
Uso de milho inteiro reduz custos, acelera a engorda e melhora rendimento da carcaça; Confira os detalhes da chamda dieta do grão inteiro como estratégia para lucro alto em confinamento
Na pecuária de corte, a busca por eficiência e rentabilidade no confinamento leva cada vez mais produtores a apostarem em tecnologias nutricionais como a dieta do grão inteiro. A estratégia, baseada na oferta de milho sem processamento aliado a pellets ricos em nutrientes, tem se consolidado como alternativa viável para pequenos, médios e grandes pecuaristas.
Além de reduzir significativamente os custos operacionais, essa dieta promete acelerar o ganho de peso, reduzir o tempo de permanência no cocho e melhorar a qualidade da carne — elementos cruciais para quem busca maior retorno por arroba produzida.
O que é a dieta de grão inteiro?
Trata-se de uma dieta concentrada sem uso de volumoso, composta por 85% de milho em grão inteiro e 15% de pellet (mistura de aditivos, minerais, vitaminas e promotores de crescimento). Ao contrário de sistemas tradicionais que utilizam silagem, capim ou feno, essa abordagem é mais simples e prática, exigindo menos mão de obra e infraestrutura.
O milho inteiro atua como fonte de energia e ainda estimula mecanicamente o rúmen, promovendo salivação e estabilidade ruminal. Isso minimiza o risco de distúrbios metabólicos, como a acidose, comuns em dietas mal balanceadas.
Resultados no confinamento: ganho diário de até 1,8 kg
Em fazendas como as de Avaí (SP), a adoção da dieta de grãos tem garantido ganhos médios de até 1,8 kg por dia por animal, superando com folga o desempenho observado em sistemas de semiconfinamento, onde a média é de apenas 350 g/dia.
Além disso, essa estratégia alimentar contribui para redução da emissão de metano pelos bovinos e melhora o rendimento de carcaça, favorecendo tanto a pecuária voltada ao mercado interno quanto a produção para exportação, exigente em certificações de qualidade.

Adaptação gradual e planejamento
Apesar da simplicidade na composição, o sucesso da dieta de grão inteiro exige um período inicial de adaptação de cerca de 15 dias, onde a proporção entre milho e pellet é ajustada gradualmente. Nesse momento, ainda é recomendado o uso de algum volumoso (feno ou silagem) para facilitar a transição digestiva.
Superada essa fase, os animais são transferidos para o confinamento definitivo, onde a dieta segue o padrão 85/15, sem necessidade de volumoso até o momento do abate.
Vantagens econômicas e operacionais
- Redução de custos com mão de obra e equipamentos (não há necessidade de moagem);
- Menor tempo de confinamento, aumentando a rotatividade dos lotes;
- Alta densidade energética com menor consumo de matéria seca;
- Facilidade no manejo e menor investimento inicial, ideal para propriedades com estrutura enxuta;
- Melhor acabamento e rendimento de carcaça, o que agrega valor final por arroba produzida.
Ponto de atenção: o preço do milho
Apesar de suas vantagens, o preço do milho é o fator-chave que pode influenciar a viabilidade da dieta. Caso o grão esteja em alta, o produtor deve calcular com cuidado a relação entre o custo do insumo e o valor de venda da arroba engordada para garantir a rentabilidade do sistema.
Conforto animal também importa
Segundo o pecuarista Paulo Roberto Boechat, o sucesso do confinamento não depende apenas da nutrição. Ele destaca que conforto animal, manejo eficiente e ambiente adequado são fatores essenciais: “Ninguém gosta de ficar no barro, no sol ou na chuva. Os bois também precisam de bem-estar para responderem bem à alimentação”, afirma.
A dieta de grão inteiro é uma solução moderna, eficaz e acessível para a pecuária de corte, especialmente em confinamentos que visam alta produtividade e lucratividade. Com planejamento adequado e atenção ao mercado de insumos, ela pode ser a chave para engorda rápida, menor custo e carne de melhor qualidade.
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