China oferece esperança para mercados de carne

Falas são da Cargill, maior trading de commodities agrícolas do mundo; otimismo afetará diretamente o Brasil, que exporta grande parte de sua produção

Em diversos países, as prateleiras de carne bovina e de aves dos supermercados estão vazias. Mas a Cargill, maior trading de commodities agrícolas do mundo, diz que, quando se olha para a China, há motivos para ser otimista.

Governos têm pedido que a população fique em casa para evitar a propagação do coronavírus. Com isso, consumidores correram aos supermercados em várias partes do mundo e estocaram carne nos congeladores. Mas a demanda de restaurantes tende a cair devido às medidas de bloqueio.

A China enfrentou os mesmos problemas, apenas alguns meses à frente do resto do mundo. Após a corrida aos supermercados que deixou prateleiras vazias e a queda do consumo de carne no setor de restaurantes, a vida começa a voltar ao normal no país asiático, assim como a demanda por carne, disse Brian Sikes, responsável pela divisão de proteína e sal da Cargill.

“Começamos a ver um retorno da demanda na China e isso é encorajador quando pensamos no resto do mundo”, disse Sikes.

A unidade de processamento de aves da Cargill na China opera com capacidade de pelo menos 80%, acima dos 30% a 40% durante a pior fase do surto, segundo Sikes.

As pessoas estão de volta às ruas e tocando os negócios. Além disso, a China disse agora que permitirá que o transporte seja retomado em Wuhan em 8 de abril, efetivamente encerrando a ampla quarentena na cidade onde surgiu o vírus.

Na América do Norte, ainda há compra motivada por pânico. Os frigoríficos da Cargill operam a plena capacidade e a empresa têm feito mudanças para abastecer supermercados, disse o executivo.

Consumidores têm estocado frango, carne bovina e suína, aumentando a demanda de curto prazo, quando cidades como Los Angeles, Chicago e Nova York entram em confinamento e restaurantes fecham na tentativa de conter a pandemia de coronavírus.

“Vimos algumas prateleiras vazias que nós, certamente como norte-americanos e em muitas partes do mundo, não estamos acostumados a ver”, disse Sikes. “Nossa expectativa é de que nas próximas semanas haverá um equilíbrio. Isso ocorreu em partes da Ásia, então esperamos que na América do Norte aconteça o mesmo.”

Não há falta de proteína, de acordo com Sikes. Prateleiras vazias refletem os obstáculos envolvidos em levar o alimento onde é preciso. Mas os mercados de carne estavam bem abastecidos e estocados antes da pandemia.

Na Europa, onde a Cargill está mais voltada ao fornecimento de restaurantesca, o cenário é diferente. A empresa teve que fechar a divisão de aves francesa focada em serviços de alimentação, que é líder no fornecimento de produtos de frango à milanesa para o McDonald’s. A empresa também espera impacto do bloqueio no Reino Unido.

A Cargill ainda não projeta queda da demanda geral de carne, já que as compras no varejo ajudam a compensar o menor consumo em restaurantes. Ainda assim, é provável que ocorra uma mudança no tipo de proteína comprada por causa dos impactos econômicos do vírus. As compras de aves e frutos do mar devem aumentar em alguns países onde esses produtos são mais baratos.

A China está muito à frente de outros países e o histórico de epidemias anteriores ajudou o país a responder rapidamente ao vírus, disse Sikes. O país já havia enfrentado o surto da Síndrome Respiratória Aguda Grave, ou SARS, quase duas décadas atrás.

“Os chineses estão mais adiantados, entendem o distanciamento social. Eles passaram por coisas que, de certa forma, os tornam mais preparados do que nós aqui na América do Norte”, disse. “Realmente vemos um retorno da demanda.”

Via Money Times

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