Conheça a pitaya, o fruto que pode render mais de R$ 100 mil por hectare

O cultivo da pitaya, fruto também conhecida como “flor-do-dragão”, segue atraindo cada vez mais produtores, já que o cultivo do fruto no Brasil pode render mais de R$ 100 mil por hectare.

Ganhar R$ 100 mil por hectare é algo possível? Sim. O cultivo da pitaya – termo “pitaia” significa “fruta escamosa” -, também conhecida como “flor-do-dragão”, tem atraído cada vez mais investidores e produtores no Brasil. O fruto de várias espécies de cactos epífitos dos gêneros Hylocereus e Selenicereus, originária do México e de países da América Central, se destaca não apenas por seu sabor exótico e aparência chamativa, mas também pelos benefícios à saúde, ela contém os minerais essenciais, vitaminas do complexo B e vitamina C, além de ser uma alternativa para o combate ao colesterol e auxiliar em regimes alimentares.

Investimento inicial e custos de produção da pitaya

A implantação de um hectare de pitaya exige um investimento significativo, podendo chegar a R$ 60 mil, devido aos custos com tutores, sistema de irrigação e mudas. Apesar disso, a cultura apresenta uma rentabilidade impressionante: com uma produtividade estabilizada de 20 toneladas por hectare, o retorno financeiro pode atingir R$ 100 mil anuais a partir do terceiro ano.

A produção é feita em três safras anuais, com cada safra podendo durar até oito meses, e o pico de colheita ocorre entre dezembro e maio. Em condições ideais, uma planta pode produzir de 200 a 250 frutos por pé, totalizando até 70 kg por planta por ano, com frutas que pesam entre 200 e 600 gramas, podendo chegar a 1 kg.

Floração e frutificação da pitaya

A pitaya é conhecida por sua capacidade de produzir grandes quantidades de frutos, com até nove floradas por safra. Embora os primeiros frutos possam surgir no primeiro ano de cultivo, a produção comercial está plenamente estabilizada apenas no terceiro ano. Cada hectare pode render frutas suficientes para compensar até cinco vezes o custo de produção.

Aspectos técnicos do cultivo

Antes de iniciar a produção, é crucial realizar uma análise completa do solo para garantir sua adequação ao cultivo da pitaya. O plantio pode ser feito durante todo o ano, sendo os meses entre março e junho os mais indicados no Brasil. O clima ideal para a cultura é entre 18°C e 26°C, e os solos devem ser bem drenados para evitar acúmulo de água.

Etapas para o sucesso no cultivo:

  1. Escolha das mudas: Utilize variedades de qualidade, preferencialmente autopolinizáveis, como a Pitaya BRS Luz do Cerrado ou a Pitaya Vermelha da Nicarágua.
  2. Espaçamento adequado: O ideal é de 2 a 4 metros entre as plantas.
  3. Irrigação regular: Fundamental, especialmente em períodos de seca.
  4. Adubação: Use fertilizantes ricos em nitrogênio, potássio e fósforo para estimular o desenvolvimento.

A instalação de um pomar orgânico, sem o uso de agrotóxicos, é uma prática recomendada para atender às demandas do mercado por produtos mais sustentáveis. Técnicas como rotação de culturas e uso de bioinsumos ajudam no controle de pragas e doenças.

Pitaya. Foto: Webysther Nunes

Técnicas de cultivo e espaçamento

Para garantir uma produção saudável e lucrativa, é necessário seguir as boas práticas agrícolas. O plantio deve respeitar um espaçamento de 2 a 5 metros entre linhas e 2 a 4 metros entre plantas, totalizando cerca de 500 pés por hectare. A profundidade ideal das covas é de 60 centímetros, com subsolagem do solo até 50 cm para garantir boa drenagem e crescimento das raízes.

A pitaya é uma planta que exige irrigação regular, especialmente em períodos secos, e solos bem drenados. Para garantir a polinização cruzada, é importante plantar espécies compatíveis próximas umas das outras, já que muitas variedades apresentam auto incompatibilidade e não conseguem se auto fecundar.

Por Fibonacci, CC BY-SA 3.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=564936

Produção orgânica e manejo sustentável

O cultivo orgânico da pitaya é altamente recomendado, utilizando bioinsumos, rotação de culturas e plantas companheiras para controle de pragas e doenças. Essas práticas não apenas garantem frutas de alta qualidade, mas também atendem à crescente demanda do mercado por produtos mais sustentáveis.

Uma opção para produtores que desejam evitar a polinização manual é escolher variedades autopolinizáveis, como a Hylocereus undatus, que, embora exija cuidados com a posição dos órgãos reprodutivos, dispensa a necessidade de outra planta próxima.

Variedades da pitaya e demanda no mercado

As principais variedades comercializadas no Brasil são:

  • pitaya-branca (Hylocereus undatus): Casca rosada e polpa branca, mais comum e acessível.
  • pitaya-amarela (Hylocereus megalanthus): Casca amarela e polpa branca, com sabor mais doce.
  • pitaya-vermelha (Hylocereus polyrhizus): Casca e polpa avermelhadas, rica em antioxidantes.

A pitaya-amarela, por ser uma das variedades mais raras, alcança preços mais elevados, o que a torna uma excelente opção para nichos de mercado.

Cultivares de pitaya da Embrapa; Foto: Isabella Viana

Desafios e oportunidades

Embora o cultivo da pitaya demande investimento inicial elevado e manejo especializado, o potencial de retorno financeiro e o crescimento da demanda no mercado interno e externo fazem da fruta uma excelente oportunidade para pequenos e médios produtores.

Além disso, sua versatilidade de consumo e os benefícios à saúde consolidam a pitaya como um produto promissor no agronegócio brasileiro. Para quem está disposto a investir, a “flor-do-dragão” pode se tornar uma verdadeira mina de ouro verde.

Maior produtor do Brasil

  • Destaque para Santa Catarina
    • O Sul do Brasil lidera a produção de pitaya no país, com 90% da colheita nacional. Dentro desse cenário, o Sul catarinense assume protagonismo, concentrando 90% da produção estadual. Municípios como São João do Sul, Turvo, Jacinto Machado, Santa Rosa do Sul e Sombrio são referências nessa cultura.
  • Pequenas Propriedades, Grandes Resultados
    • A área média de cultivo nas propriedades varia entre 0,5 e 4 hectares, destacando o papel da pitaya como uma alternativa viável para a agricultura familiar. Além de diversificar a produção, a fruta tropical tem sido uma importante fonte de renda para os produtores locais.
  • Crescimento e Potencial
    • Com as condições climáticas favoráveis e o mercado em expansão, a pitaya está se consolidando como uma das principais culturas do Sul catarinense, fortalecendo a economia local e incentivando o desenvolvimento sustentável.

Embrapa revoluciona a produção de pitaya com cultivares geneticamente superiores

  • Inovação para o campo
    • Cientistas da Embrapa Cerrados (DF) desenvolveram cinco novas cultivares de pitaya geneticamente superiores: BRS Lua do Cerrado, BRS Luz do Cerrado, BRS Granada do Cerrado, BRS Minipitaya do Cerrado e BRS Âmbar do Cerrado. Lançadas em 24 de maio de 2023, durante a AgroBrasília, essas são as primeiras variedades registradas no Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).
  • Vantagens para produtores e meio ambiente
    • Com características que incluem resistência a doenças e bom desempenho em pomares sem uso de químicos, essas cultivares são ideais para o cultivo orgânico, reduzindo o impacto ambiental e os custos de produção. Os frutos são bem doces, com polpa firme, e as plantas possuem manejo simples e alta produtividade.
  • Organização e crescimento do mercado
    • O lançamento busca uniformizar e organizar a produção de pitaya, uma cultura que tem conquistado cada vez mais espaço entre produtores e consumidores no Brasil. As novas cultivares prometem impulsionar a expansão sustentável e rentável dessa fruta no mercado nacional.

Dessa forma, o cultivo da pitaya se torna uma excelente fonte de renda para produtores que desejam diversificar sua produção e utilização da área. Ainda na diversificação com o retorno da terra, o agricultor familiar pode ter, nesse fruto, uma das grandes fontes de renda para sua família. Para saber mais sobre o tema e acompanhar o mercado, não deixe de acessar o Portal Compre Rural.

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