fiagro Direitos Creditórios – R$ 9 milhões
  • Air Tractor – R$ 7,7 milhões

Próximos passos para recuperação judicial do Grupo Manso

O plano de recuperação judicial foi apresentado à Juíza Giovana Pasqual de Mello, da 4ª Vara Cível de Sinop, que deferiu o pedido. Agora, abre-se o prazo de 30 dias corridos para que os credores apresentem eventuais objeções ao plano.

Além disso, a estratégia do grupo para negociação das dívidas extraconcursais poderá ser determinante para preservar sua capacidade produtiva e manter postos de trabalho na região.

Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias.

Siga o Compre Rural no Google News e acompanhe nossos destaques.
LEIA TAMBÉM