
O grupo estendeu bandeiras em usinas, propriedades rurais, sedes de secretarias de Agricultura e até em áreas de pesquisa experimental; para a FPA, há conivência do governo federal
Desde o início de abril, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) vem promovendo uma série de ocupações em várias regiões do país. Ao todo, foram 23 ações realizadas em propriedades privadas, órgãos públicos ligados à agricultura e até mesmo em uma fazenda experimental de uma universidade. Isso representa uma média de 2,5 invasões por dia.
Essas ações fazem parte da Jornada Nacional de Lutas em Defesa da Reforma Agrária, tradicionalmente chamada de Abril Vermelho, que, segundo o MST, vai até o dia 17 de abril.
Com o aumento das ocupações, a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) se manifestou preocupada. Em nota, o grupo afirmou que as ações comprometem a segurança jurídica no campo e colocam em risco a integridade de produtores rurais e suas famílias. Segundo a FPA, as invasões começaram ainda em março e refletem a “postura permissiva do governo federal diante da pressão de movimentos sociais”.
As ocupações foram registradas em vários estados, como Pará, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Goiás, Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo.
Pernambuco
No dia 5, milhares de integrantes do MST ocuparam a Usina Santa Teresa, pertencente à Companhia Agroindustrial de Goiana. Ainda no mesmo dia, foram invadidas a Fazenda Galdino (com 500 hectares), localizada em Riacho das Almas, e a Fazenda Barra da Ribeira (com 400 hectares), situada entre os municípios de Águas Belas e Iati.
No dia seguinte, a Fazenda CopaFruit, com 500 hectares em Petrolina, foi alvo do MST, que tentou impedir a venda da propriedade em um leilão. A Fazenda Boi Caju, em Tacaratu, e a Fazenda Mandioca, entre Altinho e Ibirajuba, também foram invadidas.
Na região serrana de Gravatá, a Fazenda Brasil foi ocupada, mesmo com o município já contando com seis assentamentos do MST. Na segunda-feira, duas usinas importantes — a Nossa Senhora do Carmo, localizada em Pombos, e a Santa Pânfila, fundada em 1918 — também foram invadidas.
Segundo o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), há potencial de uso dessas áreas para a reforma agrária, mas os processos de desapropriação não avançaram. Outro alvo foi o engenho São Manoel, em Rio Formoso, com 800 hectares, dos quais 500 são de mata preservada.
Rio Grande do Norte
O estado teve pela primeira vez uma ocupação durante o Abril Vermelho. Cerca de mil pessoas ocuparam a fazenda experimental da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa), localizada em Mossoró. A universidade informou que iniciou um diálogo com o movimento para buscar uma saída pacífica para a situação.
Paraíba
Em Solânea, a Fazenda Carvalho foi ocupada na madrugada de domingo. No dia seguinte, uma granja em Santa Rita foi invadida. Os integrantes do MST também reivindicam a área da Fazenda Olho D’água do Rangel, com cerca de 1.600 hectares, e ainda ocuparam a Fazenda Nossa Senhora de Fátima, em Tacima, com 150 hectares.
Policiais militares, o proprietário da terra e servidores do Incra estiveram no local para mediar o conflito. Os integrantes do movimento permanecem na área.
Ceará
Na capital, Fortaleza, cerca de 700 integrantes ocuparam a sede da Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA) na segunda-feira. A ocupação foi encerrada de forma pacífica no dia seguinte, após negociação com o secretário da pasta.
Minas Gerais
No Vale do Rio Doce, a Fazenda Rancho Grande, produtora de café e com quase 100 anos de história, foi invadida. A propriedade fica às margens da BR-116, no município de Frei Inocêncio.
São Paulo
Em Rio das Pedras, o MST ocupou a Usina São José. A ação foi um protesto contra a morte de 250 mil peixes no Rio Piracicaba, em julho de 2024 — episódio atribuído à atuação da empresa, que perdeu a licença ambiental. A Polícia Militar agiu rapidamente e retirou os integrantes do local.
Rio de Janeiro
Em Campos dos Goytacazes, o MST ocupou a Fazenda Santa Luzia, vinculada à Usina Sapucaia. A propriedade pertence à Coagro, cooperativa administrada pelo vice-prefeito do município, atualmente em processo de recuperação judicial.
Goiás
No município de Água Fria de Goiás, cerca de 1.500 pessoas ligadas ao MST-DFE ocuparam a Fazenda São Paulo. No mesmo dia, o movimento também ocupou a Superintendência Regional do Incra, em Goiânia, pressionando o governo pela regularização de áreas e criação de assentamentos para famílias acampadas no estado.
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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