Boi Gordo segue com mercado superaquecido e já tem indústria pagando R$ 310/@

Alguns frigoríficos brasileiros já estão pagando entre R$ 305 e R$ 310 por arroba de boi gordo, seguindo a rotina de valorizações impulsionada pela baixa oferta de animais terminados, redução nas escalas de abate e o aquecimento das exportações de carne bovina.

O mercado do boi gordo no Brasil tem apresentado uma movimentação significativa, com preços em alta e uma forte demanda impulsionada tanto pelo mercado interno quanto pelas exportações. A situação atual reflete um ambiente de negócios superaquecido, com escalas de abate reduzidas e uma oferta limitada de animais prontos para o abate, fatores que impulsionam ainda mais o cenário altista. Veja a seguir os detalhes sobre as cotações e os fatores que estão impactando o mercado.

Na última quarta-feira (16), o mercado físico do boi gordo voltou a registrar preços mais altos, de acordo com dados da consultoria Safras & Mercado. O analista Fernando Henrique Iglesias destacou que as exportações de carne bovina têm sido agressivas, apontando para um possível recorde histórico na atual temporada, o que contribui para o aquecimento do mercado. Esse aumento na demanda internacional ocorre ao mesmo tempo em que as escalas de abate estão na sua pior posição da temporada, o que reforça a pressão sobre os preços.

A oferta limitada de animais terminados tem forçado os frigoríficos a reduzir suas escalas de abate, que agora atendem a uma média de apenas cinco dias, conforme relatado pela Agrifatto. Esse cenário de escassez também está afetando a dinâmica do mercado interno, com os preços da arroba sendo impulsionados para cima.

Cotações do Boi Gordo nas Praças Produtoras

O levantamento da Agrifatto aponta que 13 das 17 regiões monitoradas registraram valorização do boi gordo na terça-feira (15), incluindo São Paulo, Mato Grosso do Sul, Paraná e outras praças importantes. Em algumas localidades, como em São Paulo, os preços do boi gordo chegaram a R$ 310 por arroba em negócios isolados.

As cotações médias ficaram da seguinte forma:

  • São Paulo: R$ 302,50/@ para o boi-China (destinado à exportação) e R$ 300/@ para o boi comum.
  • Outras regiões: a média nacional para o boi gordo foi de R$ 280/@, com destaque para os Estados de Goiás, Minas Gerais e Paraná, que também viram seus preços subirem.

Essa valorização não foi uniforme em todas as regiões, sendo que algumas praças, como Rio Grande do Sul, Tocantins e Maranhão, mantiveram suas cotações estáveis.

Variações dos preços do boi gordo pelas principais praças pecuárias pelo país:

  • São Paulo: R$ 307,00/@
  • Goiás: R$ 300,00/@
  • Minas Gerais: R$ 303,00/@
  • Mato Grosso do Sul: R$ 305,00/@
  • Mato Grosso: R$ 27,00/@

Movimentações no Mercado Atacadista

O mercado atacadista de carne bovina também registrou aumentos expressivos. O quarto dianteiro foi cotado a R$ 18,20 por quilo, e o quarto traseiro subiu para R$ 23,20 por quilo, ambos com elevação de R$ 0,20 no preço. Já a ponta de agulha manteve-se estável em R$ 17,25 por quilo.

Fernando Iglesias ressaltou que as proteínas concorrentes, como a carne de frango, também estão passando por uma valorização, seguindo o movimento delimitado pelo aumento nos preços da carne bovina.

Impacto do Câmbio

O câmbio também tem desempenhado um papel importante no cenário de valorização. O dólar comercial encerrou a sessão com uma leve alta de 0,05%, sendo negociado a R$ 5,6639 para venda. A variação cambial tem favorecido as exportações, aumentando a competitividade da carne brasileira no mercado internacional, ao mesmo tempo que pressiona os preços no mercado doméstico.

Análise das Consultorias: Scot e Agrifatto

A consultoria Scot também identificou aumentos nas cotações do boi gordo na quarta-feira (16). De acordo com seus dados, a arroba do boi-China foi reajustada para R$ 305, enquanto o boi comum subiu para R$ 300/@ em São Paulo. A novilha gorda, por sua vez, teve um aumento de R$ 5 por arroba, sendo cotada a R$ 292/@.

A Scot reforçou que o mercado está “comprador”, com a demanda firme e a oferta de animais bastante reduzida. Essa combinação de fatores continua a dar suporte aos preços altos, e há relatos de negócios com valores acima de R$ 305/@ para animais com bom acabamento de carcaça.

Mercado Futuro do Boi Gordo: Queda nos Contratos

No mercado futuro, no entanto, houve um movimento de retração. O contrato com vencimento para dezembro/24 registrou uma queda de 0,79%, sendo cotado a R$ 302,30/@. Esse recuo pode refletir uma antecipação de que os preços elevados atuais não serão sustentáveis a longo prazo, especialmente diante da tradicional redução no consumo de carne bovina no varejo durante a segunda quinzena do mês.

Perspectivas para o Curto Prazo no Mercado do Boi Gordo

Apesar da queda observada no mercado futuro, o cenário para o curto prazo no mercado físico ainda indica continuidade na alta dos preços. A demanda externa forte, associada à oferta limitada de animais, deve manter o mercado aquecido nas próximas semanas. Os frigoríficos continuarão enfrentando desafios para compor suas escalas de abate, o que tende a manter a pressão altista sobre os preços da arroba do boi gordo.

Em suma, o mercado do boi gordo está em um momento crítico, com a combinação de forte demanda, baixa oferta e alta competitividade das exportações, o que se reflete nas cotações recordes observadas recentemente.

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