Boi gordo recua R$ 5/@ na parcial de fevereiro; veja o que esperar

Os frigoríficos trabalham com escalas de abate confortáveis, possibilitando testar preços abaixo da referência média no mercado do boi gordo; Porém, as exportações aquecidas podem minar a pressão baixista.

A pressão baixista sobre os preços do boi gordo se intensificou nos últimos dias, refletindo o aumento da oferta de animais e a demanda mais fraca no mercado doméstico. Segundo dados das consultorias especializadas, a cotação da arroba caiu R$ 5,00 em São Paulo na primeira quinzena de fevereiro, fechando a R$ 320,00/@.

A Scot Consultoria aponta que a maior oferta de fêmeas e o escoamento mais lento da carne bovina estão pressionando os preços para baixo. Os frigoríficos trabalham com escalas de abate confortáveis, atendendo a uma média de sete dias em São Paulo. Essa situação tem permitido às indústrias oferecer valores menores pela arroba do boi.

Apesar da queda generalizada, a cotação do boi-China, que possui requisitos específicos para exportação, ainda mantém um ágio de R$ 5/@ sobre o animal comum, sendo negociado a R$ 325/@ no estado paulista. Já a arroba da vaca gorda e da novilha gorda se mantiveram estáveis, em R$ 290/@ e R$ 310/@, respectivamente.

Impacto do clima e aumento da oferta de fêmeas

De acordo com Pedro Gonçalves, analista da Scot, a maior disponibilidade de fêmeas para abate está relacionada ao impacto da seca no ano passado, que atrasou a estação de monta. O reflexo dessa mudança tem sido uma elevação na participação de fêmeas nos abates totais: em janeiro de 2025, o número superou o registrado no mesmo mês de 2024, e a tendência continua em fevereiro.

Até o dia 13/2, a participação de fêmeas nos abates alcançou 43,6%, acima dos 43,4% observados no mesmo período do ano passado.

Mercado futuro mantém tendência de queda

No mercado futuro da B3, a pressão baixista também se faz presente. O contrato com vencimento em maio/25 fechou em R$ 301,05/@, enquanto o de junho/25 ficou em R$ 303,14/@, ambos com queda de 1,46% na comparação diária.

Segundo Fernando Iglesias, analista da Safras & Mercado, a maior oferta de fêmeas tem sido o principal fator que justifica a pressão de baixa. “Os frigoríficos conseguiram compor escalas de abate mais longas, o que pode resultar em testes de preços ainda menores no curto prazo”, explica.

Variação de preços do boi gordo nas principais praças, segundo Safras

Os valores da arroba na modalidade a prazo nas principais regiões do Brasil no dia 14 de fevereiro ficaram assim:

  • São Paulo (capital): R$ 315,00 (-4,45%)
  • Goiás (Goiânia): R$ 300,00 (-1,64%)
  • Minas Gerais (Uberaba): R$ 305,00 (-3,17%)
  • Mato Grosso do Sul (Dourados): R$ 310,00 (-1,59%)
  • Mato Grosso (Cuiabá): R$ 320,00 (-1,54%)
  • Rondônia (Vilhena): R$ 280,00 (-0,71%)

Mercado atacadista e consumo interno enfraquecido

O ambiente de negócios no mercado atacadista também reflete o enfraquecimento da demanda. Cortes nobres, como picanha, alcatra e contrafilé, já apresentam desvalorização, enquanto proteínas mais acessíveis ganham espaço no consumo.

  • Quarto dianteiro: R$ 17,00/kg (-4,49%)
  • Quarto traseiro: R$ 25,00/kg (+2,04%)

Segundo analistas da Agrifatto, a queda no consumo doméstico já era esperada para a segunda quinzena de fevereiro, período em que tradicionalmente há menor poder de compra da população devido ao esgotamento dos salários do início do mês.

Câmbio e impacto nas exportações

O dólar comercial encerrou o dia 14/2 cotado a R$ 5,69, com queda de 1,21%. A variação cambial pode impactar a competitividade da carne bovina brasileira no mercado externo, mas até o momento, as exportações seguem em níveis positivos, ajudando a equilibrar parte da pressão negativa no mercado interno.

O que esperar para o boi gordo nas próximas semanas?

A tendência de curto prazo ainda aponta para pressão sobre os preços do boi gordo, principalmente devido à oferta elevada de fêmeas. No entanto, o mercado pode encontrar suporte na recuperação do ritmo de exportações e na expectativa de um possível ajuste na oferta de animais prontos para o abate.

Os pecuaristas devem acompanhar movimentos de compra dos frigoríficos e oscilações do câmbio, que podem influenciar novos direcionamentos para a arroba do boi gordo ao longo das próximas semanas.

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