
Conheça o haras do PCC que foi alvo da Operação Mafiusi. PF apreende bens ligados ao esquema de tráfico internacional de drogas operado pelo PCC em parceria com a máfia italiana; Vídeo
A Polícia Federal (PF) realizou na sexta-feira (28/2) uma operação que culminou na apreensão de dois cavalos de raça avaliados em R$ 3 milhões em um haras de Indaiatuba (SP). A ação faz parte da Operação Mafiusi, que investiga um esquema de tráfico internacional de drogas e lavagem de dinheiro operado pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) em parceria com a máfia italiana.
A ação de sexta-feira foi um desdobramento da primeira fase da Operação Mafiusi, deflagrada em 10 de dezembro de 2024, quando dez pessoas foram presas por envolvimento no esquema, que teria movimentado aproximadamente R$ 2 bilhões de forma ilegal.
Nesta nova etapa, a PF cumpriu dois mandados de busca e apreensão, sendo um deles no haras de Indaiatuba e outro em Santana de Parnaíba (SP), onde vive um dos principais operadores financeiros do esquema. Além disso, a Justiça determinou o bloqueio de R$ 31,5 milhões em bens dos investigados, incluindo imóveis, contas bancárias e aplicações financeiras.
O haras de luxo e os bens apreendidos na Operação Mafiusi
A propriedade alvo da operação, localizada em Indaiatuba, é avaliada em R$ 25 milhões e pertence a um dos líderes do PCC e seu principal operador financeiro. O local possuía infraestrutura de alto padrão, incluindo instalações para cavalos de corrida e uma série de bens de luxo. Além dos cavalos, a polícia encontrou relógios de luxo da marca Rolex, evidenciando o uso da propriedade para ocultar e movimentar valores ilícitos.
Entre os bens bloqueados e apreendidos, destacam-se:
- Dois cavalos Quarto de Milha, um avaliado em R$ 2 milhões e outro em R$ 1 milhão;
- R$ 31,5 milhões em bens e ativos financeiros;
- Propriedades imobiliárias de alto valor, incluindo o próprio haras;
- Relógios de luxo e outros artigos valiosos.

Conexão entre PCC e a máfia italiana
A investigação revelou que a facção criminosa brasileira opera em parceria com grupos mafiosos da Itália, coordenando um esquema de transporte de cocaína da América do Sul para a Europa.
O principal ponto de saída da droga era o Porto de Paranaguá (PR), com destino final nos portos de Valência (Espanha) e Antuérpia (Bélgica). A substância ilícita era escondida em contêineres de cerâmica, louça sanitária e madeira, além de ser transportada por aeronaves privadas.
A operação tem origem em 2019, quando dois membros da Ndrangheta, uma das mais influentes organizações criminosas italianas, foram presos em Praia Grande (SP). Desde então, a PF e autoridades internacionais monitoram as movimentações financeiras e estruturais da organização.
Cavalos de corrida e lavagem de dinheiro
A apreensão dos animais expõe mais um método de lavagem de dinheiro utilizado pelo crime organizado. Os cavalos pertenciam à raça Quarto de Milha, reconhecida mundialmente pela velocidade e desempenho em provas curtas.. Um caso semelhante ocorreu em 2022, quando investigações revelaram que o PCC havia lavado dinheiro com a compra de pelo menos 30 cavalos da raça Mangalarga Marchador..
Pronunciamento da Polícia Federal
A PF destacou que a ação foi um passo essencial para desmantelar o esquema financeiro do PCC. Segundo um porta-voz da corporação:
“O esquema envolvia movimentações ilícitas por meio de contas de passagem, uso de dinheiro em espécie, empresas fictícias e aquisição de bens de alto valor. Com essa operação, conseguimos atingir o núcleo financeiro da organização, comprometendo sua capacidade de continuar operando”, declarou a Polícia Federal.
Apesar das apreensões e bloqueios, nenhuma prisão foi realizada nesta etapa da operação, mas novas fases não estão descartadas. A PF continua monitorando os investigados e trabalhando para aprofundar as ligações entre o PCC e a máfia italiana.