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Requerimento para retirada da tramitação foi pedido pelo próprio autor do PL 345/21, o deputado federal David Soares (DEM-SP).
‘Olha a chipagem eletrônica de bois no pasto! É mentira!’ Parafraseando a clássica brincadeira durante as danças de quadrilha, neste de Dia de São João, 24 de junho, os pecuaristas do Brasil afora podem comemorar o fim do Projeto de Lei 345/21, que tratava da obrigatoriedade do uso de identificação eletrônica, por dispositivos com um chip, em animais criados exclusivamente por sistema de pastagem.”
“Conforme a proposta em tramitação na Câmara dos Deputados, nenhum animal será levado a pasto, transportado ou abatido na falta de identificação eletrônica. Nessa condição e sem justificativa, estará sujeito a apreensão“.
Na quarta-feira (23/6), o próprio autor do projeto, o deputado federal David Soares (DEM-SP) pediu a retirada da tramitação na Câmara dos Deputados, após uma conversa com o seu correligionário, o deputado federal Pedro Lupion (DEM-PR).
“Eu expliquei a nossa realidade, pois também sou pecuarista. Contei o que significaria um projeto como aquele. Deixei claro que ele estava completamente equivocado, que deveria ter sido ideia de algum deputado ambientalista e que ele acabou entrando num barco que não conhece. Ele reconheceu isso e retirou o projeto”, disse Lupion ao Portal DBO.
A falta de clareza do texto foi um dos principais pontos de crítica por parte de toda a classe de pecuaristas do País sobre o PL, que começou a tramitar na Câmara no início de fevereiro deste ano.
Entre os artigos, citam-se:
“Art. 1º Todo animal criado exclusivamente por sistema de pastagem deverá portar uma identificação eletrônica que informará sua localização por meio de GPS (Sistema de Posicionamento Global), o histórico de registros, a documentação completa do animal e demais informações (…).”
“Art.2º As autoridades sanitárias, de proteção ao meio ambiente e de fiscalização, terão amplo acesso aos dados contidos na identificação eletrônica.”
“Art.3º O animal será apreendido se estiver sem a identificação eletrônica, desligada de forma não justificada ou inoperante.”
“Art.4º O Instituto Chico Mendes e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis deverão ter acesso a localização do animal de forma remota.”
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Repercussão entre os produtores
Luciano Vacari, diretor da Neo Agro Consultoria, vê maior maturidade por parte do autor do projeto em derrubar o PL, por necessitar de um maior debate prévio entre os produtores.
“A iniciativa tem um apelo social muito grande, pois o consumidor tem muito interesse nos processos de origem e de rastreabilidade. No entanto, o deputado percebeu que o assunto precisa ser muito bem debatido”, diz Vacari.
Para a pecuarista Maria Ester Tiziani Fava, mais conhecida como Téia Fava, representante regional da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), e com propriedade no Vale do Araguaia, o PL demonstrava a falta de conhecimento de Soares da realidade do campo.
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“Ele cita que todos os animais, em 120 dias, teriam de estar chipados. Imagina que temos um rebanho em torno de 212 milhões de animais só de bovinos”, pondera Teia.
O pecuarista e médico cardiologista Nabih Amin El Aouar, presidente da Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB), expõe com muita propriedade que a falha principal foi a falta de consulta do deputado ao elaborar o PL.
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“Esse projeto não foi feito e nem articulado. Foi feito de uma forma individual. Acredito que o autor estaria fazendo um bem para o setor, mas na verdade, não foi bem assim”, diz.
Para o pecuarista Paulo Leonel, com fazenda em Nova Crixás (GO), o fim do projeto de lei traz alívio ao produtor.
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“Era mais uma coisa para prejudicar o produtor, o pecuarista, acabando com o sigilo que ele tem, expondo para os grandes adquirentes concentrados na compra contra o produtor”, diz Leonel.
Entenda a proposta
Proposta determina identificação eletrônica do gado criado a pasto
Conforme a proposta em tramitação na Câmara dos Deputados, nenhum animal será levado a pasto, transportado ou abatido na falta de identificação eletrônica. Nessa condição e sem justificativa, estará sujeito a apreensão.
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A identificação eletrônica será colocada em local indolor, até cinco dias após o nascimento, salvo orientação diversa de veterinário. Autoridades sanitárias de proteção ao meio ambiente e de fiscalização terão amplo acesso aos dados.
“A identificação eletrônica de bovinos tende a contribuir de muitas maneiras com o agronegócio, mas necessita ainda de regulamentação que estabeleça regras e parâmetros”, explicou o autor, deputado David Soares (DEM-SP).
Com informações do artigo de Fabio Moitinho para a Revista DBO e da Agência Câmara
Fonte: Agência Câmara de Notícias