China reconhece oficialmente que soja do Brasil substitui grãos dos EUA

A afirmação foi feita nesta segunda-feira por Zhao Chenxin, vice-diretor da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, sinalizando uma mudança estratégica nas importações chinesas

Em um movimento inédito, autoridades da China reconheceram publicamente que a soja brasileira tem plenas condições de substituir os grãos dos Estados Unidos no abastecimento do país asiático. A afirmação foi feita nesta segunda-feira por Zhao Chenxin, vice-diretor da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, sinalizando uma mudança estratégica nas importações chinesas.

Segundo Zhao, a segurança alimentar da China está assegurada, mesmo diante da possibilidade de interrupções nas importações americanas de soja, milho e sorgo. O dirigente destacou que o mercado internacional oferece alternativas em quantidade suficiente e que o país ainda conta com reservas internas robustas. “Mesmo sem as aquisições de grãos forrageiros e oleaginosas dos EUA, o fornecimento doméstico de grãos continuará estável“, declarou, conforme reportado pela Bloomberg.

Essa manifestação acontece em um contexto de forte incremento nas importações de soja da América do Sul. A expectativa é que Brasil, Argentina e Uruguai enviem, juntos, mais de 30 milhões de toneladas de soja para a China entre abril e junho — um recorde para o período, de acordo com a agência.

O aumento das compras da América do Sul é consequência direta da estratégia chinesa de diversificação de fornecedores, adotada após o início da guerra comercial com os Estados Unidos, marcada pela imposição de tarifas durante o governo de Donald Trump.

Embora o início da colheita brasileira tenha enfrentado dificuldades, resultando em atrasos logísticos e interrupções momentâneas na operação de esmagadoras chinesas, a situação tende a se normalizar com o avanço das entregas nos próximos meses. Yin Ruifeng, do Centro de Informações Agrícolas da China, reforçou que o cenário de oferta deverá se estabilizar à medida que novas cargas desembarcarem.

A recente escassez de farelo de soja, reflexo da queda nas importações em março — o volume mais baixo em mais de uma década —, elevou os preços do produto em Dalian ao maior nível desde dezembro de 2023. Paralelamente, os estoques nos portos chineses recuaram e estão próximos do menor patamar registrado nos últimos cinco anos.

A nova postura chinesa, portanto, reforça a importância crescente da América do Sul no cenário global de abastecimento agrícola e aponta para mudanças duradouras nas cadeias de fornecimento.

Escrito por Compre Rural

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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