As cotações do boi gordo mostram alta moderada. A dificuldade de composição das escalas de abate, aliada à demanda internacional aquecida, mantém os valores da arroba sustentados. No entanto, desafios no mercado interno acendem um alerta.
O mercado do boi gordo vive um momento complexo: enquanto os preços apresentam viés de alta, o cenário doméstico levanta preocupações entre pecuaristas. A dificuldade de composição das escalas de abate, aliada à demanda internacional aquecida, mantém os valores da arroba sustentados. No entanto, desafios no mercado interno acendem um alerta.
Segundo o consultor de Safras & Mercado, Fernando Henrique Iglesias, o ambiente de negócios ainda sugere pela continuidade deste movimento no curto prazo. “Isso porque as indústrias ainda encontram dificuldade na composição de suas escalas de abate, que hoje atendem entre cinco e seis dias úteis na média nacional”.
Cotações do boi gordo mostram alta moderada
De acordo com dados de mercado desta quinta-feira (16/1), os preços da arroba do boi gordo registraram elevações pontuais em diversas regiões:
- São Paulo: R$ 333,08 (alta de R$ 0,33 em relação ao dia anterior);
- Minas Gerais: R$ 319,71 (estável);
- Goiás: R$ 323,04 (alta de R$ 1,61);
- Mato Grosso do Sul: R$ 325,57 (alta de R$ 0,68);
- Mato Grosso: R$ 317,70 (alta de R$ 1,48).
O diferencial de preço entre o “boi-China” e o animal comum é notável. Em São Paulo, o boi destinado à exportação, abatido mais jovem e com até 30 meses de idade, atingiu R$ 330/@, superando em R$ 5/@ o gado comum.
Exportações em ritmo acelerado garantem fôlego ao mercado
As exportações brasileiras de carne bovina seguem em altíssimo nível, com potencial de novo recorde histórico em 2025. Nos primeiros 13 dias do ano, o Brasil já exportou 85,74% da cota de 65 mil toneladas para os Estados Unidos, destinada à carne in natura sem tarifas. Segundo a Agrifatto, este é o preenchimento mais rápido da história, impulsionado pela redução da oferta de carne bovina nos EUA e por um consumo interno em alta.
Em 2024, o Brasil exportou carne bovina in natura para 135 países, com destaque para a China (1,32 milhão de toneladas) e os EUA (189,24 mil toneladas).
Mercado interno enfrenta desafios de liquidez
Apesar do otimismo nas exportações, o mercado interno apresenta sinais de fraqueza. O consumo doméstico de carne bovina recua, especialmente no início do ano, quando despesas como IPVA, material escolar e dívidas de fim de ano restringem o poder aquisitivo da população.
No mercado atacadista, os preços caíram nesta quinta-feira. O quarto traseiro foi cotado a R$ 26,50, com uma redução de R$ 0,25/kg. Cortes mais baratos, como o dianteiro, continuam estáveis em R$ 18,50/kg, refletindo o perfil de consumo mais econômico da população, que prioriza proteínas como frango, ovos e carne suína.
Além disso, devoluções parciais de carne devido a problemas de qualidade, como buracos nas peças e refrigeração inadequada, têm agravado o acúmulo de mercadorias nos pontos de distribuição.
Sinal de alerta para pecuaristas no mercado do boi gordo
A expectativa inicial de aumento na oferta de animais terminados em janeiro foi frustrada. A restrição de lotes disponíveis no mercado reduziu o ritmo de abates e sustentou os preços. Entretanto, o cenário não é totalmente positivo. A baixa liquidez do mercado interno e o excesso de carne em estoque geram apreensão entre os pecuaristas.
Fernando Henrique Iglesias, consultor da Safras & Mercado, destaca que a composição das escalas de abate continua desafiadora, com as indústrias operando com uma média de cinco a seis dias úteis.
Perspectivas para o setor
A combinação de um mercado interno enfraquecido e exportações robustas reforça a dicotomia do mercado do boi gordo. O momento é favorável para os exportadores, mas o pecuarista que depende do consumo doméstico deve adotar estratégias de contenção de custos e planejamento.
Diante desse cenário, os próximos passos do setor dependerão da recuperação da economia interna e da manutenção do ritmo de exportações. Para os pecuaristas, o sinal vermelho está ligado, mas a alta nas exportações pode oferecer um alívio temporário.
E agora?
O mercado do boi gordo segue dependente de fatores externos para sustentar os preços. Com a China e os EUA como protagonistas na demanda, o Brasil reafirma seu papel de liderança no fornecimento global de carne bovina. No entanto, para o pecuarista, a resposta à pergunta “e agora?” passa por acompanhar de perto os movimentos do mercado interno e ajustar suas estratégias para navegar pelos desafios de 2025.
Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias.
UE e México firmam novo acordo comercial às vésperas da posse de Trump
O acordo visa aumentar as exportações europeias em áreas-chave como os serviços financeiros e o comércio eletrônico.
Continue Reading UE e México firmam novo acordo comercial às vésperas da posse de Trump
População empregada no agronegócio cresce 2% no 3º tri de 2024
O número de ocupados no agronegócio no período foi impulsionado pelo aumento no contingente de pessoas nas agroindústrias, e nos agrosserviços.
Continue Reading População empregada no agronegócio cresce 2% no 3º tri de 2024
Mapa firma convênio de R$ 21 milhões para defesa agropecuária no RS
Acordo de R$ 21 milhões fortalece a defesa agropecuária no RS com investimentos em sanidade e infraestrutura.
Continue Reading Mapa firma convênio de R$ 21 milhões para defesa agropecuária no RS
Calor no Sul e chuva no Centro-Oeste e Norte: confira a previsão do tempo
A aproximação da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) nos próximos dias será a principal responsável pelos maiores volumes de chuva Com a presença de áreas de instabilidade e um fluxo de umidade proveniente da Amazônia, o fim de semana promete ser marcado por chuvas nas regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil. Influências climáticas no Norte…
Continue Reading Calor no Sul e chuva no Centro-Oeste e Norte: confira a previsão do tempo
Fatores que devem fazer esta safra a maior da história
As projeções apontam para uma produção total de 172,4 milhões de toneladas, um salto expressivo em comparação com as 155,5 milhões de toneladas da safra 2023/24
Continue Reading Fatores que devem fazer esta safra a maior da história
Fazenda mais cara à venda é avaliada em R$ 15 bilhões; veja a lista
Localizada no coração do agronegócio, a fazenda mais cara à venda é avaliada em R$ 15 bilhões; Confira a lista e os destaques do mercado de terras no Brasil, um dos mais dinâmicos e que segue batendo recordes.
Continue Reading Fazenda mais cara à venda é avaliada em R$ 15 bilhões; veja a lista