
Diferente das culturas tradicionais usadas na produção de biocombustíveis, como soja e milho, as algas não competem com a produção de alimentos nem precisam de áreas agrícolas produtivas para crescer
Buscar fontes de energia que sejam ao mesmo tempo eficientes e sustentáveis se tornou uma prioridade no campo. Com os custos dos combustíveis fósseis em alta e a pressão por práticas mais conscientes crescendo, produtores rurais têm olhado com atenção para alternativas que possam garantir autonomia energética sem agredir o meio ambiente.
É nesse cenário que o biodiesel de algas começa a ganhar espaço. Com alto rendimento por hectare e sem competir com culturas alimentares por terra, essa tecnologia surge como uma solução promissora para transformar áreas improdutivas em centros de produção de energia limpa — oferecendo ao produtor uma nova forma de gerar renda e contribuir para a sustentabilidade no agronegócio.
Por que as algas são promissoras como fonte de energia?
Diferente das culturas tradicionais usadas na produção de biocombustíveis, como soja e milho, as algas não competem com a produção de alimentos nem precisam de áreas agrícolas produtivas para crescer. Isso significa que podem ser cultivadas em locais improdutivos, aproveitando espaços ociosos e recursos hídricos de baixa qualidade, como águas residuais.
As microalgas, como Chlorella e Nannochloropsis, apresentam um rendimento impressionante: estima-se que sejam capazes de gerar até 30 vezes mais óleo por hectare do que culturas terrestres. Durante o crescimento, absorvem dióxido de carbono, contribuindo para a redução de gases poluentes na atmosfera.

Como funciona o processo de produção?
Tudo começa com o cultivo das algas, que pode ser feito em tanques abertos, mais simples e de menor custo, ou em fotobioreatores, sistemas fechados que permitem controlar com precisão fatores como luz, temperatura e nutrientes. Essa etapa é essencial para garantir o alto teor lipídico das algas, necessário para a extração do óleo.
Depois de cultivadas, as algas passam por um processo de separação do óleo. A extração pode ser feita por prensagem mecânica – mais sustentável e acessível – ou por meio de solventes químicos, que exigem maior controle técnico, mas garantem maior rendimento.
O óleo extraído ainda precisa ser purificado antes de ser transformado em biodiesel. A etapa final, chamada de transesterificação, envolve uma reação química com metanol ou etanol, em presença de um catalisador, para converter o óleo em biodiesel e glicerina.
O combustível gerado pode ser usado diretamente em motores a diesel convencionais, oferecendo uma alternativa prática e sustentável ao diesel de origem fóssil.
Quais são os benefícios para o produtor rural?
Para o campo, o biodiesel de algas representa muito mais do que uma nova fonte energética. Ele abre caminhos para a geração descentralizada de energia, permitindo que propriedades rurais produzam seu próprio combustível, reduzam custos operacionais e aumentem sua independência energética.
Há também um grande potencial de integração com outras atividades agropecuárias. Resíduos da criação de animais, por exemplo, podem servir como fonte de nutrientes para o cultivo das algas, promovendo um sistema fechado de reaproveitamento – um verdadeiro exemplo de economia circular.
Desafios e perspectivas

Apesar de suas vantagens ambientais, produtivas e econômicas, o biodiesel de algas ainda enfrenta barreiras para sua ampla adoção. Os custos iniciais de produção são elevados, e a tecnologia, embora promissora, ainda precisa ser aprimorada para se tornar competitiva em larga escala.
Mesmo assim, o cenário é animador. Com investimentos em pesquisa e desenvolvimento, o setor agrícola pode, em breve, incorporar essa alternativa energética de forma mais acessível. E com a crescente demanda global por soluções sustentáveis, o biodiesel de algas surge como uma aposta sólida para o futuro da energia no campo.
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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