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Cardápio forrageiro recomendado pela pesquisa para o Semiárido combina plantas de diferentes espécies e garante a alimentação animal em épocas de seca
Para assegurar alimentação na quantidade e qualidade adequadas para os rebanhos do Semiárido brasileiro, pesquisadores recomendam o que eles estão chamando de cardápio forrageiro, composto por plantas com diferentes estratégias de sobrevivência à seca. “O ideal é combinar variadas plantas porque no somatório de todas elas teremos uma estratégia que realmente leva a uma condição de tolerância à seca com melhor resiliência e maior produtividade”, explica a zootecnista Ana Clara Cavalcante, pesquisadora da Embrapa Caprinos e Ovinos (CE). Essa diversificação de espécies para a alimentação dos animais é a principal recomendação dos pesquisadores integrantes do Projeto Forrageiras para o Semiárido, realizado em parceria entre a Embrapa e a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
O cardápio é composto por plantas com características que resistem ao período de estiagem, que naquela região pode durar de seis a oito meses durante o ano. As plantas anuais como sorgo, milho ou milheto, por terem um ciclo de crescimento curto, escapam dos períodos mais secos e são utilizadas para fabricação de silagem. Essa silagem deve ser produzida e armazenada na época chuvosa para consumo do rebanho no período seco.
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As cactáceas e lenhosas perenes, por sua vez, são resistentes à seca e, no cardápio, compõem uma espécie de “poupança forrageira”. São aquelas plantas que ficam no campo e não perdem o valor nutritivo com o tempo.
As gramíneas perenes também são recomendadas, pois são tolerantes ao estresse hídrico e podem ser utilizadas para pastejo na época das águas e da seca, já que apresentam altos teores de nutrientes.
Como fazer o cardápio forrageiro
A composição do cardápio forrageiro é variável de acordo com as condições de clima e de solo da propriedade. “Algumas espécies são mais indicadas para um solo mais arenoso, outras para um solo mais argiloso, algumas têm maior tolerância aos veranicos (secas esporádicas durante o período chuvoso). Com base nisso é que montamos os cardápios personalizados para cada local, cada propriedade”, explica a pesquisadora da Embrapa.
São plantas com altos teores de nutrientes e resistência ao período de estiagem que, na região, pode durar até oito meses por ano.
A assessora técnica da CNA Ana Carolina Mera Fugimoto explica que um dos principais desafios do projeto de pesquisa é conscientizar os produtores de que não existe uma planta única que vai resolver o problema de alimentação do rebanho. “Por mais que uma espécie se destaque, não podemos trabalhar somente com ela. A diversificação ajuda a minimizar os riscos”, explica.
Plantas com maior potencial para o Semiárido
O projeto teve início no ano de 2017 e os dados obtidos até agora são considerados preliminares. “Não podemos afirmar com segurança quais espécies são recomendadas porque é necessário repetir os ensaios. Quanto mais tempo de coleta de dados, mais concisos serão os resultados”, afirma Ana Fugimoto.
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Os primeiros resultados sobre as plantas com maior potencial têm sido divulgados em dias de campo e eventos técnicos. Uma das que vem se destacando é o capim Buffel aridus. A espécie já é muito conhecida pelos produtores da região e apresenta alto desempenho quando manejado de forma adequada, embora sua semente tenha um valor cultural mais baixo que as outras sementes lançadas pela Embrapa na última década. “Atualmente a Empresa está trabalhando em um programa de melhoramento para esse gênero de capim e esperamos que os próximos materiais disponibilizados apresentem qualidade superior ao que existe no mercado hoje”, explica Ana Clara.
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Capins menos conhecidos pelos produtores do Semiárido, como Piatã e Quênia, também apresentaram bom desempenho nos testes. O Massai é uma gramínea com a qual a Embrapa trabalha há algum tempo e já tem uma série de recomendações disponíveis. Durante os ensaios do projeto, pesquisadores têm validado a boa resposta desse capim.
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As variedades de sorgo Ponta Negra e 658 também têm sido apontadas como uma boa alternativa para compor o cardápio forrageiro, por serem mais resistentes ao estresse hídrico. Já o milho apresenta uma produtividade inferior ao sorgo e ao milheto, por ser uma cultura que tem uma demanda específica de água para as várias fases do seu desenvolvimento. “Via de regra, é uma cultura que apresenta um grau de risco maior no processo de produção de forragem”, explica a pesquisadora.
Orientações personalizadas aos produtores
Os pesquisadores estão empenhados no desenvolvimento de modelos que relacionem a produção e a persistência das forrageiras que são testadas em diversas condições de clima e solo. Esses modelos serão resultado de coleta de informações geradas em Unidades de Referência Técnica (URTs) e disponibilizados aos produtores por meio de portal que também está sendo desenvolvido.
Os dados, levantados nos anos de 2017 e 2018 em 13 URTs instaladas em todos os estados do Nordeste brasileiro e norte de Minas Gerais, estão sendo processados pelo projeto Forrageiras para o Semiárido e devem ser repetidos até julho de 2021.
A composição do cardápio forrageiro é variável de acordo com as condições de clima e solo.
São conhecimentos que vão gerar um simulador, no qual o produtor poderá inserir dados sobre a quantidade de chuva na sua região e as características básicas do solo, e com isso receber recomendações mais próximas da sua realidade, para que a implantação das culturas tenha maiores chances de sucesso.
Serão fornecidas informações personalizadas sobre a melhor cultura anual, gramínea perene, cactácea e os consórcios com maiores chances de sucesso. Essa ferramenta vai incrementar o aplicativo Orçamento Forrageiro, já disponível para auxiliar o produtor no planejamento alimentar do seu rebanho.