
Raças bovinas taurinas como Angus, Simental e Charolês ganham protagonismo no cruzamento com Nelore e despertam atenção de pecuaristas em busca de maior rentabilidade e qualidade de carne
Em regiões como o Pará, onde a pecuária de cria avança em ritmo acelerado, muitos produtores vêm investindo em genética – raça bovina ideal – para maximizar o valor de suas bezerradas. O cruzamento industrial — especialmente entre vacas Nelore e touros taurinos — tem se mostrado uma estratégia eficiente para aumentar o peso à desmama, melhorar o acabamento de carcaça e atender à crescente exigência do mercado por carne de qualidade.
Neste cenário, o Angus se consolidou como a principal escolha para cruzamentos. A raça caiu no gosto dos invernistas e dos exportadores, principalmente pela boa aceitação dos bezerros meio-sangue, tanto machos quanto fêmeas. Mas essa hegemonia está começando a ser questionada por quem observa outras possibilidades com grande potencial produtivo e comercial, como o Charolês e o Simental.
A dúvida que surge entre muitos pecuaristas da região é clara: será que outras raças taurinas, como o Charolês e o Simental, podem superar o desempenho do Angus nos cruzamentos com o Nelore? E o mais importante — o mercado está preparado para valorizar esses animais da mesma forma?
Vamos analisar os pontos fortes e as particularidades de cada cruzamento para entender qual pode entregar mais rentabilidade no campo.
Angus: O cruzamento consolidado no mercado

O meio-sangue Angus-Nelore tornou-se referência nos cruzamentos industriais no Brasil. No Norte, a vantagem é ainda mais clara: os machos meio-sangue pretos são altamente valorizados para exportação viva. Compradores internacionais, principalmente do mercado árabe, exigem esse padrão e pagam bem por ele.
As fêmeas também têm excelente aceitação na indústria frigorífica, sendo destinadas tanto ao abate precoce quanto, em alguns casos, à reprodução. O cruzamento com Angus é um caminho seguro para quem busca liquidez e valorização rápida no campo.
Black Simental: força e rendimento na desmama
Outra opção que vem ganhando espaço é o Simental de pelagem preta, o chamado Black Simental. Ele combina rusticidade com um ganho de peso impressionante. O destaque está na musculatura mais evidente e nas carcaças mais robustas, quando comparadas às do Angus.
Em sistemas voltados para a venda de bezerros, o cruzamento com Black Simental pode garantir uma desmama mais pesada, sem perder o padrão fenotípico exigido por muitos compradores: cerca de 80% dos bezerros nascem pretos e mochos, o que os torna igualmente valorizados no mercado.
As fêmeas podem ser reaproveitadas como matrizes de alto desempenho, o que aumenta a eficiência reprodutiva do rebanho.
Charolês: desempenho superior, mas com ressalvas de mercado

O Charolês é o campeão mundial de ganho de peso, e quando cruzado com o Nelore, entrega bezerros pesados, vigorosos e com excelente rendimento ao desmame. Esse desempenho atrai compradores que priorizam volume e eficiência.
Contudo, esse cruzamento gera animais de pelagem clara, o que pode limitar seu valor de mercado em algumas regiões. Em mercados que exigem animais pretos, como o da exportação viva ou da carne premium, isso pode ser um obstáculo. Mas onde o foco é peso e crescimento, o Charolês se destaca.
A chave está na escolha do biotipo, não só da raça bovina
Escolher a raça bovina certa é importante, mas mais ainda é selecionar os indivíduos adequados dentro de cada raça. Existem linhagens Angus, Simental e Charolês com diferentes aptidões — algumas voltadas para sistemas intensivos, outras para ambientes mais rústicos.
É fundamental alinhar a genética ao objetivo de produção: seja venda de bezerros, recria, engorda ou abate precoce. A estratégia precisa levar em conta o mercado disponível e o tipo de animal que esse mercado valoriza.
Decisão certa, lucro certo
O Angus segue liderando por sua ampla aceitação. Já o Black Simental e o Charolês surgem como opções promissoras para produtores que desejam explorar novos mercados ou otimizar o rendimento zootécnico do rebanho.
No final das contas, o lucro está na estratégia — e escolher o touro certo pode ser o diferencial entre uma safra comum e uma bezerrada valorizada no campo.
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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