Conheça a mulher por trás da seleção da Fazenda Elge

Conheça um pouco mais da médica veterinária e pecuarista Guta Alonso, atualmente a frente da Fazenda Elge; seleção preserva linhagem centenária do Nelore no Brasil

A médica veterinária e pecuarista Guta Alonso foi embaixadora do evento “Encontros que Conectam Mulheres – Edição: A Magia da Pecuária”, realizado nos dias 13 e 14 de março em Uberaba, no triângulo mineiro. Nascida para o agronegócio, Guta se dedica à seleção do Nelore Lemgruber na Fazenda Elge.

Para ela, esse modelo de encontro é importante para mostrar para as mulheres que às vezes acham ‘que esse é um mundo muito distante’. “Eu acho que esse evento gera conexões entre pessoas de todas as áreas. Então, traz a área de nutrição, reprodução, quem fornece genética e quem usa genética. Tem muitas mulheres que acabam fazendo sucessão e nem sabem, nem estavam no meio desse negócio, então, diferente de mim, que tive a oportunidade de viver na fazenda, eu sei que essa é a realidade de muitas das mulheres”, destacou Guta.

A profissional que está na liderança da Fazenda Elge desde o falecimento do seu pai, há 10 anos, falou em entrevista ao Compre Rural como está sendo a rotina.

O que me fez continuar e conseguir tocar foi ter um propósito. Quando eu assumi a fazenda eu sabia os desafios que ele tinha passado, eu vi quanto meu pai, penou, lutou, acreditando que ele podia fazer dar certo. Então, quando ele faleceu, eu falei, eu não posso largar a mão. Então, o meu propósito era continuar com aquele trabalho tão bonito da Elge e continuar levando a fazenda cada vez mais para a tecnologia, para as pessoas conhecerem. Na época que o papai faleceu, a fazenda tinha tido o primeiro touro contratado por uma central, inclusive com a Genex, e eu não podia deixar aquilo morrer. Então eu tinha um propósito, um propósito de mostrar o quanto o Lemgruber é um gado adaptado, uma linhagem boa”, destacou Guta.

A escolha dessa linhagem se deu pelo fato de seus animais, serem adaptados a pasto, rústicos, dóceis, pesados e de boa habilidade materna.

A vida profissional de Guta foi direcionada desde o início para o trato de equinos, porém, após o falecimento do pai, em 2015, aos 59 anos de idade, a sua trajetória nessa área passou por uma mudança. “Eu me dedicava à Medicina Veterinária em nossa propriedade em Piracaia (SP) com uma central de reprodução de equinos, pensionato e criação de cavalos Mangalarga Paulista, e tinha recém virado mãe. Com isto, assumi os negócios do meu pai e decidi dar continuidade ao trabalho dele na Fazenda ELGE e honrar sua paixão pelo Lemgruber. A partir daí, resolvi reposicionar o negócio no mercado, seguindo o que ele fazia, mas investindo em marketing para dar mais visibilidade à marca”, contou a médica-veterinária.

A Fazenda ELGE se dedica à criação do Nelore da Linhagem Lemgruber desde 1997, quando seu fundador, Ricardo Augusto Alonso, iniciou uma franquia selecionando animais em parceria com a Fazenda Mundo Novo – Nelore Lemgruber, da família Penteado Cardoso./ “Meu pai foi embora muito cedo, ele era apaixonado por esse projeto do Lemgruber, que é o projeto que eu toco hoje em Dois Irmãos do Buriti, no Mato Grosso do Sul” – disse Guta.

Leilão Virtual Nelore Lemgruber -Mato Grosso do Sul - touros nelore
Foto: Fazenda ELGE

Sobre os desafios da porteira para dentro, a pecuarista falou da importância da fazenda ter processos para facilitar a administração do dia a dia e também a gestão de pessoas. “Então, gerir esses processos, não só saber como eles funcionam, mas ter as mensurações, saber a gestão, os índices ou técnicos, isso é tudo muito desafiador. Então, acho que mexer com pessoas, com processos e com a gestão de índices é super desafiador dentro da fazenda”, disse.

Já sobre os desafios da porteira para fora, ela acredita que a questão da comunicação do agro está mais complicada. “A gente tem que mostrar, trabalhar, fazer e não precisar ficar debatendo, discutindo com quem fala qualquer coisa, é só mostrar o que a gente faz. A gente não leva o Brasil nas costas porque tem serviços, mas nós somos uma grande potência dentro do país. Então, eu acho que isso é uma grande questão hoje em dia, essa deturpação do que a gente faz aqui dentro. Temos que trazer essa gente para o nosso lado, é diferente de discutir com eles, mas trazer eles para perto da gente. Eu acho que esse é o maior desafio hoje. E, também toda a questão de tributação. Mas, eu acho que nós somos pessoas resilientes, batalhadoras e o agro é de ciclos, mas a gente acredita no que a gente faz e ama”, explanou.

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ATOL DA ELGE

O termômetro do sucesso do trabalho de melhoramento genético da fazenda são os vários touros da raça Nelore contratados pelas centrais de inseminação. Podemos citar aqui: Chumbo da Elge, Coral da Elge, Caçador da Elge e Atol da Elge, esse último com mais de 150 mil doses de sêmen comercializadas, todos pela Semex.

Já na Genex estão Tenor da Elge, Lageado da Elge e Baru da Elge, com mais de 100 mil doses de sêmen comercializadas pela central, uma das líderes globais em genética e inseminação artificial bovina, com mais de 80 anos de experiência no mercado.

Para Guta é importante que o produtor aprenda a conversar com os seus clientes, as pessoas que vão utilizar a genética para assim estar alinhado sempre com o mercado, além de estar sempre olhando para o futuro. E, o grande desafio do pecuarista selecionador de genética é dele entender a responsabilidade que ele tem, pois é a semente do melhoramento do gado comercial, que é de onde sairá a produção de carne. 

A pecuária é a passos largos, então lá atrás, quando que a gente ia pensar que a gente ia ter genômica? Quando a gente pensou que já estamos falando de metabolômica, já estamos. Não somos nós que vamos produzir a carne, mas a gente é responsável por essas sementes que vão se espalhar nas propriedades. Então eu acho que a gente tem que estar olhando o futuro, estar aqui fazendo, e sempre ver o que tem de mais moderno, entender o que é um gado eficiente”, destacou Guta.

Para finalizar a entrevista exclusiva ao portal Compre Rural, Guta falou da importância de deixar claro o quanto o pecuarista brasileiro é ecologicamente correto como, por exemplo, com a questão do carbono friendly, um selo que certifica que uma empresa compensou parcialmente as suas emissões de gases de efeito estufa (GEE).

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