Conheça as 5 raças de cavalos que foram extintas nos últimos anos

Conheça as histórias marcantes de raças de cavalos que foram extintas ao longo do tempo, mas deixaram um legado inesquecível na genética e na cultura dos cavalos

Ao longo dos séculos, os cavalos desempenharam papéis cruciais na história da humanidade — serviram em guerras, impulsionaram rotas comerciais, ajudaram a moldar culturas inteiras. No entanto, mesmo com tamanha importância, algumas raças simplesmente desapareceram. Diferente de espécies como o elefante ou a lontra-marinha, cuja extinção acende alertas globais, o fim de uma raça de cavalo geralmente ocorre de forma silenciosa, resultado de cruzamentos descontrolados, mudanças nos padrões de criação ou simples abandono.

O desaparecimento dessas linhagens deixa lacunas na história genética dos equinos e apaga traços únicos que não voltam mais. Nesta lista, você vai conhecer 5 raças de cavalos que foram extintas em tempos históricos, mas cujas histórias merecem ser lembradas.

Norfolk Trotter – O relâmpago das estradas inglesas

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JH Engleheart / Wikimedia Commons / domínio público 

Nos campos da Inglaterra do século XVI, a velocidade não era luxo — era estratégia militar. Por ordem direta do rei Henrique VIII, os nobres foram obrigados a manter cavalos trotadores em seus estábulos, prontos para a guerra. Assim nasceu o Norfolk Trotter, uma raça célebre por sua resistência e agilidade.

Capaz de manter 27 km/h em terrenos acidentados, esse cavalo dominou as estradas britânicas por dois séculos. Mas com a chegada das carruagens motorizadas e o declínio das guerras montadas, a raça caiu no esquecimento. Embora extinto, o Norfolk Trotter deixou herdeiros importantes: o Standardbred e o Hackney, usados até hoje em competições de trote e atrelagem.

Ferghana – O cavalo que causou uma guerra

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Han Gan / Wikimedia Commons / domínio público

Quando uma raça de cavalo provoca uma guerra internacional, seu valor precisa ser reconhecido. Foi o caso do Ferghana, criado na Ásia Central e alvo da cobiça da dinastia Han, na China antiga. Compacto, musculoso e de pernas curtas, esse equino era ideal para o combate — e ficou conhecido por “suar sangue”, devido a uma infecção cutânea rara, mas impressionante.

A interrupção do comércio desses cavalos pelos Dayuan levou à chamada Guerra dos Cavalos Celestiais (século II a.C.). Após a vitória chinesa, o tributo foi claro: dez Ferghanas de elite para reprodução e mais 3 mil exemplares como pagamento. Hoje, a raça está extinta, mas permanece lendária nos anais da história asiática.

Narragansett Pacer – O primeiro cavalo “americano”

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Imagens de livros do Internet Archive / Wikimedia Commons / domínio público

Antes mesmo de os Estados Unidos consolidarem sua independência, já existia um cavalo que representava o espírito de uma nova nação: o Narragansett Pacer. Desenvolvido no pós-Revolução a partir de linhagens britânicas e espanholas, esse animal ágil e confortável para montaria ganhou fama, inclusive entre figuras como George Washington.

Seu fim começou com a exportação descontrolada e os cruzamentos com outras raças. Ao final do século XIX, já era considerado extinto. Contudo, o Narragansett Pacer ainda vive nos passos compassados do Tennessee Walking Horse e no estilo do American Saddlebred, que herdaram parte de seu DNA e de sua elegância natural.

Napolitano – A elegância desaparecida do sul da Itália

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Colecionador de impressões / Colaborador / Getty Images 

Criado entre a Idade Média e o Iluminismo, o cavalo napolitano era símbolo de nobreza e disciplina. Descrito como dócil, forte e com andadura elevada, esse animal se destacou em campos de batalha e apresentações de adestramento clássico.

Apesar de suas qualidades, o napolitano foi gradualmente substituído por raças mais comerciais. Há quem confunda o antigo napolitano com cavalos modernos de nomes semelhantes, mas os estudiosos garantem: ele foi extinto. Parte de suas características sobrevive nos Lipizzaners, famosos pela equitação clássica vienense.

Old English Black – A base dos gigantes britânicos

Luís Moll; Eugène Nicolas Gayot; François Hippolyte Lalaisse, recortado e retrabalhado por Kersti / Wikimedia Commons / domínio público 

A história do Old English Black começa em 1066, quando os cavalos normandos chegaram à Inglaterra com os exércitos de William, o Conquistador. A mistura com éguas locais deu origem a essa raça robusta, ideal para tração pesada e agricultura.

Curiosamente, nem todos eram realmente pretos: muitos tinham pelagem baia ou marrom. Embora tenha sido confundido com outras linhagens importadas, como o Lincolnshire Black, o Old English Black foi uma peça-chave na origem de gigantes como os Shires e Clydesdales, hoje símbolos de força e tradição rural.

O que perdemos com a extinção dessas raças

Cada raça que desaparece leva consigo um conjunto único de qualidades: rusticidade, resistência a doenças, adaptação ao clima e, sobretudo, identidade histórica. A pecuária moderna, cada vez mais orientada pela produtividade, tende a negligenciar o valor genético e cultural dessas linhagens.

O desaparecimento dessas raças não é apenas um lamento nostálgico. É um alerta sobre a perda da biodiversidade funcional e da capacidade de resposta dos rebanhos equinos frente aos desafios climáticos e sanitários do futuro.

Escrito por Compre Rural

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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