O impacto dessas notícias foi significativo nos mercados futuros de pecuária nos Estados Unidos. Os contratos de gado vivo na Bolsa de Futuros de Chicago caíram de um modo surpreendente, refletindo a preocupação dos investidores com a percepção do público sobre a segurança dos produtos de carne e laticínios; entenda melhor
O medo em torno do vírus da gripe aviária H5N1 contaminar o fornecimento de carne e laticínios nos Estados Unidos levou o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) a tomar medidas drásticas. Recentemente, o USDA anunciou que começará a testar amostras de carne moída em supermercados, principalmente em estados onde foram detectados casos positivos em vacas leiteiras. Essas medidas de precaução têm como objetivo garantir a segurança dos consumidores, embora o USDA insista que o fornecimento de carne é seguro e que eles possuem várias ferramentas para proteger os consumidores.
Além disso, estão sendo feitos testes em tecidos musculares de vacas doentes abatidas, e um “vírus substituto” está sendo injetado na carne moída para determinar quanto do vírus pode ser eliminado através do cozimento em diferentes temperaturas. Esses testes visam fornecer informações sobre a eficácia do cozimento na eliminação do vírus, ajudando a garantir a segurança alimentar.
No entanto, mesmo com essas medidas, a propagação do vírus entre o gado leiteiro tem sido preocupante. Fragmentos genéticos do vírus foram detectados em cerca de 20% das amostras de leite comercial testadas, indicando que a gripe aviária está mais disseminada entre as vacas leiteiras do que se pensava inicialmente. Com 33 rebanhos em oito estados testando positivo, a situação levou especialistas a expressarem preocupação sobre a disseminação contínua do vírus.
Richard Webby, virologista da gripe do St. Jude Children’s Research Hospital, alertou que a detecção do vírus em tantos rebanhos sugere que há uma grande quantidade do vírus circulando. Isso levou o USDA a reforçar suas medidas, exigindo testes obrigatórios para vacas que cruzam as fronteiras estaduais.
Embora se acredite que a pasteurização do leite deva eliminar o vírus, a propagação sustentada entre o gado aumenta o risco de mutações do vírus que poderiam torná-lo mais transmissível entre humanos. Isso levanta preocupações adicionais sobre a segurança alimentar e a saúde pública.
O impacto dessas notícias foi significativo nos mercados futuros de pecuária. Os contratos de gado vivo na Bolsa de Futuros de Chicago caíram mais de 6%, refletindo a preocupação dos investidores com a percepção do público sobre a segurança dos produtos de carne e laticínios. Arlan Suderman, economista-chefe da StoneX, destacou que a percepção dos consumidores desempenha um papel crucial na formação dos preços, independentemente da realidade dos riscos.
A Colômbia tornou-se o primeiro país a proibir a importação de carne dos oito estados dos EUA afetados pelo surto de gripe aviária, e esse movimento aumentou ainda mais os temores no mercado. O receio é que outros países possam seguir o exemplo da Colômbia, resultando em restrições adicionais ao comércio de carne dos EUA.
Embora o USDA continue a garantir a segurança do fornecimento de carne e laticínios, a propagação da gripe aviária entre os rebanhos leiteiros do país gerou preocupações significativas entre consumidores e comerciantes. Essa turbulência nos preços do gado reflete a incerteza e o impacto das preocupações sobre a segurança alimentar e a saúde pública. O desafio agora é implementar medidas eficazes para conter a propagação do vírus e restaurar a confiança dos consumidores nos produtos de carne e laticínios dos EUA.
EUA confirma caso de gripe aviária em humano
No Texas, um caso de gripe aviária em um humano foi confirmado no início de abril, trazendo preocupações adicionais sobre a segurança e a saúde pública. A pessoa afetada trabalhava em uma fazenda de laticínios e teve contato direto com o gado leiteiro. O Departamento de Serviços de Saúde do Estado do Texas anunciou o caso, que foi confirmado pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC).
O paciente, que está se recuperando, foi isolado após testar positivo para o vírus H5N1. O único sintoma relatado foi inflamação ocular, sendo tratado com Oseltamivir, um antiviral comumente usado para tratar a gripe. Autoridades de saúde locais, estaduais e federais estão trabalhando juntas para investigar o caso e monitorar possíveis registros adicionais de gripe aviária. Este não é o primeiro caso de gripe H5N1 nos EUA, mas é o primeiro caso em uma pessoa associada ao gado leiteiro. O segundo caso anteriormente registrado foi de um homem no Colorado, em 2022, que teve exposição direta a aves.
É importante notar que não há risco para o fornecimento comercial de leite, conforme afirmado pelo Departamento de Serviços de Saúde do Estado do Texas. No entanto, a gripe aviária, um vírus da gripe tipo A originado em aves, tem sido detectada em várias espécies nos EUA desde 2022. Este último surto afetou muitos mamíferos, especialmente no oeste e no centro-oeste dos Estados Unidos. Ursos, raposas, gambás e focas estão entre os animais afetados, provavelmente após interações com aves infectadas.
A gripe aviária pode se espalhar por fezes, saliva e contato com superfícies contaminadas, mas a transmissão entre humanos é considerada muito rara. Os sintomas variam, desde uma gripe comum até casos graves com pneumonia.
Escrito por Compre Rural.
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Juliana Freire sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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