
Nova linha férrea entre Rondonópolis e Lucas do Rio Verde vai mudar a lógica logística do agro brasileiro, desafogando a BR-163 e ampliando em até 60% a produção agrícola mato-grossense sem desmatamento
A Rumo Logística, maior operadora ferroviária independente do país, está protagonizando uma revolução na infraestrutura do agronegócio brasileiro com a construção de uma nova ferrovia de 740 km entre Rondonópolis e Lucas do Rio Verde, no Mato Grosso. Com investimento total de até R$ 6,5 bilhões, a obra visa oferecer uma alternativa eficiente à saturada BR-163, considerada de qualidade apenas “regular” pela Confederação Nacional de Transportes (CNT).
O novo corredor ferroviário promete conectar diretamente o principal polo produtor de grãos do país ao Porto de Santos (SP), reduzindo a dependência do modal rodoviário e elevando a eficiência logística. A expectativa é que a obra esteja concluída entre 2028 e 2029, mas o primeiro terminal, em Dom Aquino (MT), já deverá entrar em operação em 2026, com capacidade para movimentar 10 milhões de toneladas anuais.
Para a vice-presidente de Relações Institucionais da Rumo, Natália Marcassa, a iniciativa permitirá um aumento de até 60% na produção agrícola no Mato Grosso sem necessidade de desmatamento, apenas convertendo áreas de pastagem em lavoura. “Essa ferrovia é a base para a expansão sustentável da produção. Não há como transportar esse volume todo por caminhão”, afirmou em entrevista ao videocast Exame Infra.
Megaobra, megaimpacto da Rumo
A obra vai atravessar 16 municípios mato-grossenses, incluindo um ramal para Cuiabá. O trecho inicial de 160 km entre Primavera do Leste, Tomaquino e Campo Verde está previsto para ser o primeiro a entrar em operação.
A Rumo projeta transportar entre 82 e 86 bilhões de TKUs (toneladas por quilômetro útil) em 2025, crescimento superior a 2% sobre 2024. O EBITDA previsto é de até R$ 8,7 bilhões, superando os R$ 7,7 bilhões do ano anterior.
O projeto também promete gerar mais de 160 mil empregos apenas durante a fase de construção e viabilizar o transporte de até 120 milhões de toneladas de grãos e 20 milhões de toneladas de bens industriais nos primeiros nove anos de operação.
Expansão estratégica até o Porto de Santos
Paralelamente à nova ferrovia, a Rumo está investindo na ampliação do Terminal de Uso Privado (TUP) operado pela DPW no Porto de Santos, em parceria com a cooperativa americana CHS. O plano prevê dois novos berços de atracação e aumento da capacidade em 10 milhões de toneladas para grãos e 3 milhões para fertilizantes.
Além disso, a duplicação da Malha Paulista — principal ligação ferroviária do interior paulista com o Porto de Santos — deve elevar a capacidade de transporte para até 80 milhões de toneladas até 2028, frente aos atuais 55 milhões.
Sustentabilidade e desafios de financiamento
A nova ferrovia será uma alternativa menos poluente, com emissões de carbono até 8 vezes menores do que as do transporte rodoviário. No entanto, segundo Marcassa, ainda falta acesso a linhas de financiamento verde, como o Fundo Clima. Atualmente, 70% dos recursos do BNDES para transporte ainda são destinados a rodovias, um desequilíbrio que precisa ser corrigido para acelerar a transição logística sustentável.
Mesmo diante das limitações de crédito, a empresa segue firme nos planos: “Ferrovia só se paga com escala e carga pesada. E é exatamente isso que o agro do Centro-Oeste oferece”, resume a executiva.
Com esse projeto, a Rumo reforça sua posição de protagonista na logística ferroviária nacional, transformando a realidade do escoamento de grãos no Brasil e pavimentando o caminho para um agronegócio mais eficiente, competitivo e sustentável.
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