
Criados para o trabalho pesado, esses gigantes gentis da Bélgica conquistaram o mundo com força, docilidade e resistência, e hoje, os Brabantes lutam contra a extinção de linhagens raras.
Com aparência imponente, temperamento dócil e força extraordinária, os cavalos da raça Brabante são considerados uma das raças mais potentes de tração do mundo. Originários da região de Brabante, na Bélgica, esses gigantes equinos foram fundamentais para o desenvolvimento de outras raças pesadas na Europa Ocidental, tornando-se base para o que se conhece atualmente como Cavalo Belga de Tração.
Com machos que chegam a pesar até 1.360 kg e fêmeas com até 900 kg, os Brabantes são capazes de rebocar cargas que superam o dobro do seu próprio peso, algo raramente visto entre raças equinas. Sua estrutura robusta e musculatura definida, especialmente nas ancas e pernas, faz com que sejam amplamente utilizados em atividades agrícolas, transporte de cargas e extração de madeira.
A primeira chegada dos cavalos belgas aos Estados Unidos ocorreu no século XIX, quando começaram a ser importados para fins agrícolas. A popularidade cresceu rapidamente, o que motivou a fundação da Associação Americana de Importadores e Criadores de Cavalos Belgas de Tração, em 1887, no estado de Indiana. Com o passar do tempo, essa associação passou a se chamar Corporação Americana de Cavalos de Tração Belgas.

Apesar do sucesso, a mecanização do campo após a Segunda Guerra Mundial reduziu drasticamente o uso de cavalos para trabalho, tanto na Europa quanto nos EUA. Nos anos 1950 e 1960, enquanto os criadores americanos priorizavam animais mais altos e elegantes, com menos pelos nas pernas, alguns entusiastas passaram a resgatar o tipo mais antigo e robusto da raça — entre eles, o criador Albert Stankiewicz.
Junto à criadora Anne Harper, Stankiewicz deu início ao que hoje se conhece como Brabante Americano, uma linhagem que busca preservar as características originais do cavalo de tração europeu pré-guerra. Os animais dessa linhagem possuem entre 25% e 99% de sangue belga europeu, sendo oficialmente reconhecidos desde 1999, com a fundação da Associação Brabante Americana.
O Brabante é conhecido por sua aparência maciça, ossatura densa e natureza gentil. Apesar do tamanho imponente, é uma raça calma e fácil de lidar, ideal até mesmo para cavaleiros iniciantes. Seus corpos são compactos, de baixa estatura em relação ao comprimento, com pelagem espessa que varia entre baia, ruão baio, castanho, ruão castanho, ruão azul e cinza.
No entanto, o Brabante cinza verdadeiro está em risco de extinção, com poucos exemplares restantes no mundo. Isso preocupa criadores e associações, que lutam pela preservação da variedade original.
Outro ponto importante é o metabolismo da raça. Por serem propensos ao ganho de peso e à desidratação, esses cavalos exigem atenção especial em climas quentes e durante tarefas prolongadas. Apesar disso, sua resistência e adaptabilidade os tornam valiosos para o trabalho em fazendas, especialmente onde o uso de máquinas ainda é limitado.

Além da força bruta, o Brabante também é valorizado por seu temperamento dócil e cooperativo, características essenciais para animais de tração. Seja puxando carroças, arando terras ou transportando madeira em regiões de difícil acesso, o cavalo Brabante representa o elo entre a força do campo e a tradição centenária da criação equina de trabalho.
Preservar essa raça é preservar a história do trabalho rural na Europa e nas Américas. Hoje, com iniciativas de criadores e associações dedicadas, como a American Brabant Association, o Brabante continua sua jornada como símbolo de potência, resistência e nobreza.
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