O desafio de Donald Trump, conhecido por seu amor pela carne vermelha, diante da crise histórica na pecuária americana. Ele vai conseguir salvar a indústria da carne bovina dos EUA?
Donald Trump, conhecido por seu amor pela carne vermelha – dos Big Macs servidos na Casa Branca à venda de Trump Steaks na TV –, enfrenta um desafio monumental: salvar a indústria de carne bovina dos EUA, que atravessa uma grave crise. Mas, mesmo com sua popularidade entre produtores rurais, especialistas avaliam que as promessas políticas do futuro presidente podem trazer mais incertezas do que soluções. Ele vai conseguir salvar a indústria da carne bovina dos EUA?
A pecuária de corte americana, que historicamente se mistura com a identidade nacional – dos cowboys ao churrasco –, está sofrendo com o menor rebanho desde 1961. Secas severas, custos de produção crescentes e uma demanda crescente por outras fontes de proteína contribuem para o agravamento dessa situação.
Mesmo com o aumento dos preços do gado, os produtores ainda lutam para se recuperar de perdas anteriores. Agora, novas incertezas surgem com as políticas prometidas por Donald Trump, incluindo reformas imigratórias e tarifas de importação.
O contexto da crise na pecuária americana
A escassez de gado nos EUA alcançou um ponto crítico, com o menor rebanho bovino desde 1961. Essa situação resulta de fatores como:
- Preços baixos prolongados;
- Secas severas;
- Custos crescentes de produção;
- Abate elevado de fêmeas, comprometendo a reposição de rebanhos.
A crise eliminou bilhões em lucros de frigoríficos e impactou duramente produtores como Cash Carruth, de Novo México. “Estamos vendendo todo bezerro que podemos, em vez de mantê-los para procriação”, afirma Carruth, destacando o esforço para recuperar prejuízos acumulados entre 2015 e 2022.
Segundo o USDA, a reconstrução do rebanho, antes prevista para 2025, agora deve começar apenas em 2027. Esse atraso ocorre devido aos altos custos de financiamento e às condições climáticas adversas.
As medidas de Donald Trump e seus impactos na indústria
Apesar de seu apoio entre comunidades rurais, as políticas de Trump podem trazer novos desafios para a indústria de carne bovina:
- Reformas imigratórias:
- Trabalhadores estrangeiros ocupam a maioria dos empregos em frigoríficos.
- Reduzir o fluxo migratório pode aumentar os custos trabalhistas e criar dificuldades de contratação.
- Durante seu primeiro mandato, Trump intensificou fiscalizações, o que impactou negativamente as plantas de processamento.
- Novas tarifas de importação:
- Importações de carne bovina e vitela alcançaram recorde de 2 milhões de toneladas em 2024.
- Tarifas podem beneficiar fazendeiros locais, incentivando a reconstrução de rebanhos, mas encarecerão o custo da carne no mercado doméstico.
O papel da Tyson Foods e outros frigoríficos
A Tyson Foods, um dos maiores frigoríficos dos EUA, enfrenta prejuízos operacionais consecutivos devido à escassez de gado. O CEO Donnie King afirma que “não há sinais claros de intenções de reconstrução sustentada do rebanho”. Essa situação também afeta outras gigantes como JBS, Cargill e National Beef, que dependem de importações para atender à demanda.
Porém, o aumento de tarifas pode oferecer vantagens a longo prazo. “Tarifas fornecerão à nossa indústria uma oportunidade de investir em expansão”, defende Bill Bullard, CEO da R-CALF USA. Ainda assim, os consumidores podem se deparar com preços mais altos de carne bovina enquanto o rebanho não se recupera.
Mudanças no consumo e perspectivas futuras
Com a alta dos preços da carne bovina, cresce a migração dos consumidores para outras proteínas, como o frango, que oferece uma alternativa mais barata. “O mercado de demanda por carne bovina enfrentará limites devido à concorrência de preço”, explica David Anderson, economista da Texas A&M University.
Enquanto isso, as condições para a indústria de carne bovina nos EUA permanecem desafiadoras. O retorno de Trump à presidência pode trazer soluções para alguns problemas, mas também agravar outros, criando um cenário de incertezas para produtores, frigoríficos e consumidores.
O futuro da indústria dependerá da capacidade de equilibrar medidas políticas, pressões de mercado e demandas do consumidor.
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