As formigas de uma colônia entre 10 e 15 anos de existência pode chegar a consumir 21 quilos de pastagem, o mesmo que um boi em um pasto.
Talvez você tenha visto formigas “gigantes”, com asas, em algum lugar de Londrina pelo qual passou. Este é o momento da revoada das formigas cortadeiras, que tem chamado a atenção dos londrinenses nas últimas semanas. É assim que é denominado o movimento de reprodução destes insetos que, embora já estejam em Londrina há cerca de 25 anos, são provenientes de áreas mais arenosas e representam um perigo para plantações, afirma o doutor em entomologia (estudo dos insetos) e professor da UEL (Universidade Estadual de Londrina), Amarildo Pasini.
“A propaganda da Companhia de Terras Norte do Paraná ressaltava era uma região ‘livre da saúva”, ressalta Pasini. Porém, de acordo com ele, a teoria é que o avanço da agricultura para o cultivo de soja, milho e citricultura, por exemplo, tenha aberto o caminho para que a saúva, ou formiga-cortadeira, tenha vindo de regiões como Jaguapitã e Paranavaí, no Paraná, e Botucatu, em São Paulo. “Os cientistas achavam que ela não chegaria a terras vermelhas, porque o solo arenoso é mais fácil para elas trabalharem”, diz.
Parisi explica que o acasalamento das saúvas ocorre entre setembro e outubro, estimulado pela chuva no solo, pelo calor e pelos ventos. A fêmea, conhecida como tanajura, e o macho, o bitu, se acasalam em pleno voo. Porém, segundo Pasini, cerca de 90% das cópulas em revoada não terão sucesso.
Após a cópula, o macho morre e a fêmea pousa, arranca as próprias asas e começa escavação do ninho, de onde sairão as novas formigas em cerca de três meses. Os ovos da formiga rainha vão produzir as jardineiras, que são pequenas e cuidam do jardim de fungo que alimenta o ninho, as carregadeiras e cortadeiras, que levam as folhas para os ninhos, e as soldado, que protegem a colônia.
Um formigueiro pode chegar de 20 metros a 30 metros de extensão dentro da terra e, devido ao alto número de indivíduos, pode inviabilizar uma produção agrícola.
As formigas de uma colônia entre 10 e 15 anos de existência pode chegar a consumir 21 quilos de pastagem, o mesmo que um boi em um pasto. “As cortadeiras têm um corte muito contundente. Elas atacam florestas, hortaliças, plantações de eucalipto, grandes áreas de citricultura, cana-de-açúcar e pastagens. Também são vistas em arborização urbana”, diz o doutor em insetos.
No Paraná, existe legislação para o combate às formigas cortadeiras, que obriga o controle populacional com iscas em pó ou granulada. “Mas, a aplicação é funcional de três a quatro meses. Depois disso, a rainha vai botar mais ovos que vão proliferar de novo e este mesmo ninho volta a crescer, sendo deslocado a dez metros de distância”, diz Pasini. O problema, segundo ele, é que o formicida não atuam na profundidade onde fica a rainha.
Avanço para a área urbana
Embora habite áreas de floresta e plantações, as saúvas também migram para centros urbanos. Uma das hipóteses de Pasini é que o uso de fungicidas para o combate da ferrugem asiática nas lavouras mate, também, o fungo da qual elas se alimentam. “É uma teoria minha. O excesso de uso deste produto, ao cair no solo, acaba estressando as formigas por falta de alimento e elas vão para a área urbana”, sugere.
O diretor de Áreas Verdes da Sema (Secretaria Municipal do Meio Ambiente) de Londrina, Gerson Galdino, afirma que a pasta mantém monitoramento da atividade das formigas durante a primavera, mas que o período de infestação se concentra principalmente no verão.
Formigas saúvas atrapalham o crescimento das plantas, porque cortam as folhas, prejudicando, também, o visual paisagístico. Para as áreas públicas, a pasta mantém um cronograma de monitoramento e atende reclamações. “Mas não são muitas”, diz. Quando os profissionais da secretaria identificam um local com infestação de formigas, aplicam um formicida para a jardinagem, de uso permitido, para fazer o controle da população de insetos.
Para locais residenciais, Galdino orienta a checar o movimento das formigas, se estão carregando as folhas para o formigueiro. “Este é o momento de aplicar o veneno. Tem época que elas estão limpando o ninho, levando a sujeira para fora. Mas, o veneno tem de ser aplicado próximo do caminho delas. O produto imita o cheiro do verde para que elas peguem e carreguem para o formigueiro, para que ele atue sobre as soldados e as jardineiras”, explica. O formicida pode ser comprado em casas agropecuárias sem necessidade de prescrição, porém, Galdino orienta que não pode tocar na mão e precisa ser aplicado direto.
Fonte: Redação Bonde
ℹ️ Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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