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Protocolo venceu o desafio de custo ajustado a exigência nutricional, mantendo a fisiologia reprodutiva da vaca e com uma desmama de 1.050 kg de bezerros por hectare. Veja como!
Quem vai falar sobre o tema, a Cria Intensiva, o Gusthavo Wagner, que é o proprietário e idealizador deste projeto que, atualmente, se tornou um sucesso e modelo da pecuária do futuro. Segundo ele, tudo iniciou com o projeto de cria no ano de 2018, levando a aquisição de 50 matrizes nelores comerciais, utilizando uma área total de pastagem de 30 hectares, na propriedade localizada no município de Uberlândia/MG. Neste momento, foi onde o primeiro gargalo apareceu “seria necessário aumentarmos a quantidade de animais para conseguir gerar uma produtividade rentável para a fazenda”, veja como essa história serve de exemplo para o pecuarista que busca uma pecuária lucrativa!
“Começamos um longo período de estudos dentro da ideia inicial de intensificação, navegamos por recria intensiva, confinamento, porém todas as contas que fazíamos o investimento em nutrição ficava muito alto frente a demanda de alimentos que conseguimos comprar em nosso entorno”, apontou o pecuarista.
“O segundo passo do estudo foi buscarmos outras referências na atividade pecuária onde o modelo de atuação é intensivo, desta forma, fomos balizar nas fazendas de leite, onde fizemos uma análise prévia que antes de produzirem leite, precisam produzir bezerros e esta atividade é realizada de forma intensiva”, disse. Segundo ele, o próximo passo foi estudar como a pecuária de cria funcionava nos EUA e Australia, dado que o fator climático nestes locais não são favoráveis e não possuem abundância de pasto em grande parte do ano, sendo obrigados a confinarem os animais.
Tomada de decisão
“Quando tomamos a decisão pela implantação do sistema de cria intensiva, verificamos que não havia projetos desta magnitude no Brasil em áreas pequenas que pudéssemos buscar o aprendizado, com isso começamos do zero montando um quadro técnico profissional para nos auxiliar nas decisões que iriamos seguir” apontou Gusthavo. Ainda segundo ele, esse o primeiro desafio do projeto foi montar uma dieta que proporcionasse uma eficiência energética e com baixo custo, onde as vacas não engordariam, chegando a um custo de dieta que garantiria a eficiência econômica .
“Hoje conseguimos vencer o desafio de custo ajustado a exigência nutricional mantendo a fisiologia reprodutiva da vaca, atingindo uma margem de 30% em todo o processo produtivo, com uma desmama de 1.050 kg de bezerros por hectare”, resumiu.
Segundo o pecuarista, todo o processo da fazenda é feito com apenas um funcionário fixo, o que garante uma grande eficiência e a padronização que necessitam no manejo, na coleta e entrega dos dados, gerando índices que proporcionam tomadas de decisões assertivas e ágeis. Para aumentar eficiência produtiva e econômica, foi desenvolvido um software específico para este projeto que ajuda a tomadas de decisões financeiras, também mais assertivas.
Rebanho do projeto Cria Intensiva
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Reprodutivo
Segundo ele, no ano de 2020 foi realizado uma estação de monta com 108 animais com média de 18 a 24 meses sendo 60% primíparas e 40% multíparas, alcançando um resultado de 84% de prenhez confirmado com 72% das vacas prenhes com até 2 IATFs.
“No ano de 2021 iniciamos a estação reprodutiva em agosto com 178 matrizes nelores, com um planejamento de 3 ITAFs e um descarte já em janeiro dos animais vazios, com isso viabilizamos o custo nominal alimentar e a lotação da fazenda no período de aguas aproveitando e balanceando o uso de pastagens e intensificação”, contou o pecuarista.
“Em nossa fazenda operamos com touro zero, todas as crias são frutos de IATF, com cruzamento entre nelore e angus. Realizamos mensalmente a pesagem dos animais acompanhando os pesos mês contra mês, equilibrando a dieta a ser fornecida ao cocho”, continuou ele.
O projeto da Cria Intensiva passa por vários critérios de análise, como: a escolha de frame ideal das matrizes, acompanhamento do GMD e escore corporal das vacas é a nossa baliza de ajuste nutricional. São manejos, fisiologia e índices que guiam com relação a tomada de decisão sobre o plano nutricional.
“O que mais impacta neste sistema, onde todo o insumo nutricional é adquirido fora da fazenda, inclusive a silagem – pois todo metro quadrado da fazenda tem o propósito de produzir kg de bezerros-, é o ótimo planejamento e orçamento nutricional que é realizado anualmente e obviamente com grande antecedência, para que se possa fazer todos os ajustes no fluxo de caixa e no planejamento estratégico”, completou ele.
Os números alcançados são de uma desmama acima de 90%, os bezerros de cruzamento nascem com um peso médio de 32,50Kg com um GMD com 90 dias 0,800g a 0,850g e uma previsão de peso a desmama entre 7 a 8@ com 8 meses de idade.
“Como garantimos um nutrição equalizadas as matrizes nelores isso garante as suas habilidades maternais e produção de leite, importante na formação muscular e precocidade do animal, garantindo as características genéticas da raça para ganho de peso, quando desafiados para a engorda”, disse.
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“Realizamos um manejo sustentável com os animais com baixo nível de stress, levamos os animais no tronco a cada trinta dias para acompanhamento de peso e score das matrizes com cuidados pré-natal e acompanhamento dos partos de forma tranquila. Com os bezerros começamos o manejo ao nascimento capturando o peso e cuidado ao nascimento, com 30 dias iniciamos as pesagem que acompanhamos até a desmama e venda onde denominamos o processo na fazenda de pós natal”, finalizou o proprietário e idealizador do projeto Cria Intensiva, Gusthavo Wagner.
Quadro Técnico:
- Proprietário Gusthavo Wagner Freitas Coelho Silva
- Zootecnista: Marcelo Comparini
- Veterinário: Vet Nunes
- Gerência e Manejo Fazenda: Givaldo Sena