
Conheça as histórias marcantes de raças de cavalos que foram extintas ao longo do tempo, mas deixaram um legado inesquecível na genética e na cultura dos cavalos
Ao longo dos séculos, os cavalos desempenharam papéis cruciais na história da humanidade — serviram em guerras, impulsionaram rotas comerciais, ajudaram a moldar culturas inteiras. No entanto, mesmo com tamanha importância, algumas raças simplesmente desapareceram. Diferente de espécies como o elefante ou a lontra-marinha, cuja extinção acende alertas globais, o fim de uma raça de cavalo geralmente ocorre de forma silenciosa, resultado de cruzamentos descontrolados, mudanças nos padrões de criação ou simples abandono.
O desaparecimento dessas linhagens deixa lacunas na história genética dos equinos e apaga traços únicos que não voltam mais. Nesta lista, você vai conhecer 5 raças de cavalos que foram extintas em tempos históricos, mas cujas histórias merecem ser lembradas.
Norfolk Trotter – O relâmpago das estradas inglesas

Nos campos da Inglaterra do século XVI, a velocidade não era luxo — era estratégia militar. Por ordem direta do rei Henrique VIII, os nobres foram obrigados a manter cavalos trotadores em seus estábulos, prontos para a guerra. Assim nasceu o Norfolk Trotter, uma raça célebre por sua resistência e agilidade.
Capaz de manter 27 km/h em terrenos acidentados, esse cavalo dominou as estradas britânicas por dois séculos. Mas com a chegada das carruagens motorizadas e o declínio das guerras montadas, a raça caiu no esquecimento. Embora extinto, o Norfolk Trotter deixou herdeiros importantes: o Standardbred e o Hackney, usados até hoje em competições de trote e atrelagem.
Ferghana – O cavalo que causou uma guerra

Quando uma raça de cavalo provoca uma guerra internacional, seu valor precisa ser reconhecido. Foi o caso do Ferghana, criado na Ásia Central e alvo da cobiça da dinastia Han, na China antiga. Compacto, musculoso e de pernas curtas, esse equino era ideal para o combate — e ficou conhecido por “suar sangue”, devido a uma infecção cutânea rara, mas impressionante.
A interrupção do comércio desses cavalos pelos Dayuan levou à chamada Guerra dos Cavalos Celestiais (século II a.C.). Após a vitória chinesa, o tributo foi claro: dez Ferghanas de elite para reprodução e mais 3 mil exemplares como pagamento. Hoje, a raça está extinta, mas permanece lendária nos anais da história asiática.
Narragansett Pacer – O primeiro cavalo “americano”

Antes mesmo de os Estados Unidos consolidarem sua independência, já existia um cavalo que representava o espírito de uma nova nação: o Narragansett Pacer. Desenvolvido no pós-Revolução a partir de linhagens britânicas e espanholas, esse animal ágil e confortável para montaria ganhou fama, inclusive entre figuras como George Washington.
Seu fim começou com a exportação descontrolada e os cruzamentos com outras raças. Ao final do século XIX, já era considerado extinto. Contudo, o Narragansett Pacer ainda vive nos passos compassados do Tennessee Walking Horse e no estilo do American Saddlebred, que herdaram parte de seu DNA e de sua elegância natural.
Napolitano – A elegância desaparecida do sul da Itália

Criado entre a Idade Média e o Iluminismo, o cavalo napolitano era símbolo de nobreza e disciplina. Descrito como dócil, forte e com andadura elevada, esse animal se destacou em campos de batalha e apresentações de adestramento clássico.
Apesar de suas qualidades, o napolitano foi gradualmente substituído por raças mais comerciais. Há quem confunda o antigo napolitano com cavalos modernos de nomes semelhantes, mas os estudiosos garantem: ele foi extinto. Parte de suas características sobrevive nos Lipizzaners, famosos pela equitação clássica vienense.
Old English Black – A base dos gigantes britânicos

A história do Old English Black começa em 1066, quando os cavalos normandos chegaram à Inglaterra com os exércitos de William, o Conquistador. A mistura com éguas locais deu origem a essa raça robusta, ideal para tração pesada e agricultura.
Curiosamente, nem todos eram realmente pretos: muitos tinham pelagem baia ou marrom. Embora tenha sido confundido com outras linhagens importadas, como o Lincolnshire Black, o Old English Black foi uma peça-chave na origem de gigantes como os Shires e Clydesdales, hoje símbolos de força e tradição rural.
O que perdemos com a extinção dessas raças
Cada raça que desaparece leva consigo um conjunto único de qualidades: rusticidade, resistência a doenças, adaptação ao clima e, sobretudo, identidade histórica. A pecuária moderna, cada vez mais orientada pela produtividade, tende a negligenciar o valor genético e cultural dessas linhagens.
O desaparecimento dessas raças não é apenas um lamento nostálgico. É um alerta sobre a perda da biodiversidade funcional e da capacidade de resposta dos rebanhos equinos frente aos desafios climáticos e sanitários do futuro.
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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