Conheça o poder do café verde: O grão que está ganhando espaço no agro

Diferente do grão tradicional, o café verde não passa pelo processo de torrefação, o que permite preservar compostos bioativos importantes como o ácido clorogênico e a cafeína

O café verde, também conhecido como green coffee, tem ganhado destaque como uma alternativa de alto valor agregado dentro da cadeia produtiva do café. Diferente do grão tradicional, ele não passa pelo processo de torrefação, o que permite preservar compostos bioativos importantes como o ácido clorogênico e a cafeína — substâncias que conferem propriedades antioxidantes, termogênicas e metabólicas ao produto final.

Esse perfil funcional tem impulsionado a demanda pelo café verde, especialmente no mercado de suplementos alimentares e nutracêuticos, que enxergam no grão cru uma matéria-prima promissora para o desenvolvimento de produtos voltados à saúde, bem-estar e controle de peso. Com isso, produtores brasileiros começam a identificar neste segmento uma oportunidade concreta de diversificação de portfólio e aumento da rentabilidade por hectare.

O que é o café verde e por que ele é diferente

O diferencial do café verde está na sua composição química preservada. Ao não ser submetido à torra, o grão mantém elevados níveis de ácido clorogênico — um polifenol com ação antioxidante que, segundo estudos, auxilia na regulação da glicose, redução da absorção de gordura e estímulo ao metabolismo.

Além disso, a cafeína, também presente em concentrações relevantes, atua como estimulante natural, favorecendo a disposição física e mental. A combinação desses compostos tem ampliado a aplicação do café verde como suplemento em cápsulas, bebidas funcionais e ingredientes farmacêuticos.

Conheça o poder do café verde: O grão que está ganhando espaço no agro
Foto: Divulgação

Mercado em crescimento e demanda internacional

O mercado global de produtos naturais e funcionais projeta crescimento contínuo nos próximos anos. A busca por alimentos com benefícios comprovados à saúde posiciona o café verde como um insumo estratégico, especialmente em países como Estados Unidos, Alemanha e Japão — onde o consumo de nutracêuticos avança de forma acelerada.

No Brasil, o consumo ainda é tímido, mas crescente. O país, como maior produtor mundial de café, possui capacidade logística e técnica para atender essa nova demanda. A adaptação para a produção de café verde exige cuidados específicos no manejo, colheita e armazenamento, mas não requer mudanças estruturais profundas, o que facilita a entrada de pequenos e médios produtores nesse nicho.

Uso, benefícios e recomendações técnicas

O suplemento de café verde é comercializado principalmente na forma de cápsulas, com doses diárias recomendadas de 200 mg duas vezes ao dia — geralmente uma pela manhã e outra antes do almoço. Os efeitos mais buscados incluem:

  • Redução da absorção de gordura e glicose;
  • Estímulo ao gasto energético em repouso (efeito termogênico);
  • Auxílio na perda de peso, quando associado a dieta balanceada e atividade física;
  • Melhora da disposição e redução do cansaço.

Entretanto, seu consumo deve ser feito sob orientação de nutricionistas ou médicos, considerando o consumo total de cafeína do indivíduo. O excesso pode causar efeitos adversos como insônia, irritabilidade, taquicardia, náusea e distúrbios gastrointestinais.

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Restrições e contraindicações

O café verde não é indicado para gestantes, lactantes, crianças, pessoas com arritmias cardíacas, hipertensão descompensada, úlceras gástricas ou problemas neurológicos como ansiedade, enxaqueca e insônia. Também deve ser evitado por quem já utiliza outros suplementos com cafeína, devido ao risco de superdosagem.

Essas restrições reforçam a importância de um mercado regulamentado, rastreável e orientado por boas práticas de fabricação. A produção e comercialização devem seguir normas da Anvisa, especialmente quando o grão é destinado à indústria farmacêutica ou de alimentos funcionais.

Oportunidade para o produtor e para o agro brasileiro

Ao considerar a tendência global de alimentos saudáveis e funcionais, o café verde surge como uma oportunidade concreta para agregar valor ao produto brasileiro. Ao mesmo tempo, exige profissionalismo, controle de qualidade e integração com novos canais de comercialização.

Para o produtor rural, diversificar parte da safra para café verde pode representar um diferencial competitivo, sobretudo em cenários de oscilação no preço do café torrado. Com a adoção de técnicas adequadas de beneficiamento e um bom planejamento logístico, é possível explorar esse nicho com rentabilidade superior e inserção em novos mercados.

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Aposte na inovação com responsabilidade

O café verde é um produto com alto potencial funcional, alinhado às novas demandas do consumidor moderno e às tendências de saudabilidade. Sua produção exige atenção técnica, mas pode ser implementada com relativa facilidade por quem já domina o cultivo tradicional.

Para produtores, cooperativas e agroindústrias que buscam inovação sustentável, avaliar a inserção no mercado de café verde pode ser uma estratégia inteligente para ampliar ganhos, diversificar o portfólio e atender um novo perfil de consumo.

Escrito por Compre Rural

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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