Boi gordo vai a R$ 307/@, mas até quando vai continuar o viés de alta?

As exportações fazem toda diferença no decorrer da atual temporada, com um ritmo acelerado de embarques e o ambiente de negócios ainda sugere por novos reajustes de preço do boi gordo no curto prazo

O mercado físico do boi gordo tem experimentado uma sequência de altas que chama a atenção dos pecuaristas e analistas das principais consultorias que acompanham as praças pecuárias pelo país. Esse movimento de alta vem sendo observado ao longo das últimas semanas, refletindo o cenário de oferta restrita e demanda aquecida, principalmente no mercado de exportação.

A oferta de animais terminados está restrita, em um ambiente pautado por demanda superaquecida. “As exportações fazem toda diferença no decorrer da atual temporada, com um ritmo acelerado de embarques”, apontou o analista Fernando Henrique Iglesias, da Safras & Mercado. Ele ainda completa que: “o ambiente de negócios ainda sugere por novos reajustes de preço no curto prazo”.

Preços da arroba do boi gordo pelas regiões do Brasil

  • São Paulo: R$ 307,00/@
  • Goiás: R$ 292,00/@
  • Minas Gerais: R$ 300,00/@
  • Mato Grosso do Sul: R$ 303,00/@
  • Mato Grosso: R$ 275,00/@

De acordo com dados do CEPEA/B3, no dia 15 de outubro de 2024, o valor da arroba do boi gordo atingiu R$ 299,25, com uma variação diária de 0,23% e uma valorização expressiva de 9,08% no mês.

Pelos dados levantados pela Scot Consultoria, o valor do animal terminado “comum” ainda não bateu os R$ 300/@ no mercado paulista, mas está bem próximo disso: é negociado por R$ 297/@, no prazo. Porém, diz a Scot, o “boi-China” (abatido mais jovem, com até 30 meses de idade) ultrapassou os R$ 300/@, fechando o segundo em R$ 302/@ em São Paulo – um pequeno ágio de R$ 2/@ sobre o bovino destinado ao mercado doméstico.

boi gordo cepea

Contexto Atual de Oferta e Demanda

A oferta de animais prontos para abate está limitada, e essa restrição está diretamente relacionada ao aumento das cotações. As escalas de abate permanecem curtas, com frigoríficos precisando repor estoques rapidamente. Além disso, as exportações brasileiras de carne bovina seguem em ritmo acelerado, contribuindo para essa pressão sobre os preços.

No início de outubro, as exportações de carne bovina in natura somaram 61,79 mil toneladas, com uma média diária de 11,30 mil toneladas, um aumento de 55% em relação à semana anterior, conforme a Agrifatto. A previsão para o total de exportações do mês é de 235 mil toneladas, representando um crescimento de 26,24% em relação ao mesmo período de 2023.

Influência do Mercado Atacadista

O mercado atacadista também vem registrando movimentos de alta, com reajustes nos preços das carnes. Segundo o analista da Safras & Mercado, o varejo tem sentido o impacto desse movimento, e há uma expectativa de que o aumento nos preços da carne bovina leve o consumidor a buscar alternativas mais baratas, como a carne de frango, que causa menor impacto na renda média da população.

No atacado, os preços do quarto traseiro estão sendo cotados a R$ 23,00 por quilo, enquanto o quarto dianteiro e a ponta de agulha apresentam preços de R$ 18,00 e R$ 17,25 por quilo, respectivamente.

Expectativas para o Futuro

Apesar do otimismo em torno das exportações e da restrição de oferta, há uma certa cautela em relação à continuidade desse viés de alta. No mercado futuro do boi gordo, os contratos para outubro/24 fecharam a R$ 310,95, um aumento de 1,98%. No entanto, os analistas apontam para uma possível desaceleração no ritmo de alta, com os preços para os contratos dos meses subsequentes (novembro/24, dezembro/24 e janeiro/25) sendo cotados abaixo desse valor.

A indústria frigorífica também tem mostrado sinais de moderação nas compras. A Agrifatto informa que tanto as redes varejistas quanto os grandes frigoríficos reduziram seus pedidos de carne desossada, o que pode impactar o volume de negociações nas próximas semanas. Além disso, o aumento das cotações no mercado doméstico pode limitar a demanda, especialmente se houver reajustes mais expressivos no preço final ao consumidor.

A Interferência do Câmbio

Outro fator que contribui para a alta do boi gordo é o comportamento do câmbio. O dólar comercial encerrou a sessão do dia 15/10 em alta de 1,41%, sendo negociado a R$ 5,6607 para venda. A valorização da moeda norte-americana tende a beneficiar as exportações de carne bovina, já que torna os produtos brasileiros mais competitivos no mercado internacional, reforçando a demanda externa e, consequentemente, elevando os preços no mercado interno.

Até quando o viés de alta permanece no mercado do boi gordo?

A pergunta que se impõe é até quando o mercado do boi gordo conseguirá sustentar esse viés de alta. Com a oferta de animais terminados ainda restrita e a demanda por exportação em ritmo acelerado, a tendência de curto prazo aponta para novos reajustes.

Entretanto, a moderação nas compras do atacado e o impacto do câmbio no poder de compra interno podem sinalizar um freio nessa valorização, especialmente se os consumidores migrarem para outras fontes de proteína. O mercado, portanto, segue atento aos próximos movimentos, principalmente à evolução das exportações e à resposta do mercado varejista às recentes altas.

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