Boi gordo segue firme a R$ 350/@ com caminho livre para novas altas, mas até quando?

As exportações aquecidas e as escalas de abate encurtadas, entre quatro e seis dias úteis, têm sustentado a valorização da arroba do boi gordo, que segue firme a R$ 350/@. Mas até quando?

O mercado do boi gordo mantém o ritmo de valorização, sustentado por uma série de fatores que têm garantido preços elevados. Contudo, analistas destacam sinais de moderação em algumas praças pecuárias, que indicam a possibilidade de estabilidade nos valores a médio prazo. Confira a seguir os destaques do cenário atual e as perspectivas para o mercado.

As exportações ainda são expressivas na atual temporada, o que também tem justificado as valorizações da arroba. Os frigoríficos na maior parte do país ainda convivem com escalas de abate encurtadas, posicionadas entre quatro e seis dias úteis a depender da praça. Boi gordo segue firme a R$ 350/@ com caminho livre para novas altas, mas até quando?

Segundo a consultoria Safras & Mercado, o mercado físico do boi gordo continua registrando altas consistentes. A arroba alcançou R$ 345 no Estado de São Paulo, enquanto o “boi-China” foi negociado a R$ 347. Esses preços refletem uma valorização de 8,11% no mês, de acordo com o Indicador CEPEA/B3.

Apesar da firmeza nas cotações, Fernando Henrique Iglesias, analista da Safras & Mercado, aponta que a alta dos preços tem se tornado menos expressiva, especialmente na Região Norte, onde os frigoríficos apresentam escalas de abate mais alongadas. Já em São Paulo, as escalas permanecem curtas, entre quatro e seis dias úteis, contribuindo para o cenário de alta.

Preços médios do boi gordo pelas principais praças pecuárias:

  • São Paulo: R$ 350,00/@
  • Goiás: R$ 344,00/@
  • Minas Gerais: R$ 335,00/@
  • Mato Grosso do Sul: R$ 330,00/@
  • Mato Grosso: R$ 330,00/@

Mercado atacadista e a influência do consumo interno

No mercado atacadista, os preços seguem firmes, impulsionados pela entrada do décimo terceiro salário, que mantém o consumo aquecido. O quarto traseiro é comercializado a R$ 26/kg, enquanto o quarto dianteiro e a ponta de agulha são negociados a R$ 19,50/kg e R$ 19/kg, respectivamente.

No entanto, Iglesias alerta que o poder de compra da população pode limitar a continuidade desse movimento, já que a carne bovina tende a perder espaço para proteínas mais acessíveis.

Exportações em alta: motor da valorização

As exportações brasileiras de carne bovina in natura continuam aquecidas, desempenhando um papel crucial na sustentação dos preços. Nos primeiros 10 dias úteis de novembro, o Brasil exportou 137,34 mil toneladas, 46,1% acima do mesmo período em 2023.

Em outubro, o país atingiu um recorde histórico, embarcando 270,33 mil toneladas da proteína, conforme dados da Secex. Esse desempenho contribui para o fortalecimento da arroba no mercado interno.

Câmbio e cenário internacional

Outro fator relevante é o dólar em alta, que fechou a última sessão cotado a R$ 5,76. A valorização da moeda norte-americana torna a carne brasileira mais competitiva no mercado internacional, favorecendo as exportações e mantendo as indústrias frigoríficas ativas.

Mercado futuro e perspectivas de fim de ano

No mercado futuro, os contratos de boi gordo na B3 registraram alta em todos os vencimentos. O contrato para dezembro de 2024 foi cotado a R$ 344, com avanço de 1,42%.

A expectativa é de aumento no consumo doméstico a partir de dezembro, com o pagamento de salários, décimo terceiro e as comemorações de fim de ano. O ambiente de maior liquidez favorece o consumo de carne bovina, ampliando a demanda interna.

Momento favorável para pecuaristas

Além das exportações e do consumo interno, os pecuaristas encontram um cenário positivo na relação de troca boi gordo/milho. Com preços do milho relativamente baixos, a lucratividade do confinamento segue em alta. Segundo Raphael Galo, relações de troca acima de 4 são extremamente favoráveis, reduzindo o impacto dos custos de produção.

Até quando o cenário positivo persiste?

Embora o momento seja de alta, o mercado pode encontrar um ponto de equilíbrio nas próximas semanas, especialmente se o consumo interno desacelerar ou se houver aumento na oferta de animais para abate. O poder de compra da população será um fator determinante para o comportamento do mercado a partir de janeiro de 2025.

Aos pecuaristas, o momento ainda é oportuno para vendas estratégicas, aproveitando os preços elevados da arroba e a relação de troca favorável com os insumos.

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