Conheça as raças de cavalos mais criadas no Brasil

Descubra as origens por trás de cada raça, características e até sua relevância nos dias atuais no campo e no esporte.

O Brasil é lar de uma rica diversidade de raças de cavalos, cada uma desenvolvida para atender às demandas de trabalho, esporte e lazer. Desde os primeiros tempos coloniais, os cavalos desempenharam um papel essencial na exploração do território, no transporte e no desenvolvimento das atividades agropecuárias. Mas qual seria a melhor raça? Essa é uma pergunta complexa, pois cada raça tem características únicas que atendem a diferentes necessidades.

A seleção de cavalos no Brasil começou ainda no período colonial, com a chegada de animais oriundos da Península Ibérica. Esses cavalos foram cruzados com outras raças ao longo dos séculos, dando origem a linhagens adaptadas às condições climáticas e geográficas do país. A definição de “raça” é tema de discussões no meio equestre, com alguns especialistas considerando que uma raça só está plenamente formada após 25 gerações, enquanto outros argumentam que o padrão genético e funcional pode ser definido antes disso.

Hoje, o termo “raça” é amplamente aceito para descrever animais que compartilham características morfológicas e funcionais semelhantes, sendo registrados e controlados por Associações de Criadores.

Principais raças criadas no Brasil

Atualmente, o Brasil conta com 10 raças nacionais de cavalos de sela e 3 de pôneis, além de diversas raças estrangeiras que se adaptaram ao clima e ao manejo brasileiro. Aqui estão todas as raças criadas no país:

Brasileiro de Hipismo

Foto: Divulgação

Criada na década de 1970 por Ê­nio Monte, esta raça é resultado de cruzamentos entre diversas raças esportivas europeias e russas, como Orloff, Westfalen e Trakehner. Seu desenvolvimento buscou criar um animal ágil e forte, com aptidão para esportes equestres de alto desempenho. Hoje, a Associação Brasileira de Criadores de Cavalo de Hipismo conta com mais de 18 mil animais registrados e um livro fechado para novas raças formadoras.

  • Origem: Cruzamento de raças europeias e russas.
  • Uso principal: Salto, Adestramento e Concurso Completo de Equitação (CCE).
  • Altura média: 1,68 m (machos) e 1,65 m (fêmeas).
  • Peso médio: 600 kg (machos) e 550 kg (fêmeas).
  • Pelagens: Todas permitidas.
  • Andamento: Trote.

Campeiro

Foto: Fazenda Nossa Senhora do Carmo do Guarda Mor

Originário de Santa Catarina, o Campeiro descende de cavalos trazidos por expedicionários espanhóis no século XVI. Esses cavalos se desenvolveram livremente nas regiões montanhosas, resultando em uma raça rústica e bem adaptada ao relevo acidentado. O primeiro registro oficial da raça ocorreu em 1976, com a fundação da Associação Brasileira de Criadores do Cavalo Campeiro, sediada em Curitibanos, SC.

  • Origem: Cavalos espanhóis trazidos no século XVI.
  • Uso principal: Lida com gado e cavalgadas.
  • Altura média: 1,48 m.
  • Peso médio: 400 kg.
  • Pelagens: Tordilho, castanho e baia.
  • Andamento: Marcha de quatro tempos.

Campolina

Foto: Divulgação

A raça Campolina foi criada pelo Coronel Cassiano Campolina em Minas Gerais no século XIX. Ele iniciou o projeto em 1857, cruzando uma égua de nome Medeia com um garanhão Andaluz, resultando em um potro chamado Monarca, considerado o primeiro exemplar da raça. Cassiano continuou aprimorando seu plantel com o uso de raças como Anglo-Normando e Puro Sangue Inglês. A Campolina é famosa por sua marcha cômoda e porte imponente, sendo muito valorizada em cavalgadas de longa distância.

  • Origem: Minas Gerais, século XIX.
  • Uso principal: Cavalgadas e provas de marcha.
  • Altura média: 1,62 m (machos) e 1,56 m (fêmeas).
  • Peso médio: 500 kg.
  • Pelagens: Todas permitidas.
  • Andamento: Marcha.

Lavradeiro

Foto: Divulgação

Desenvolvido no extremo norte do Brasil, o Lavradeiro é conhecido por sua adaptação ao ambiente adverso de Roraima. Descendente de cavalos trazidos pelos portugueses no século XVIII, enfrentou condições climáticas rigorosas e pastagens de baixa qualidade. Sua seleção natural resultou em uma raça resistente, com alta fertilidade e grande capacidade de trabalho em regiões áridas. A Embrapa tem projetos para preservar essa raça selvagem que possui grande potencial de adaptação.

  • Origem: Roraima, século XVIII.
  • Uso principal: Lida com gado e cavalgadas.
  • Altura média: 1,40 m.
  • Peso médio: 280 kg.
  • Pelagens: Castanha, tordilha, rosilha, alazã e baia.
  • Andamento: Trote.

Mangalarga

Foto: Divulgação

O cavalo Mangalarga tem sua origem na Península Ibérica e foi aprimorado no Brasil pelos criadores da família Junqueira, no sul de Minas Gerais, durante o século XVIII. Os cavalos eram utilizados tanto no trabalho das fazendas quanto em caçadas esportivas. A raça foi oficialmente reconhecida em 1934, com a criação da Associação Brasileira de Criadores de Cavalo Mangalarga.

  • Origem: Minas Gerais, século XVIII.
  • Uso principal: Trabalho e esporte.
  • Altura mínima: 1,50 m (machos) e 1,45 m (fêmeas).
  • Peso médio: 500 kg.
  • Pelagens: Todas, exceto albina e pintada.
  • Andamento: Marcha trotada.

Mangalarga Marchador

Foto: Divulgação

Com origem também em Minas Gerais, o Mangalarga Marchador é conhecido por sua marcha batida ou picada, que oferece mais conforto ao cavaleiro. A raça surgiu no século XIX na Fazenda Campo Alegre, pertencente a Gabriel Francisco Junqueira, o Barão de Alfenas, que cruzou cavalos lusitanos com éguas da família Junqueira. Hoje, a Associação Brasileira de Criadores de Cavalo Mangalarga Marchador possui mais de 300 mil animais registrados.

  • Origem: Minas Gerais, século XIX.
  • Uso principal: Provas de marcha, enduro e cavalgadas.
  • Altura ideal: 1,52 m (machos) e 1,46 m (fêmeas).
  • Peso médio: 400 kg.
  • Pelagens: Todas, exceto albina.
  • Andamento: Marcha batida e picada.

Marajoara

Foto: Marcio Lisa

Originário da Ilha de Marajó, no estado do Pará, o Marajoara se destacou pela adaptação ao ambiente úmedo e quente da região. Sua população cresceu rapidamente, chegando a mais de 1 milhão de animais no final do século XIX. Projetos de preservação buscam proteger a raça, utilizada principalmente em atividades rurais e competições tradicionais, como provas de argolas e resistência.

  • Origem: Ilha de Marajó, século XVII.
  • Uso principal: Lida com gado e provas de resistência.
  • Altura média: 1,40 m (machos) e 1,35 m (fêmeas).
  • Peso médio: 350 kg.
  • Pelagens: Todas, exceto pampa e albina.
  • Andamento: Trote.

Nordestino

Foto: Divulgação

A raça Nordestino tem suas raízes nos cavalos trazidos pelos portugueses nos séculos XVI e XVII. Desenvolveu-se em condições áridas e sob seleção natural rigorosa. Apesar do declínio em meados do século XX, esforços recentes visam revitalizar a criação e padronizar suas características.

  • Origem: Nordeste, séculos XVI e XVII.
  • Uso principal: Trabalho e transporte.
  • Altura média: 1,40 m.
  • Peso médio: 300 kg.
  • Pelagens: Todas, exceto albina.
  • Andamento: Trote.

Pampa

Foto: Divulgação

O cavalo Pampa é conhecido por sua pelagem distinta, resultado de cruzamentos entre diversas raças marchadoras, como Mangalarga e Campolina. Essa pelagem, combinada com sua funcionalidade, tornou-o popular em diversas modalidades de lazer e exposições. A Associação Brasileira dos Criadores de Cavalo Pampa (ABCCPampa) foi fundada em 1993.

  • Origem: Brasil, século XX.
  • Uso principal: Lazer e cavalgadas.
  • Altura média: 1,45 m (machos) e 1,40 m (fêmeas).
  • Peso médio: 500 kg.
  • Pelagens: Pampa em suas variações.
  • Andamento: Marcha e trote.

Pantaneiro

O cavalo Pantaneiro é resultado da seleção natural nas regiões alagadas do Pantanal. Herdando a resistência de cavalos ibéricos e crioulos, desenvolveu cascos fortes e capacidade de sobreviver em regiões alagadas, sendo ideal para o manejo de gado nessas condições. Os índios Guaicurus foram fundamentais na proliferação dessa raça.

  • Origem: Pantanal, século XVI.
  • Uso principal: Lida com gado e cavalgadas.
  • Altura mínima: 1,40 m (machos) e 1,35 m (fêmeas).
  • Peso médio: 350 kg.
  • Pelagens: Todas, exceto albina.
  • Andamento: Trote.

Piquira

Foto: Divulgação

De origem mineira, o Piquira é conhecido por seu pequeno porte e pela marcha cômoda, sendo muito utilizado na iniciação à equitação. Essa raça apresenta grande versatilidade e é frequentemente vista em cavalgadas e provas de marcha.

  • Origem: Minas Gerais, século XX.
  • Uso principal: Lazer e iniciação de crianças na equitação.
  • Altura média: 1,22 m (machos) e 1,20 m (fêmeas).
  • Peso médio: 150 kg.
  • Pelagens: Todas, exceto albina.
  • Andamento: Marcha batida e picada.

Puruca

Foto: @_arenadovaqueiro

Natural da Ilha de Marajó, o Puruca é um pônei robusto, fruto do cruzamento entre Marajoara e Shetland. Ele é conhecido por sua resistência e capacidade de trabalho em ambientes pantanosos.

  • Origem: Ilha de Marajó, século XX.
  • Uso principal: Lida em pequenas propriedades.
  • Altura média: 1,10 m (machos) e 1,00 m (fêmeas).
  • Peso médio: 200 kg.
  • Pelagens: Todas, exceto albina.
  • Andamento: Trote.

A relevância das raças de cavalos brasileiras

Cada raça de cavalo criada no Brasil reflete as condições climáticas, geográficas e culturais das regiões onde se desenvolveram. Esses animais representam um importante patrimônio genético e histórico, desempenhando papéis fundamentais nas atividades econômicas, esportivas e culturais do país.

Preservar e promover essas raças é essencial para manter vivo o legado equestre brasileiro, garantindo sua evolução e adaptação às futuras gerações.

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