Marcas de café fake invadem as prateleiras dos supermercados

Todos nós já estávamos acostumados com leite e carne fale, agora, com o preço do café lá nas alturas teremos que conviver com o café fake; tome cuidado

Com a alta do preço do café no Brasil, muitos consumidores buscam opções mais baratas do produto nas prateleiras. Mas para aqueles que não querem abrir mão do sabor clássico, é importante prestar atenção: alguns tentam se passar por café, mas contém ingredientes irregulares. Governo investiga se o item se trata de um golpe ou de um produto da categoria “preparados sólidos”.

Já tínhamos os “leites” e “carnes” vegetais se passando pelos originais. Mas, agora, temos um produto inédito. Café feito de milho/cevada com aromatizante artificial de café, o produto pode existir, mas ele não pode induzir o consumidor ao erro. É necessário impedir o uso de imagens e palavras que enganem o consumidor.

O item, que não é o mesmo que o pó de café, pode confundir consumidores porque tenta imitar as embalagens de marcas famosas — a descrição “pó para preparo de bebida sabor café” fica em letras pequenas, na parte de baixo dos pacotes. Além disso, ele é mais barato.

Em janeiro, um pacote de 500 g de uma marca de pó saborizado poderia ser encontrado nos supermercados por R$ 13,99, informou a Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic).

Tipos de café fake

Só podem ser chamados de “café” produtos feitos 100% com o grão original. A marca Superbom, por exemplo, anuncia um produto feito com cevada como “café de cevada”, o que é proibido pelo Ministério da Agricultura.

“A portaria 570 versa especificamente sobre café, dizendo o que é e dando algumas regras claras sobre o que pode ser comercializado. Nela está bem claro que o grão beneficiado, cru ou torrado, tem que ser do gênero Coffea. Parece muito evidente, mas algumas pessoas querem colocar no mercado café de açaí, ou café feito de cevada, e qualquer coisa que não seja Coffea não pode usar a palavra café”, diz Celírio Inácio, diretor executivo da Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café).

Se a embalagem contém “polpa de café”, também não segue a regulamentação. É o caso do produto Melissa, que tem polpa de café na lista de ingredientes.

O café é o endosperma do gênero Coffea. Quando você colhe o café, você tem a semente e tem algumas partes como a casca e a polpa do café. A polpa é um líquido que sai junto com a casca e deveria ser descartada, para ser usada só a semente, o grão. Pela legislação, é errado chamar de café porque, na verdade, é uma impureza dele”, diz o diretor da Abic.

A fraude acontece quando você coloca a palavra café para ter benefício econômico e o consumidor não consegue saber sobre isso. Acompanhamos há alguns anos essa tentativa de fazer um produto de ‘café’ que não seja café, mas diante do aumento do preço eles elevaram o nível de criatividade e criaram produtos ilegais, que não são reconhecidos pela Anvisa, para atender aos anseios de um preço menor. Celírio Inácio, diretor da Abic

Selo concedido pela Abic é forma de evitar golpe, já que lista de ingredientes “100% café” pode ser falsa. “O último estágio entre o consumidor e o supermercado são as certificações, para saber se aquele café é adequado ao consumo. Toda essa regra foi feita junto ao Ministério da Agricultura para que o consumidor seja defendido.”

Se o café já foi testado e aprovado, o selo fica estampado na embalagem com um QR Code. Ele dá acesso a detalhes sobre o produto —inclusive técnicos, como seu ponto de torra.

“[O café falso] é um produto contra o consumidor, a impureza é extremamente alta e eles deliberadamente apresentam com embalagens muito parecidas, às vezes até imitação, de produtos já conhecidos pelo consumidor, com a intenção clara de fazer com que ele seja enganado e leve aquele produto sem prestar muita atenção” Celírio Inácio, diretor da Abic.

Como acontece a certificação de qualidade? Uma empresa contratada pela Abic vai a um ponto de venda, recolhe unidades do produto e envia para laboratórios que fazem a avaliação. Mesmo cafés certificados podem perder o selo em avaliações posteriores, por isso o acesso ao QR Code impresso é ainda mais importante, já que mostra as últimas informações sobre o café. São cerca de 5 mil avaliações ao ano. Veja as marcas aprovadas no teste de pureza da Associação.

Empresas não são obrigadas a ter selo para ter legitimidade, mas as interessadas podem pedir avaliação. “A empresa que quer ser certificada avisa que seu produto está sendo comercializado e indica em quais supermercados estão vendendo. Aí a Abic vai, no seu tempo, faz os testes de pureza e qualidade e emite o laudo pra dizer se está ok.”

Se (o café) é aprovado, imediatamente ganha a possibilidade de usar o selo. Mas dentro do roteiro que nós temos, de manutenção desse selo, o produto é averiguado constantemente nas prateleiras. Acontece pelo Brasil todo e o produtor não sabe se vai ser na capital ou no interior. Celírio Inácio, diretor da Abic

Ingredientes “intrusos” são permitidos no café em nível baixíssimo. Isso porque, por ser um produto vindo de lavouras, é considerado normal que uma pequena quantidade de folhas e cascas, do próprio cafezal, acabem no produto. Ainda assim, se a quantidade for superior a 1%, o café já é considerado inadequado.

Caso algum produto testado pela Abic represente um risco à saúde do consumidor, o Ministério da Agricultura é notificado. “Temos um canal direto com eles e avisamos quando existe impureza. Os produtos são colocados em uma listagem para que os órgãos competentes façam suas verificações.

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