Cooperativa mineira encerra atividades e deixa cafeicultores no prejuízo

A Coocem, uma das maiores cooperativas da região, fechou as portas no dia 11 de fevereiro e deixou produtores sem acesso às sacas de café estocadas; Entenda o caso.

A Cooperativa Central de Muzambinho (Coocem), no Sul de Minas Gerais, suspendeu suas atividades inesperadamente, deixando produtores de café sem informações sobre suas sacas armazenadas. A decisão pegou cafeicultores de Muzambinho e Nova Resende de surpresa e gerou grande preocupação no setor.

Desde o dia 11 de fevereiro, a sede da Coocem está fechada, sem qualquer representante para esclarecer a situação. Os produtores não conseguem acessar informações sobre a quantidade e o destino das sacas de café estocadas no armazém da cooperativa. A afiliada da Rede Globo, EPTV Sul de Minas, tentou contato no local, mas não encontrou ninguém que pudesse fornecer explicações.

Diante da falta de respostas, pelo menos dois produtores de Nova Resende registraram boletins de ocorrência na tentativa de obter esclarecimentos sobre seus estoques.

Sindicato e produtores aguardam reunião

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Muzambinho, Cleber de Oliveira Marcon, afirmou que os cafeicultores foram informados por um áudio do proprietário da Coocem, garantindo que todos os pagamentos serão honrados. Ainda assim, a falta de acesso às sacas de café causa grande preocupação.

Marcon solicitou que os produtores organizem os documentos que comprovem a quantidade de café depositada na cooperativa e procurem o sindicato, para que um levantamento preciso possa ser feito.

“A gente está pedindo que os produtores organizem os documentos que têm desse depósito de café e procure os sindicatos para que possa fazer o levantamento quantas sacas eram para existir no armazém. Estamos aguardando, de acordo com um áudio que saiu do dono da empresa, que seja realizado uma reunião esta semana para passar os produtores quais os próximos passos”, afirmou Marcon.

Central de Cafés promete retomada

A Central de Cafés, marca ligada à Coocem, divulgou uma nota informando que o fechamento foi uma medida estratégica para reestruturar o negócio e renegociar dívidas, e que a retomada das operações está prevista para breve. A empresa afirmou que não se trata de um calote, mas de uma reestruturação necessária.

Apesar das promessas, os produtores ainda aguardam uma reunião com os representantes da cooperativa, prevista para esta semana, onde detalhes sobre os próximos passos deverão ser discutidos.

Histórico de prejuízos no setor

O fechamento da Coocem não é um caso isolado no Sul de Minas. Em 2004, a Cooperativa Mineira Agropecuária de Muzambinho (Coomam) fechou as portas sem explicar o paradeiro de 50 mil sacas de café, deixando 1,3 mil produtores no prejuízo. O caso se arrastou na Justiça, mas poucos valores foram recuperados.

Outro exemplo ocorreu em 2020, com a Grão Verde, que deixou 430 produtores lesados após descumprir um acordo judicial para parcelamento das dívidas.

Expectativa dos cafeicultores da Coocem

Enquanto aguardam respostas concretas, os cafeicultores de Muzambinho e Nova Resende temem repetir a história de outras cooperativas falidas. O setor cafeeiro, essencial para a economia da região, enfrenta um momento de insegurança, sem garantias de que as sacas armazenadas serão devidamente restituídas.

A reunião prometida pela Coocem será crucial para definir o futuro da cooperativa e a transparência sobre os débitos pendentes. Enquanto isso, os sindicatos seguem orientando os cafeicultores a se organizarem e buscarem respaldo legal para evitar maiores prejuízos.

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