Café robusta segue na marca histórica dos R$ 2.000 por saca; e a safra?

O café robusta registrou valores superiores a R$ 2.000,00 por saca de 60 kg, alcançando um patamar histórico desde o início da série em novembro de 2003. O preço elevado reflete um conjunto de fatores que envolvem condições climáticas adversas,

Desde o dia 17 de janeiro de 2025, o Indicador CEPEA/ESALQ do café robusta tipo 6, peneira 13 acima, registrou valores superiores a R$ 2.000,00 por saca de 60 kg, alcançando um patamar histórico desde o início da série em novembro de 2003. O preço elevado reflete um conjunto de fatores que envolvem condições climáticas adversas, oferta global restrita e aumento da demanda.

O mercado de café robusta atravessa um período de preços historicamente altos, impulsionado por desafios climáticos e dinâmicas de oferta e demanda. As perspectivas para a safra 2025/26 seguem incertas, exigindo atenção contínua de produtores, comerciantes e consumidores.

O que levou à alta dos preços do café

Condições climáticas adversas

O Brasil enfrentou sua pior seca em mais de sete décadas, afetando severamente as plantações de café, especialmente no estado de São Paulo. A escassez hídrica comprometeu o desenvolvimento dos cafeeiros, resultando em uma produção reduzida.

Oferta global restrita

A produção de café robusta no Vietnã, maior produtor mundial dessa variedade, também foi impactada por condições climáticas desfavoráveis. Secas prolongadas seguidas de chuvas intensas no início da colheita reduziram a oferta global, pressionando os preços para cima.

Aumento da demanda

O consumo doméstico de café no Brasil segue resiliente, enquanto as exportações registram volumes robustos. A crescente demanda, especialmente de mercados como a China, tem intensificado a pressão sobre os estoques já limitados.

Perspectivas para a safra 2025/26

As projeções para a próxima safra apresentam cenários distintos para as variedades de café:

Café arábica

A produção brasileira está estimada em 40 milhões de sacas, representando uma queda de 10,5% em relação ao ciclo anterior. A redução é atribuída às condições climáticas adversas que afetaram o desenvolvimento dos grãos.

Café robusta (conilon)

Em contrapartida, a produção de robusta deve alcançar 25,6 milhões de sacas, um aumento de quase 21%. Estados como Espírito Santo e Bahia são destaque, com previsões de crescimento de 27,8% e 31%, respectivamente.

Apesar dessas projeções otimistas para o robusta, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apresenta uma perspectiva mais conservadora, estimando a safra total de café em 53,2 milhões de sacas, uma redução de 6,8% em comparação a 2024. A discrepância nas estimativas ressalta a incerteza predominante no setor diante das variáveis climáticas e de mercado.

Impacto no mercado e no consumidor

A combinação de oferta restrita e demanda aquecida tem resultado em aumentos significativos nos preços ao consumidor. Grandes marcas como 3Corações, JDE (do café Pilão) e Melitta anunciaram reajustes nos preços de seus produtos, refletindo os custos mais elevados das matérias-primas. Essa tendência de alta deve persistir nos primeiros meses de 2025, impactando diretamente o bolso dos consumidores.

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