A principal causa do aumento é a menor oferta de nos laticínios o que se deve principalmente à melhoria dos custos de produção.
Não é apenas a entressafra que explica a inflação dos lácteos no Brasil. Apesar do litro de leite UHT ter atingido o valor de estabelecimentos R$ 8 em alguns estabelecimentos até a chegada da chuva e da redução das chuvas em boa parte das regiões produtoras, o produto já seguira o inverno nos últimos meses.
Segundo o pesquisador da Embrapa Gado de Leite , Glauco Carvalho, a principal causa do aumento é a menor oferta de nos laticínios o que se deve principalmente à melhoria dos custos de produção. A entressafra tem início em abril, mas, segundo o pesquisador, “a leite de já vinha fraca desde meados de agosto e acentuou nos primeiros meses de 2022”, Carvalho.
Além disso, a entressafra acentuou-se a leite no mercado. Nos últimos anos, houve uma alta de 62% nos custos para o produtor, gerando uma ferramenta de 43% no preço ao consumidor.
Segundo Carvalho, o preço, mesmo em alta, está sendo suficiente para cobrir os custos, o que piorou a rentabilidade nas fazendas e levou o produtor a diminuir a oferta, não a alimentação das vacas. Em primeiros meses de pesquisa referente à compra de leite no primeiro trimestre do ano, os dados do Instituto Brasileiro de Geografia ( IBGE ) descobriram uma queda de três meses de 10,51% em comparação aos anos de 2021 (veja figura 1).
“Essa quarta queda trimestral foi observada em cinco anos consecutivos e uma pesquisa trimestral maior desde o início da avaliação trimestral, em 1997. em termos de captação de leite”, explica.
A previsão é que os números do segundo trimestre, que coincidem com o início da previsão do primeiro trimestre. Mas, segundo o início do período de lucro do produtor, haverá o início do período de lucro do produtor. “Os preços ao produtor estão em alta e isso vai dar um incentivo para melhorar a produção”, acredita Carvalho. No entanto, o investigador destaca que muitos produtores foram produzidos pela atividade e outros destinaram animais para o abate. “O impacto disso na recuperação da oferta é difícil quantificar”, conclui.
Escalada dos custos acontece desde o ano passado, impactando a rentabilidade dos produtores. De janeiro a junho deste ano, o preço médio do leite pago ao produtor, deflacionado pelo custo de produção, recuou cerca de 3,8% comparado ao mesmo período de 2021.
- Com Lula, preço da carne bovina tem maior alta em quatro anos
- Paraná encerra colheita de cevada com 286 mil toneladas
- Vacas têm “melhores amigas” e sofrem com separações, revela pesquisa
- Pesquisa aponta como melhorar o solo com calcário
- Chuva a caminho? Previsão aponta bons índices; descubra onde deve chover
Do rol dos insumos que mais subiram de preço estão os fertilizantes, alta impactada diretamente pela guerra da Rússia na Ucrânia. Até o frete marítimo internacional, também em alta, entram nessa conta. Outro insumo que pesa na conta do produtor é a ureia que custava R$ 2,3 mil por tonelada no início do ano passado, saltou para R$ 6,3 mil/t em 2022. Esses produtos tiveram os preços fixados pela Europa, que têm a Rússia como um dos principais exportadores.
Produto sazonal
Mas a entressafra, como de costume, também carrega parte da culpa pela alta dos lácteos. O leite no Brasil é um produto sazonal, com períodos claros de safra e entressafra. A elevação da oferta devido à sazonalidade explica o aumento do preço pago pelo consumidor em parte do outono/inverno. No lado oposto, ocorre a oferta do preço com o crescimento no período de primavera.
Os dados IPCA-15/IBGE, de janeiro do ano passado, em plena safra, mostram que os produtos lácteos ao consumidor tiveram queda de preço, o que é normal. As coisas começam a sair da normalidade com a alta das commodities, revertendo a tendência de preços baixos a partir de fevereiro, em plena safra.
Segundo o pesquisador da Embrapa, Paulo do Carmo Martins , uma demanda por lácteos também apresentará oscilações ao longo do ano, o que costuma resultar em um setor com preços voláteis. “Em alguns períodos são os produtores que reclamam dos preços baixos pelos laticínios; em outros são os consumidores que ficam insatisfeitos com o valor que estão pagando pelos produtos lácteos”, ressalta.
Com a volta da inflação a dois dígitos, como atenções se voltam para os maiores gêneros alimentares, que tem impacto nas populações da baixa renda e leite assumem seu protagonismo, mas a alta da inflação tem se mostrado um fenômeno mundial. “Esse é o reflexo do arranjo das cadeias defensivos da continuidade da produção e do transporte durante a pandemia de Covid-19”, enaltece Matins.
O que confirma essa conclusão é o índice do Global Dairy Trade (plataforma mundial que realiza leilões de lácteos), que recuou um pouco, mas segue em patamares elevados (US$ 4,6 mil/t) desde que atingiu seu maior valor US$ 4.630/t. Os índices do GDT mostram que, em dois anos, a tonelada do Leite em Pó Integral oscila de US$ 1,9 mil a US$ 5,3 mil.
Para os pesquisadores do Centro de Preços da Leite ( Cile/E), a crise econômica que mais força o poder de compra da população se torna a crise dos preços mais acessíveis. Ainda assim, o leite não pode ser visto como “maior vilão” da inflação de alimentos. Segundo dados do IPCA, entre os produtos de proteína animal (carne, frango, ovos e lácteos), leite e são apresentados os que apresentam menor alta nestes dois anos (veja figura 2).
Para os integrantes do Cileite/Embrapa, o desafio dos produtores de leite na gestão de custo nas fazendas tem gigante. A queda observada na oferta do produto ilustra bem isso. O resultado é a pressão pela modernização do setor. “Não houve mais esse momento de adversidade, ocorreu um processo mais acelerado de melhoria no setor, com modernização tecnológica da produção, exigência de maiores investimentos e pressão por economia escalada”, destaca Bellini Lei.