Conheça Caracolito, primeiro cavalo oficialmente registrado pela ABQM no Brasil

Registrado em 1970, o alazão tostado trazido pela Swift King Ranch foi o primeiro exemplar oficial da ABQM e um marco no desenvolvimento genético da raça no país.

O Brasil vivia um período de grandes transformações no campo quando, em 19 de fevereiro de 1970, um cavalo mudou para sempre os rumos da equinocultura nacional. Naquela data, Caracolito, um alazão tostado de origem americana, tornou-se o primeiro cavalo oficialmente registrado pela Associação Brasileira de Criadores de Cavalo Quarto de Milha (ABQM). O número de registro 0001 na entidade é dele — e com isso, um novo capítulo foi inaugurado na história da raça no país.

Caracolito não era apenas o primeiro nome em um livro de registros. Ele representava a consolidação de um projeto audacioso da Swift King Ranch (SKR), subsidiária brasileira da lendária King Ranch do Texas, que pretendia adaptar e aprimorar o cavalo Quarto de Milha para as condições e demandas da pecuária nacional.

Nascido em 10 de março de 1957, Caracolito trazia em sua genealogia alguns dos nomes mais influentes da raça. Era filho de Caracol, que por sua vez descende de Macanudo e Old Sorrel — este último considerado um dos pilares da formação do Quarto de Milha nos Estados Unidos.

Do lado materno, vinha de La Calavaza, filha de Wimpy, o primeiro cavalo registrado pela AQHA (American Quarter Horse Association). A linhagem incluía ainda nomes como Solis, Panda e Hickory Hill, que formam a base genética da raça.

Antes de ser introduzido no Brasil, Caracolito já havia mostrado seu valor em pistas norte-americanas. Foi três vezes Grande Campeão nos Estados Unidos, além de conquistar dois títulos de Reservado Grande Campeão e 22 primeiros lugares em competições oficiais, o que atestava sua conformação e desempenho excepcionais.

Caracolito desembarcou no Brasil como parte da segunda remessa de animais importados pela SKR, sendo alojado na Fazenda Laranja Doce, em Presidente Prudente (SP). A missão era clara: substituir Saltillo Jr. — outro garanhão de grande importância — nos trabalhos de reprodução. O objetivo era dar continuidade ao trabalho de formação de um plantel nacional de alta qualidade, adaptado às necessidades da produção agropecuária do Brasil.

Segundo Joaquim Soares Neto, o “Zezo”, que foi gerente geral da King Ranch no Brasil e cuja fala foi registrada em edições antigas da revista Quarto de Milha, Caracolito desempenhou papel essencial nos primeiros cruzamentos da linhagem americana com matrizes brasileiras, o que ajudou a moldar o tipo de cavalo que se popularizaria nos haras e nas arenas de todo o país.

Caracolito faleceu em 17 de setembro de 1974, aos 17 anos de idade. Viveu apenas quatro anos e meio após seu registro histórico, mas deixou um legado duradouro. Hoje, com mais de 680 mil animais registrados pela ABQM, é difícil imaginar a história do Quarto de Milha no Brasil sem mencionar o garanhão pioneiro.

Mais do que um número 1, Caracolito foi o símbolo de um movimento visionário, que acreditou no potencial do cavalo Quarto de Milha como instrumento de transformação do campo brasileiro. E, ao que tudo indica, esse legado está longe de chegar ao fim.

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