Plano de “manipulação climática” busca multiplicar agricultura do país, maior importador do Brasil; Mas plano cria apreensão pelo mundo, veja!
O governo chinês vem usando programas de manipulação do clima há anos e, em dezembro do ano passado, deu um passo além: anunciou sua meta de expandir substancialmente sua capacidade operacional nessa área. A China planeja expandir seu programa de chuva e neve artificial para cobrir 5,5 milhões de quilômetros quadrados até 2025, quase 60% de seu território (quase três vezes o México).
O governo elaborou um guia, anunciado em 2 de dezembro do ano passado, para o desenvolvimento e expansão do programa de “manipulação do clima”. A iniciativa gerou preocupação em países vizinhos, como a Índia, em meio às incertezas sobre o impacto dessa tecnologia e tensões regionais, lembrando que o país é o maior importador de produtos do Brasil.
O comunicado acrescentou que o programa ajudará no socorro a desastres, produção agrícola, respostas emergenciais a incêndios em florestas e pastagens e no enfrentamento de altas temperaturas ou secas.
No caso da agricultura, o projeto tem potencial de, inclusive, transformar áreas não agricultáveis em lavouras produtivas para atender o mercado interno chinês. O país é, atualmente, o maior importador global de diversos itens agrícolas, como soja, carnes e outros.
Entre 2012 e 2017, a China gastou mais de US$ 1,34 bilhão em vários programas de modificação do clima. No ano passado, de acordo com a agência de notícias estatal Xinhua, a modificação do clima ajudou a reduzir 70% dos danos causados pelo granizo na região oeste da China de Xinjiang, uma importante área agrícola.
Três objetivos específicos foram estabelecidos:
O primeiro é que até 2025 “a área afetada pelas operações para aumentar a chuva artificial (ou neve) alcance mais de 5,5 milhões de quilômetros quadrados”.
O governo também quer, até a mesma data, que “a área protegida por operações de prevenção de granizo chegue a mais de 580 mil km².
O terceiro objetivo é que “em 2035 um ‘nível avançado geral’ seja alcançado por meio da inovação em pesquisas e tecnologias essenciais, bem como uma ‘prevenção abrangente de riscos de segurança'”.
Semeando nuvens
Mas a chamada “semeadura de nuvens” não é uma tecnologia nova.
“Muitos países usam essa tecnologia [semeadura de nuvem]. A China já usa há muito tempo, a Índia também usa. Também se usa a técnica na África subsaariana e no nordeste do continente asiático, onde há muitas secas problemáticas. Na Austrália também”, explica Dhanasree Jayaram, especialista em clima na Academia Manipal de Educação Superior em Karnataka, Índia.
No entanto, diz Jayaram, a escala dos projetos existentes não é tão grande quanto o plano de Pequim.
A semeadura de nuvens consiste na pulverização de compostos químicos como o iodeto de prata nas nuvens — as partículas das substâncias funcionam como núcleo de condensação para o vapor, gerando chuva.
As primeiras pesquisas sobre a técnica começaram no final da década de 1940, principalmente nos Estados Unidos. Mas ainda existem grandes questionamentos sobre esse método.
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Quem é o dono da chuva?
As dúvidas sobre essa técnica não impediram a China de investir nela, o que alimenta as preocupações dos países vizinhos em um momento de crescentes disputas entre o gigante asiático e outros países.
“Um dos temores de que essa tecnologia seja aplicada massivamente na China é de que ela tenha um impacto nas monções de verão na Índia, que também são fundamentais para toda a região”, diz Dhanasree Jayaram.
O especialista acredita que esse tipo de anúncio poderia ter passado despercebido se a relação entre os dois países estivesse em um momento melhor. Mas tensões fronteiriças, com diversos confrontos entre soldados dos dois países, aumentaram o sentimento anti-chinês na Índia.