
Retenção de fêmeas e máximas para o boi gordo; Como em 2019, este ano tem sido um ano de superação das cotações para o boi gordo. Confira agora!
Se não houver mudança de plano econômico, como era frequente há algumas décadas, a arroba do boi gordo vai a R$300,00, o leite vai a R$5,00/l, a soja a R$200,00/saca e o milho a R$100,00/saca. Obviamente, a dúvida é saber “quando” isso acontecerá.
A inflação, a desvalorização do dinheiro, gera este efeito de rompimento da máxima anterior, em valores nominais. Abordamos este tema em 2018, analisando de quanto em quanto tempo as máximas históricas foram rompidas.
A figura 1 apresenta estes movimentos. Ela contempla os preços do boi gordo, em valores nominais, as máximas até o momento e o quanto a cotação está abaixo da máxima já registrada.
Figura 1. Preços nominais do boi gordo (R$/@), máximas anteriores e desvalorização frente à máxima observada.
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Perceba que nos últimos meses, a linha da máxima e a dos preços se sobrepuseram, já que julho e agosto foram de máximas, considerando médias mensais.
A retenção de fêmeas, estimulada pelas cotações da reposição em alta, colabora com esse movimento de preços, mesmo com o consumo doméstico afetado pela crise. A associação de oferta curta às exportações fortes resultou na valorização observada.
A figura 2 mostra a distância entre a cotação no período e a máxima histórica, além da variação dos abates de fêmeas no mês, frente ao mesmo mês do ano anterior. No intervalo, quando as barras estiveram negativas (queda nos abates de fêmeas), a linha trabalhou mais perto de zero ou neste patamar, o que indica que, naquele mês, foi observada uma máxima.
Figura 2. Desvalorização frente à máxima observada e variação dos abates de fêmeas, em relação ao mesmo mês do ano anterior.
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No entanto, os preços futuros, apesar das altas recentes, não têm sido excepcionalmente bons, quando consideramos o cenário de custos, o que modula este aumento esperado da oferta de gado de confinamento.
Outro ponto a ser analisado é que o período de redução dos abates ainda é bem mais curto que nos momentos semelhantes anteriores, mesmo com a ressalva de que usamos dados oficiais até março.
O período de retenção ainda deve durar um tempo.
Juros e investimento na pecuária
A taxa básica de juros nas mínimas históricas tende a levar dinheiro para a produção, uma vez que os investimentos de baixo risco, renda fixa e afins, estão pagando pouco.
Com isto, a tendência é de investimento na atividade pecuária, incluindo a retenção de fêmeas, que já tem sido observada. O investimento em rebanho e retenção, no entanto, têm um limitante, que é a própria área da fazenda.
Para uma ampliação expressiva, há duas saídas. Ampliação da área via arrendamento ou aquisição, ou investimento em insumos e intensificação.
O arrendamento de pastagens depende de disponibilidade e já foi mais comum. Já a aquisição demanda entrada de capital externo à atividade ou que esta compra seja de uma fração da área existente, pela capacidade de pagamento, em média, da pecuária. Em outras palavras, a ampliação horizontal dos sistemas deve ocorrer, mas em situações específicas.
Seja qual for o nível tecnológico do sistema, a via mais próxima para a intensificação é um maior uso de insumos, o que deve ser observado nos próximos anos.
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De volta ao mercado
Com as exportações e a China segurando, com louvor, as pontas da demanda, devemos ter bons volumes embarcados nos próximos meses. A própria sazonalidade é de exportações maiores no segundo semestre.
O final de ano colabora com o consumo doméstico, além da gradativa volta da movimentação de pessoas e negócios, mesmo com o cenário atual da economia.
Quanto à oferta de confinamento, a tendência é de aumento ao longo dos próximos meses, mas o boi magro e milho em alta ao longo de 2020 devem limitar o volume total de gado.
Em resumo, o cenário é positivo para os preços e parece haver espaço para valorizações, uma vez que ainda nem entramos no último trimestre.
Vale lembrar que as cotações não sobem indefinidamente (a linha amarela da figura 2 não fica na máxima sempre) e ir aproveitando um cenário de alta é mais lucrativo que tentar acertar o preço máximo do ano.
Fonte: Scot Consultoria